Nos seres humanos, o pH plasmático deve ser mantido em torno de 7,4 em uma faixa muito estreita de variação- decréscimos a valores próximos de 7,0 tem sérias consequências de acordo com MARZZOCO e TORRES, 2007, p 3. A manutenção do pH ideal é conseguida pelos seres vivos graças a existência dos SISTEMAS-TAMPÃO. A acidose e alcalose podem ser "respiratórias", resultando de mudanças na concentração de H2CO3, ou "metabólicas", resultando de mudanças na concentração de HCO3. O pH dos fluidos corporais deve permanecer dentro de limites próximos. Morte pode resultar de aumentos ou diminuições relativamente pequenos de pH. A razão para nossa sensibilidade ao pH depende das enzimas que catalisam as reações químicas do corpo. Sua atividade cai rapidamente quando o pH muda. Uma vez que as enzimas desempenham papel tão crucial, sua inativação pode ser fatal. Os tampões do plasma sangüíneo são as primeiras defesas do corpo contra mudanças do pH interno. Seu papel é manter o pH sangüíneo dentro dos limites 7,35 a 7,45. Se o pH do sangue de uma pessoa cai abaixo de 7,35, diz-se que ela está com acidose, ou baixo pH sangüíneo. Se o pH sobe além de 7,45, diz-se que ela está com alcalose, ou alto pH sangüíneo ( Manual de Bioquímica com correlações clínicas, 6ª ed, 2007, p 1108 . Como mencionado, a acidose e a alcalose podem resultar de mudanças na concentração de HCO3. Para diagnosticar a condição ácidobase de um paciente, uma amostra de sangue arterial é retirada. Medidas de pH, pCO2 e CO2(H2CO3) total são então realizadas.
1.0- Alcalose metabólica
A alcalose metabólica é uma situação em que o sangue é alcalino devido a uma concentração demasiada de bicarbonato, que pode ser resultado tanto pelo aumento dessa substância, quanto pela perda das substâncias ácidas.
1.1- Causa
A alcalose metabólica verifica-se quando o corpo perde demasiado ácido. Por exemplo, uma quantidade considerável de ácido do estômago perde-se durante os períodos de vômitos repetidos ou quando se aspira o ácido do estômago com uma sonda nasogástrica (como se faz por vezes nos hospitais, particularmente depois de uma cirurgia abdominal). Em casos raros, a alcalose metabólica desenvolve-se quando se ingeriram demasiadas substâncias alcalinas, como o bicarbonato de sódio. Além disso, a alcalose metabólica pode desenvolver-se quando a excessiva perda de sódio ou de potássio afeta a capacidade renal para controlar o equilíbrio ácido-básico do sangue.
Alcalose metabólica, ou alta concentração de HCO3, pode resultar de vômito ou "overdose" de antiácidos.
1.2- Sintomas
A alcalose metabólica pode causar irritabilidade, clonismo e contrações musculares ou então não causar qualquer sintoma. Se a alcalose metabólica for grave, podem-se verificar contrações prolongadas e espasmos dos músculos (tetania).
A alcalose pode causar respiração fraca e irregular, câimbras musculares e convulsões. Uma amostra de sangue proveniente de uma artéria revela em geral que o sangue é alcalino e uma amostra de sangue proveniente de uma veia contém elevados valores de bicarbonato.
1.3- Tratamento
Geralmente o tratamento da alcalose metabólica consiste na reposição de água e de electrólitos (sódio e potássio) enquanto se trata a causa base. Por vezes, quando a alcalose metabólica é muito grave, fornece-se ácido diluído sob forma de cloreto de amônia por via endovenosa.
É possível reduzir o risco de desenvolver um quadro de alcalose mantendo bons hábitos de saúde, como comer de forma saudável: quanto mais nutrientes tiver em seu prato, menos a chance de ocorrer um desequilíbrio entre os ácidos e bases do seu corpo. Por isso mesmo, prefira ter em sua dieta muitas frutas e vegetais, que são ricos em vitaminas e minerais. Alimentos ricos em potássio, como bananas, cenouras, feijões e espinafre são boas pedidas para auxiliar no equilíbrio do pH do sangue.
2.0- Alcalose Respiratória
Neste caso, muito CO2 é perdido pelos pulmões. A pCO2 cai e a concentração de H2CO3 é reduzida abaixo do valor normal.
2.1- Causa
A alcalose respiratória resulta do outro extremo- hiperventilação, ou respiração aumentada, em geral decorrente de alguma dor ou de ansiedade. Além disso, a alcalose muitas vezes pode ser causada por algum problema nos rins, que elimina a mais ou a menos as substâncias ácidas e básicas.
2.2- Sintomas
Um ataque de ansiedade ou histeria pode às vezes fazer com que uma pessoa respire muito rapidamente. Nestas condições, o pH sangüíneo pode subir a 7,6 ou 7,7 dentro de minutos.
2.3- Tratamento
O sistema nervoso responde à alcalose baixando a velocidade de respiração para aumentar a pCO2 e a concentração de H2CO3.
Acidose metabólica, ou baixa concentração de HCO3. Ocorre quando faltam íons de bicarbonato (HCO3) no sangue superando o sistema tampão do pH do corpo até provocar um desequilíbrio ácido-base.
3.1- Causa
Pode resultar de desidratação severa ou de DIABETES mellitus não tratada ou ser causada por excesso de um ácido metabólico (como o ácido láctico), como resposta compensatória a uma alcalose. Ou ainda por um aumento da produção de ácidos metabólicos, por incapacidade do organismo de excretar o ácido através dos rins ou por envenenamento. Está associada com a acumulação de ureia, creatinina e resíduos de ácidos metabólicos do catabolismo de proteína. Quando há redução drástica de ingestão de carboidratos (jejum ou dietas) ou distúrbios do metabolismo, de acordo com MARZZOCO e TORRES, 2007, p 199, e a produção de corpos cetônicos ultrapassa o aproveitamento pelos tecidos extra-hepáticos, estabelece-se uma condição denominada Cetose, caracterizada por uma concentração elevada de corpos cetônicos no plasma (cetonemia) e na urina (cetonúria). A cetonemia resulta em acidose, isto é, diminuição do pH sanguíneo. Na página 200 os autores mencionam que a concentração plasmática de lactato pode aumentar até 5 vezes, levando, portanto a uma acidose. O impedimento da gliconeogênese pode ter consequências graves, já que a tomada de álcool, muitas vezas, não é acompanhada da ingestão de nutrientes, e, diminuída a reserva de glicogênio, pode ocorrer hipoglicemia e, finalmente, coma. A alta produção de acetil-CoA, associada a baixa disponibilidade de glicose, ocasiona a Cetose, que vem agravar, ainda mais, a acidose. Algum processo metabólico fora de controle, conforme o Manual de Bioquìmica, 2007, p 864, como a formação de ácido láctico por glicólise anaeróbica ou produção de ácido ß-hidroxibutírico por cetogênese, é responsável pela condição na qual muito mais ácido que o normal é produzido no corpo. O fígado adapta-se a acidose metabólica sintetizando mais ureia, deixando mais glutamina disponível para o rim, o oposto ocorre na alcalose.
A respiração torna-se mais profunda e rápida afim de fazer o organismo livrar o sangue do excesso de ácido reduzindo a quantidade de dióxido de carbono. Os rins tentam excretar mais ácido através da urina. E, quando estes dois mecanismos não conseguem estabelecer o equilíbrio e o corpo continua a produzir ácido em demasia, instala-se um quadro de acidose grave e, a acidose causa desorientação, coma e finalmente morte.
3.3- Tratamento
Alguns trabalhos têm mostrado que a suplementação com bicarbonato de sódio para estes pacientes acidóticos melhora a acidose e consequentemente, reduz o catabolismo proteico, atenuando assim a desnutrição nestes pacientes. Sendo portanto uma conduta promissora para o tratamento da acidose metabólica nos pacientes com IRC.
4.0- Acidose Respiratória
Ocorre quando os pulmões não podem retirar suficiente dióxido de carbono (CO2) que o corpo produz fazendo com que os fluídos corporais, especialmente do sangue, se tornem muito ácidos. Seu nível de H2CO3 sobe porque CO2 suficiente não é exalado.
4.1- Causa
A acidose respiratória ocorre às vezes com pessoas com pneumonia, enfisema, poliomielite, ou em pacientes anestesiados, porque estas condições podem interferir na respiração. Pode ser causado, também, por doenças respiratórias como asma, bronquite, por medicamentos que diminuem a respiração como benzodiazepínicos (remédio para ansiedade e insônia), especialmente quando combinados com álcool, consumo prolongado de nicotina ou por obesidade mórbida.
O sistema nervoso responde à acidose tentando aumentar a velocidade e a intensidade da respiração a fim de diminuir a pCO2.
4.2- Tratamento
O tratamento da acidose respiratória tenta melhorar o funcionamento dos pulmões. Os medicamentos que melhoram a respiração podem ajudar a aliviar os pacientes com doenças pulmonares como a asma e o enfisema. As pessoas que por qualquer razão têm um funcionamento pulmonar gravemente alterado podem precisar de respiração artificial por meio de ventilação mecânica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- DEVLIN, Thomas M. Manual de Bioquímica com Correlações Clínicas. 6.ed. Trad. Yara M. Michelacci. São Paulo: Edgard Blucher, 2007.
- MARZOOCO, Anita; TORRES, Bayardo Baptista. Bioquímica Básica. 3.ed. Rio de Janeiro: Ed Guanabara Koogan, 2010.
- MAFRA, Denise; BURINI, Roberto Carlos. Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo. Av. Lineu Prestes, 580, Bloco 14, Butantã (http://www.scielo.br/pdf/rn/v14n1/7572.pdf; acessado no dia 22/01/2015 às 01:22h).
- http://www.manualmerck.net/?id=1; acessado dia 21/01/2015 às 00:09h e às 01:45 do dia 22/01/2015.
- www.mundovestibular.com.br/articles/961/1/ACIDOSEEALCALOSE/; Acessado dia 14/01/2015 às 21:45h.
- http://www.minhavida.com.br/saude/temas/alcalose; acessado dia 14/01/2015 às 21:40h.
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Acidose; acessado no dia 14/01/2015 às 21:52h.
REGINALDO SILVA DE LYRA
Nenhum comentário:
Postar um comentário