sábado, 25 de julho de 2009
A Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso no Brasil do
medicamento Nexavar@ (tosilato de sorafenibe - da Bayer Schering
Pharma) no tratamento do câncer de fígado. O novo medicamento pode
prolongar em até quatro meses a
sobrevida
de portadores desse tipo de câncer o que em muitos casos pode significar o
tempo necessário para o aparecimento de um órgão compatível ao paciente
para a realização do transplante que lhe poderia salvar a vida.
A decisão
da Anvisa de aprovar a nova medicação se baseou no fato de o tosilato de
sorafenibe ter sido testado com resultados satisfatórios, a partir de um estudo
clínico mundial com mais de 600 pacientes com câncer de fígado avançado e
chegou a revelar um aumento de 44% na sobrevida desses pacientes.
Quinto tipo
de câncer mais freqüente no mundo e o terceiro em letalidade, o câncer de
fígado é o que apresenta a complicação mais grave da cirrose hepática. Até
hoje, não havia opção de tratamento para os casos mais graves, que não a
quimioterapia com suas muitas implicações e efeitos colaterais.
O medicamento é de uso oral e age diretamente nas células doentes,
preservando as sadias. A substância também já foi aprovada em mais de 60 países
para o tratamento de tumores renais. "Após mais de 30 anos e centenas de
estudos clínicos com outras drogas, o tosilato de sorafenibe é o primeiro
tratamento a demonstrar resultados efetivos contra o câncer de fígado, que
chega a causar mais de 500 mil mortes por ano", esclarece o laboratório.
No Brasil, estima-se que sejam feitos entre 2 e 3 mil diagnósticos
da doença por ano. Segundo especialistas, até hoje existiam poucas e ineficazes
opções de tratamento sistêmico para este tipo de câncer, pois nenhuma droga
apresentava benefícios comprovados para o seu controle.
"Isso acontece porque cerca de 95% dos pacientes com câncer
de fígado tem cirrose hepática concomitantemente e a quimioterapia convencional
se tornava muito agressiva", afirma a gastroenterologista Luciana Kikuchi,
médica assistente e coordenadora do Ambulatório de Oncologia Hepática do
Serviço de Gastroenterologia Clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
A especialista explica que quando o paciente descobre a doença por
causa de sintomas relacionados ao tumor, como dor e emagrecimento, geralmente o
câncer de fígado já está em um estagio avançado. "Por isso recomendamos a
todos os pacientes com cirrose hepática que realizem ultrassonografia de abdome
pelo menos uma vez ao ano, pois desta forma o diagnóstico pode ser feito em uma
fase precoce, quando há opções de tratamento curativo", completa.
Estudos com o tosilato de sorafenibe trazem nova esperança para
pacientes e médicos. "É a primeira terapia que efetivamente demonstrou
prolongar a sobrevida dos pacientes com carcinoma hepatocelular", afirma o
hepatologista Fábio Marinho, médico do Hospital das Clínicas da Universidade
Federal de Pernambuco e do Hospital da Beneficência Portuguesa de Pernambuco.
Ele também ressaltou o fato de que os estudos demonstraram maior
tolerabilidade e poucos efeitos adversos, o que contribui para a melhor
qualidade de vida do paciente e facilidade de adesão ao tratamento. "A
substância foi capaz de impedir a formação de novos vasos que alimentariam o
tumor, além de inibir a sua proliferação", informou.
Para aprovar o medicamento, a Anvisa baseou-se no Sharp (Sorafenib
HCC Assessment Randomized Protocol), estudo clínico que envolveu 602 pacientes
com carcinoma hepatocelular avançado (sem indicação para tratamento cirúrgico
ou químioembolização) de diversos centros de pesquisas mundiais, inclusive no
Brasil.
Os resultados foram publicados na revista científica New England
Journal of Medicine (NEJM) e demonstraram que os pacientes tratados com o
medicamento tiveram aumento da taxa de sobrevida global em 44%, quase três
meses a mais do que naqueles que não receberam a substância (média de 10,7
meses versus 7,9 meses do grupo placebo).
Além do Brasil, diversas agências regulatórias internacionais como
o FDA (Food and Drug Administration), nos Estados Unidos, e o EMEA (European
Medicines Agency), na Europa, também aprovaram o uso do remédio.
Fonte:
http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI3872788-EI306,00-Anvisa+aprova+uso+de+nova+droga+para+tratamento+do+cancer+de+figado.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário