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TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL


TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

Sumário






























 
 

1- PSICOTERAPIA


1.1  CONCEITOS DE PSICOTERAPIA

- Recurso para lidar com as dificuldades da existência em todas as formas que o sofrimento humano pode assumir, como transtornos psicopatológicos, crises pessoais, conflitos conjugais e familiares, crises profissionais, distúrbios psicossomáticos, dificuldades nas transições da vida, etc.;

- É um espaço especial de atenção às dificuldades da vida e aos caminhos internos para solucioná-los, onde seus resultados demonstram uma grande potência de transformação de vidas, oferecendo uma oportunidade de compreender e mudar os padrões de vínculo e relação interpessoal.

Psicoterapia é um método de tratamento mediante o qual um profissional treinado, valendo-se de meios psicológicos, especialmente a comunicação verbal e a relação terapêutica, realiza, deliberadamente, uma variedade de intervenções, com o intuito de influenciar um cliente ou paciente, auxiliando-o a modificar problemas de natureza emocional, cognitiva e comportamental, já que ele procurou com essa finalidade (STRUPP, 1978 apud CORDIOLI, 2008). 

Em termos etimológicos, terapia está relacionada com a cura, então quando nos referimos à psicoterapia, estamos falando da cura por intermédio da psique.  

Na psicoterapia a psique é trabalhada a favor do paciente buscando desenvolvimento de habilidades que o ajudem a enfrentar as adversidades no presente, ou seja, podemos conceituá-la também como um processo de mudança, de solução dos problemas causados pela falta de adaptação frente às dificuldades da vida, de aprendizado, de como refletir, analisar e tentar viver melhor. 

Wampold (2001) diz que a psicoterapia é um tratamento primariamente interpessoal, baseado em princípios psicológicos, que envolve um profissional treinado e um paciente ou cliente portador de transtorno mental, problema ou queixa, o qual solicita ajuda, sendo o tratamento planejado pelo terapeuta com o objetivo de modificar o transtorno, problema ou queixa, e é adaptado a cada paciente ou cliente em particular.

 De acordo com a Resolução do Conselho Federal de Psicologia sobre esse tema, temos:  

 Art. 1º - A Psicoterapia é prática do psicólogo por se constituir, técnica e conceitualmente, um processo científico de compreensão, análise e intervenção que se realiza por meio da aplicação sistematizada e controlada de métodos e técnicas psicológicas reconhecidos pela ciência, pela prática e pela ética profissional, promovendo a saúde mental e propiciando condições para o enfrentamento de conflitos e/ou transtornos psíquicos de indivíduos ou grupos (RESOLUÇÃO CFP N.º 010/00). 

Veja algumas resoluções sobre prestação de serviço por meio da psicoterapia no final deste módulo. Veremos adiante, que a psicoterapia se distingui de outras modalidades de tratamento por ser muita mais uma atividade colaborativa entre o paciente e o terapeuta do que uma ação predominantemente unilateral, exercida por alguém sobre outra pessoa, como ocorre com outros tratamentos médicos.

 Quando falamos de tempo de duração da psicoterapia, isso pode variar de semanas até anos, vai depender muito do tipo de psicoterapia, da abordagem usada e dos objetivos que se buscam. Por exemplo, a psicoterapia breve trabalha com objetivos mais específicos, então é bem mais rápida que uma psicoterapia que vai trabalhar com uma psicopatologia mais severa, que envolverá conteúdos muito mais profundos.

 

A psicoterapia pode ser aplicada para tratar diversos fins como:

- Resolução de conflitos pessoais, interpessoais, conjugais, familiares e profissionais;

- Amadurecimento pessoal, para um autoconhecimento melhor, reflexão e descoberta de novos modos de conduzir a própria vida;

- Crises existenciais;

- Transições difíceis como luto;

- Crises profissionais;

- Mudanças de fases de vida (puberdade, adolescência, vida adulta, menopausa, envelhecimento, etc.);

- No tratamento de vários transtornos como depressão, anorexia, bulimia, pânico, fobias, frigidez, impotência, etc.

A psicoterapia é importante, pois vai nos ajudar a perceber questões que estão obscuras, vai nos ajudar a rever nossa história de vida de um ângulo diferente, vai nos ensinar a reconhecer nossos padrões de comportamento e aprender formas de influenciar e lidar com esses padrões que são responsáveis por como nós agimos, nos relacionamos, pensamos e sentimos.

Artur Scarpato cita alguns motivos importantes que explicam porque a psicoterapia funciona:  

 - Ao dividir um problema, o sujeito está compartilhando um problema, e isso ajuda a aliviar a carga emocional e seu sofrimento. 

- O vínculo estabelecido entre terapeuta e cliente tem poder curativo, pois é mais fácil superar muitas dores mediante uma relação autêntica de respeito mútuo do que sozinho.  

- A psicoterapia faz o sujeito parar para refletir sobre a própria vida e quando fazemos isso permitimos muitas mudanças de orientação, sentido, rumo e aprofundamento de nossas experiências.  

- O psicoterapeuta vai ajudar a perceber as coisas de um ângulo que você não tinha visto antes e nem suspeitava ser possível. 

- O psicoterapeuta recebeu formação adequada e conhece teorias psicológicas que ajudam na compreensão do que ocorre com o sujeito, auxiliam a identificar o que pode estar errado em sua vida, a direção que você está seguindo e as mudanças de rumo necessárias. 

- Ele também tem prática com técnicas que tornam possível descobrir aspectos da personalidade que seriam inacessíveis a uma observação não treinada e está preparado para compreender você a partir do vínculo que você estabelece com ele, das respostas emocionais que você suscita nele. 

- Essa presença autêntica no vínculo com o cliente permite que essa relação funcione como catalisador de processos de mudança como superação dos efeitos de traumas de relacionamentos anteriores.

 De acordo com Cordioli (2008) a psicoterapia, originalmente chamada de cura pela fala, tem suas origens na medicina antiga, na religião, na cura pela fé e no hipnotismo. Entretanto, foi ao final do século XIX que ela passou a ser utilizada no tratamento das doenças denominadas nervosas e mentais, tornando-se uma atividade médica inicialmente restrita aos psiquiatras.  

Somente no século XX outros profissionais passaram a exercê-la, como médicos clínicos, psicólogos, enfermeiros, assistente sociais, ultrapassando assim as fronteiras do modelo médico.

 Na atualidade existe um relativo consenso que as terapias são efetivas, além de uma concordância que uma boa parte dos seus efeitos deve-se a um conjunto de fatores que envolvem as técnicas efetivas utilizadas, em que cada abordagem possui as suas e também fatores específicos a todas as psicoterapias.

Cordioli (2008) cita alguns elementos comuns a toda psicoterapia: 

Ela deve ocorrer no contexto de uma relação de confiança emocionalmente carregada em relação ao terapeuta, pois se o paciente não sente essa confiança, ficará um pouco difícil haver uma colaboração e assim o paciente não expressará o que o levou ao setting. 

A psicoterapia ocorre em um contexto terapêutico, no qual o paciente acredita que o terapeuta irá ajudá-lo e confia que esse objetivo será alcançado, assim consegue-se estabelecer uma boa relação e permanecer na terapia. 

→ De acordo com Frank (1973) citado por Cordioli (2008), existe uma racional, um esquema conceitual ou um mito que provê uma explicação plausível para o desconforto, no caso um sintoma/um problema, e um procedimento ou um ritual para ajudar o paciente a resolvê-lo, ou seja, existe um problema e este pode ser explicado por uma teoria que com suas técnicas buscará ajudar.

1.3 EQUÍVOCOS SOBRE A TERAPIA COGNITIVA E COMPORTAMENTAL 


Nota-se que a Terapia Cognitiva tem sido frequente e equivocadamente identificada como Terapia Comportamental, originando a ideia, comum entre terapeutas treinados na abordagem comportamental, de que estariam naturalmente habilitados a praticá-la. 

A abordagem cognitiva e comportamental tem concepções de ser humano e modelos de personalidade e de psicopatologia diferentes. Entretanto, isso não quer dizer que elas não possam ser trabalhadas juntas, ao contrário, muitas pesquisas demonstram que há eficácia quando trabalhadas em conjunto. 

A mudança da terapia cognitiva e de suas técnicas para as características comportamentais requer uma adaptação da visão de ser humano e a adoção dos modelos cognitivos de personalidade e psicopatologia.

 Essa integração de elementos da Terapia Comportamental à Terapia Cognitiva pode ser feita sim, resultando na assim chamada Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Essa fusão é viável desde que as técnicas comportamentais sejam empregadas com a finalidade de mudar cognições, e não comportamentos, ou seja, são usadas técnicas comportamentais destinadas a mudar cognições e não comportamentos.  

Porém, a mudança de cognições consequentemente modifica comportamentos. É importante que fique claro que o objetivo primeiro e principal é a mudança da cognição, mas que resulta na mudança dos comportamentos. Desse modo, a Terapia Cognitiva, a TCC, adota a hipótese de primazia das cognições sobre emoções e comportamentos e conceitua as cognições como eventos mentais.

 


2- TERAPIA COMPORTAMENTAL


2.1 HISTÓRICO    


 Sabemos que antes do Behaviorismo existir, muitas outras escolas de Psicologia o antecederam, e outras surgiram a partir dele, como a Psicologia Experimental, a Psicologia de Wilhelm Wundt, o Estruturalismo (sistema da Psicologia de E. B Titchener, que considerava a experiência consciente como dependente das pessoas que a vivenciava), o Funcionalismo (sistema de Psicologia que se dedicou ao funcionamento da mente na adaptação do organismo ao ambiente tendo como precursor William James), posteriormente o Behaviorismo (ciência do comportamento concebida por Watson tratando somente do comportamento passível de observação e descrição em termos objetivos), a Psicologia da Gestalt (sistema de Psicologia que se dedica amplamente à aprendizagem e à percepção, sugerindo que a combinação dos elementos sensoriais produz novos padrões com propriedades que eram inexistentes nos elementos individuais), a Psicanálise (teoria de Sigmund Freud sobre a personalidade e o sistema de psicoterapia) que juntamente com o Behaviorismo, incentivaram o surgimento de diversas subdivisões dentro de cada escola.  

Na década de 50, a Psicologia Humanista (sistema de Psicologia que enfatiza o estudo da experiência consciente e a integridade da natureza humana) incorporando os princípios da Psicologia da Gestalt desenvolveu uma reação contra o Behaviorismo e a Psicanálise.  

 Em 1960, a Psicologia Cognitiva (sistema de Psicologia que se concentra nos processos de aquisição do conhecimento, mais especificamente, na forma de organização das experiências da mente) desafiou o Behaviorismo a rever o conceito de Psicologia, porque seu foco principal seria o retorno aos estudos dos processos conscientes.

 E posteriormente surgiram a Psicologia Evolucionista, a Neurociência Cognitiva e a Psicologia Positiva. Nesse tópico nos restringiremos ao Behaviorismo, chamada atualmente de Psicologia Comportamental.

De acordo com Schultz & Schultz (2005) muitos nomes marcaram a história da Psicologia e suas escolas:

No Estruturalismo temos nomes como Wundt, Stumpf, Kulpe, Titchener, Brentano, Ebbinghaus.

 No Funcionalismo temos James, Dewey, Munsterberg, Angell, Carr, Hall, Cattell, Witmer, Scott, Woodworth.

 → Na Psicanálise figuras como Freud, Jung, Adler, Horney se destacaram.

 No Behaviorismo temos Thorndike, Pavlov, Watson, Hull, Bekhterev, Lashley, Tolman, Skinner, Rotter, Bandura. 

Na Psicologia da Gestalt se destacaram Wertheimer, Koffka, Kohler e Lewin.

 → Na Psicologia Humanista temos Maslow e Rogers.

 → Na Psicologia Cognitiva, Miller e Neisser.

 → Na Psicologia Positiva, Seligman.

Tudo começou quando, no ano de 1913, foi marcada uma espécie de declaração de guerra, com o surgimento de um movimento de protesto cuja intenção era dilacerar as visões antigas, buscando uma ruptura com ambas as posições, seus líderes não desejavam modificar o passado, muito menos manter alguma relação com ele, esse movimento revolucionário foi chamado de Behaviorismo e foi promovido pelo psicólogo B. Watson, com 35 anos de idade (Figura 1).

 Como já citamos, o Estruturalismo e o Funcionalismo desempenharam papéis importantes, só que foram suplantadas por três escolas, o Behaviorismo, a Psicologia da Gestalt e a Psicanálise.

 Segundo Atkinson (2002), das três, a que teve maior influência na América do Norte foi o Behaviorismo, que acreditava que para a Psicologia ser uma ciência, os dados psicológicos deveriam estar abertos ao exame público como os dados de qualquer outra ciência.

 Além disso, essa teoria defendia o comportamento como público e a consciência como privada, assim a ciência deveria tratar apenas dos fatos públicos. Uma vez que os psicólogos estavam ficando impacientes com a introspecção, um novo Behaviorismo foi rapidamente aceito.

 Schultz & Schultz (2005) afirmam que as premissas básicas de Watson eram simples, diretas e ousadas, buscando uma Psicologia científica que lidasse exclusivamente com os atos comportamentais observáveis e passíveis de descrição objetiva, por exemplo, em termos de estímulos e respostas.

 Watson rejeitava qualquer termo ou conceito mentalista, na sua visão palavras como imagem, sensação, mente e consciência, que eram adotadas desde antes da filosofia mentalista, não significavam absolutamente nada para a ciência do comportamento.  

Ele afirmava ainda que ninguém jamais tinha tocado, visto, cheirado, experimentado ou transferido de um lugar a outro a consciência, sendo sua definição tão improvável como o conceito de alma. Deve-se ficar claro que não foi Watson que deu origem às ideias básicas do movimento Behaviorista, elas já vinham sendo desenvolvidas há algum tempo tanto na Psicologia como na biologia.

Como qualquer outro fundador, o que Watson fez foi organizar e promover as ideias e as questões já aceitáveis para o Zeitgeist intelectual da época, assim ele destacou questões como:

 - A tradição filosófica objetivista e mecanicista;

 - A Psicologia animal;

 - A Psicologia funcional.

 Dessa forma, Watson começou a trabalhar com questões que focassem apenas algo que fosse visível, audível ou palpável. Para entendermos melhor as ideias de Watson faremos um breve balanço de como surgiram algumas ciências. 

Encontramos em Baum (1999) a definição de Behaviorismo como um conjunto de ideias sobre o comportamento, não como uma ciência, mas como uma filosofia da ciência.

 Esse conceito fica mais bem entendido quando percebemos que houve um rompimento de várias ciências com a filosofia, todas começaram seus estudos com a filosofia e posteriormente se separaram. Uma ruptura de ciências como a astronomia, física, química, biologia com a filosofia, ciência da qual se originaram, sendo que com a Psicologia não foi diferente.

 Os psicólogos da época acreditavam que seguindo os métodos objetivos que eram verificáveis e replicáveis em laboratórios, a Psicologia poderia transformar-se numa verdadeira ciência.

 Em 1913, Watson articulou a crescente insatisfação dos psicólogos com a introspecção e a analogia como métodos. Ele defendia que a Psicologia deveria ser definida como ciência do comportamento e não como ciência da consciência. 

Dessa forma, evitar os termos relacionados com consciência e mente deixaria a Psicologia livre para estudar o comportamento humano e social. Ele contestou bastante o antropocentrismo.

Para Watson, o caminho era fazer da Psicologia uma ciência geral do comportamento, que compreendesse todas as espécies, e que estudaria apenas o comportamento objetivamente observável e deixaria de lado a subjetividade da introspecção e as analogias entre homem e animal.  

Com a ciência do comportamento veio a noção de que o comportamento é determinado unicamente pela hereditariedade e pelo ambiente. Em contrapartida a essa tese temos o livre-arbítrio, que é a capacidade de escolha, e supõe um terceiro elemento além da hereditariedade e do ambiente, que ele diz ser algo que vem de dentro do indivíduo. O livre-arbítrio afirma que a escolha não é uma ilusão, pois são as próprias pessoas que causam o comportamento.

 De acordo com Baum (1999), alguns filósofos tentaram conciliar determinismo com livre-arbítrio e propuseram para o livre-arbítrio teorias chamadas de “determinismo brando” e “teorias compatibilizadoras”. A primeira deixa implícita que o livre-arbítrio é apenas uma experiência, uma ilusão, e não uma relação causal entre pessoa e ação; já a segunda define livre-arbítrio como deliberação antes da ação, isto é, comportamento que pode ser determinado pela hereditariedade e pelo ambiente passado.

 A Psicologia comparativa teve origem na ideia de fazer comparações entre espécies a fim de conhecer melhor a nossa própria. Passou-se a fazer comparações entre homem e animal para descobrir seus mecanismos, até mesmo suas formas de pensar e agir.

 Essa Psicologia teve grande influência no estudo do Behaviorismo. A seguir, citaremos alguns pontos marcantes. Jacques Loeb acreditava na reação direta e automática do animal a um estímulo.

 Para ele, não há qualquer explicação em termos de definição consciente do animal referente à reação comportamental forçada pelo estímulo, o que existe é o movimento forçado involuntário, que, segundo sua teoria, era chamado de tropismo.  

 Thorndike, um dos principais pesquisadores para o desenvolvimento da Psicologia animal, elaborou uma teoria de aprendizagem objetiva e mecanicista com enfoque no comportamento manifesto.

 Ele também acreditava que o psicólogo devia estudar o comportamento, não os elementos mentais ou a experiência consciente, não interpretando a aprendizagem do ponto de vista subjetivo, mas em termos de conexões concretas entre estímulos e a resposta, embora não admitisse qualquer referência à consciência e aos processos mentais.

 Ele criou algumas teorias como a do “conexionismo”, que era baseada nas conexões entre as situações e as respostas, a aprendizagem por tentativa e erro, que era baseada na repetição das tendências de respostas que levam ao êxito, que posteriormente ele definiu como “lei do efeito”, em que os atos que produzem satisfação em determinada situação tornam-se associados a ela, quando a situação se repete, o ato tende a ocorrer.

 Outra teoria seria a “lei do uso e desuso” ou “lei do exercício”, em que afirmava que quanto mais um comportamento é realizado em uma situação, mais forte se torna a associação entre comportamento e situação.

Ivan Pavlov estudou os reflexos condicionados, que seriam reflexos dependentes na formação entre o estímulo e a resposta.

Seus estudos foram feitos por meio de um aparelho utilizando cães que estudava a resposta da salivação.

 Todos esses estudiosos importantes influenciaram Watson e seus estudos sobre o comportamento, fortalecendo desde o início sua intenção de fundar uma escola, onde ele desejava que o novo Behaviorismo tivesse valor prático e aplicável na vida real.

 Para Watson quase todo comportamento é resultado de condicionamento e que o ambiente molda o comportamento reforçando hábitos específicos.

 Essa escola tendia a discutir os fenômenos psicológicos em termos de estímulos e respostas, dando origem ao termo Psicologia de estímulo-resposta (E-R). De acordo Schultz & Schultz (2005), instinto era conceituado por Watson como respostas condicionadas socialmente e emoções não passavam de uma simples resposta fisiológica a estímulos específicos.  

Embora o Behaviorismo houvesse chamado a atenção dos psicólogos americanos, nem todos concordavam com a visão de Watson. Alguns psicólogos desenvolveram sua própria Psicologia Behaviorista, conduzindo a escola de pensamento em direções distintas.  

 A carreira produtiva de Watson na Psicologia durou pouco menos de 20 anos, mesmo assim, afetou profundamente o curso do desenvolvimento da Psicologia por muito tempo.

 Watson foi um eficaz agente do Zeitgeist, em uma época de mudanças não apenas na Psicologia, como também nas atitudes científicas em geral, ele tornou a metodologia e a terminologia da Psicologia mais objetiva, embora hoje suas formulações não sejam mais válidas.  

O Behaviorismo de Watson constituiu o primeiro estágio da evolução da escola de pensamento comportamental aproximadamente em 1913. Mas não parou por aí! De 1930 a 1960, surge o NeoBehaviorismo, englobando os trabalhos de Tolman, Hull e Skinner.

 Esses estudiosos tinham como tópico central da Psicologia o estudo da aprendizagem, os comportamentos podem ser entendidos por leis de condicionamentos e o operacionismo.

 E o terceiro estágio da evolução Behaviorista, que vai de 1960 e perdura até hoje, chamado de neoneoBehaviorismo ou socioBehaviorismo, incluindo trabalhos de Bandura e Rotter, que enfocam o retorno do estudo dos processos cognitivos, mas mantendo a abordagem na observação do comportamento manifesto.

Edward Tolman foi um dos primeiros convertidos ao Behaviorismo e criou o termo Behaviorismo Intencional, que combina o estudo objetivo do comportamento com a ponderação da intenção ou a orientação do propósito no comportamento. Seu principal enfoque, segundo Schultz & Schultz (2005), estava no problema de aprendizagem.

Tolman rejeitou a lei do efeito de Thorndike, afirmando que a recompensa ou o esforço exerciam pouca influência sobre a aprendizagem, e em seu lugar propunha uma explicação cognitiva para a aprendizagem, sugerindo que a repetição do desempenho de uma tarefa reforça a relação aprendida entre as dicas ambientais e as expectativas do organismo, dessa forma, o organismo acaba conhecendo seu ambiente, afirmando serem essas relações estabelecidas pela repetição da realização de uma tarefa.

Já Clark Hull usava uma forma de Behaviorismo mais sofisticada e mais complexa que Watson, embora ainda fosse considerado como objetivo, reducionista e mecanicista.

 Descrevia seu Behaviorismo e sua visão de natureza humana empregando termos mecanicistas e considerava o comportamento humano automático e possível de ser reduzido e explicado na linguagem da física. Sua teoria da aprendizagem concentra-se no princípio de reforço, a qual é essencialmente a lei do efeito de Thorndike.

 Segundo Schultz & Schultz (2005), o Behaviorismo de Skinner dedicava-se ao estudo das respostas, preocupando-se em descrever e não em explicar o comportamento, sua pesquisa tratava apenas do comportamento observável, e ele acreditava que a tarefa de investigação científica era estabelecer as relações funcionais entre as condições de estímulos controladas pelo pesquisador e as respostas subsequentes do organismo.

Skinner não duvidava da existência das condições mentais ou fisiológicas internas, apenas não aceitava sua validade no estudo científico do comportamento. Em seus experimentos, Skinner conceituou condicionamento operante como uma situação de aprendizagem que envolve o comportamento emitido por um organismo em vez de eliciado por um estímulo detectável. Esse comportamento ocorre sem qualquer estímulo antecedente externo observável.

 Skinner também criou a lei da aquisição, em que a força de um comportamento operante aumenta quando, em seguida, recebe um estímulo reforçador. No terceiro estágio da evolução behaviorista chamado de neoneoBehaviorismo ou socioBehaviorismo, Bandura, Rotter e outros seguidores adotavam uma forma de Behaviorismo bem mais distinta que a de Skinner.

 Eles questionavam sua total negação aos processos mentais ou cognitivos e propunham em seu lugar uma aprendizagem social, uma reflexão sobre um movimento cognitivo mais amplo na Psicologia como um todo.

 Estes teóricos defendiam os pensamentos (cognições), o que fez com que fosse criada uma divisão no Behaviorismo: nascendo a Psicologia cognitiva. Outros autores desta escola são: Albert Bandura, Julian Rotter e Aaron Beck. Eles acreditavam que o comportamento pode ser entendido também a partir da cognição, e que o aprendizado pode existir sem a necessidade de condicionamento em laboratório, mas pela observação e elaboração do que foi visualizado.

Bandura desenvolveu termos como Reforço Vicário (noção de que o aprendizado pode ocorrer por observação do comportamento de outras pessoas e das consequências decorrentes, e não apenas experimentando o reforço diretamente) e Autoeficácia (a percepção do indivíduo de sua autoestima e a competência em lidar com os problemas da vida).

Rotter desenvolveu uma forma de Behaviorismo que, como a de Bandura, inclui referência às experiências subjetivas internas, sendo menos radical que o de Skinner. Rotter concentrou sua pesquisa nas crenças a respeito da origem do reforço.

 Ele acreditava num Locus de controle (a ideia sobre a origem do reforçamento, havendo o lócus de controle interno – crença de que o reforço depende do próprio comportamento das pessoas e Locus de controle externo – reforço depende das forças externas).

 Segundo Schultz & Schultz (2005), apesar do debate interno a respeito da questão cognitiva no Behaviorismo ter provocado mudanças no movimento behaviorista, que se seguiram desde Watson até Skinner, é importante lembrar que Bandura, Rotter e outros neoneobehavioristas que são defensores da abordagem cognitiva ainda se consideram behavioristas.  

Assim, eles podem ser chamados de behavioristas metodológicos, porque se referem aos processos cognitivos internos como parte do objeto de estudo da Psicologia, enquanto os behavioristas radicais acreditam que a disciplina devia se dedicar ao estudo do comportamento público e do estímulo ambiental, e não dos estudos internos presumidos.

 página 52 de 301 FIGURA 10

 

 Watson era behaviorista metodológico e Skinner era behaviorista radical. Já Hull, Tolman, Bandura e Rotter podem ser classificados como metodológicos. Sabe-se que o domínio do tipo de Behaviorismo de Skinner chegou ao auge na década de 1980 e diminuiu depois de sua morte em 1990.

 Skinner até admitiu que sua abordagem estivesse perdendo terreno e que o impacto da abordagem cognitiva aumentava. E, hoje, o Behaviorismo que permanece vivo na Psicologia contemporânea, principalmente na Psicologia aplicada, é diferente daquele que surgiu nas décadas entre o manifesto de Watson, em 1913, e a morte de Skinner, em 1990.  

Hoje, muitos autores conceituam como uma abordagem que trabalha os problemas psicológicos baseada na filosofia da ciência conhecida como Behaviorismo Radical e na ciência do comportamento, Análise Experimental do Comportamento.

 O Behaviorismo radical, muito trabalhado atualmente por alguns terapeutas, defende que o comportamento dos organismos é ordenado, passível de ser estudado cientificamente na mesma forma das ciências naturais, assim busca-se descobrir os eventos no ambiente que determinam os seus comportamentos-problema e os que os mantêm. Na terapia comportamental, pensamentos e sentimentos são considerados comportamentos, diferentes apenas pela forma como se pode ter acesso a eles, pois este se dá por meio do relato verbal daquele que pensa e sente, ou seja, pensamentos e sentimentos também são levados em consideração, analisados e passíveis das intervenções do terapeuta. 

Cada terapeuta, de acordo com sua abordagem segue uma linha, mas com o mesmo objetivo, ou seja, melhora e bem-estar do seu paciente, no caso do terapeuta comportamental, ele entende que o cliente é único e seus problemas ou dificuldades são produto de uma história particular. Com isso, percebe-se uma humanização do processo psicoterápico, buscando assim, entender cada cliente e cada história, antes de propor qualquer intervenção.

 Seu principal instrumento é a análise funcional, ou o levantamento criterioso das variáveis – eventos, acontecimentos – que estejam funcionalmente relacionados com os comportamentos desejáveis e indesejáveis do cliente. Com esse entendimento, é possível propor uma estratégia eficaz no alcance do bem-estar e da melhora do paciente, mas que fique claro que, na maioria das vezes, não é fácil se chegar a essas variáveis. De acordo com Saffi, Savoia e Lotufo (2008), a terapia comportamental utiliza na clínica os conhecimentos derivados das teorias da aprendizagem, sua principal fonte teórica é o comportamento operante.

 Diz-se muito que se trata de uma terapia superficial e que aborda apenas o sintoma, mas isso não é verdade, ela pode ser aplicada a toda gama de problemas humanos, tanto para o autoconhecimento como para as dificuldades e conflitos interpessoais. Só que é uma abordagem que exige conhecimento teórico e técnico sofisticado e o terapeuta deve possuir empatia, interesse pelo paciente e calor humano.

 O terapeuta comportamental busca combater os comportamentos-problema, ao mesmo tempo em que busca instalar e aumentar a frequência de comportamentos adequados ao contexto, desejáveis, funcionais e geradores de satisfação e felicidade. O clínico, entre outras funções, auxilia com suas análises na construção de um novo repertório ou no fortalecimento do repertório existente (SKINNER, 1989).

 A terapia comportamental é a aplicação do conjunto de conhecimentos psicológicos, adquiridos segundo os princípios da metodologia científica, à compreensão e solução de problemas clínicos. Assim, é uma prática de ajuda psicoterápica baseada na ciência e na filosofia caracterizada por uma concepção naturalista e determinista do comportamento humano.

 Pode ser conceituada também por um processo de aplicação de princípios da teoria da aprendizagem para a melhoria de comportamentos específicos e, simultaneamente, de avaliação de quaisquer modificações observadas, analisando se elas são de fato atribuíveis ao processo de aplicação e, em caso positivo, a que parte desse processo (BOUCHARD, 1979 apud Saffi, Savoia e Lotufo, 2008).  

 Para fecharmos esse tópico falaremos mais um pouco sobre o trabalho do terapeuta comportamental. O primeiro passo é o bom relacionamento com o paciente, por meio da empatia, do interesse, do calor humano e de outras qualidades do psicoterapeuta (SAFFI, SAVOIA E LOTUFO, 2008).

 Ele deve fazer a coleta de informação por meio da anamnese, do uso de diários, de escalas, de instrumentos diagnósticos e da observação para que se permita conhecer a pessoa e seus problemas.

 A análise funcional é a ferramenta para a coleta de informações e para o conhecimento da relação entre a pessoa e seu ambiente.

 Por meio dela procura-se estabelecer todas as relações de contingências que afetam a pessoa procurando-se descrever operacionalmente o problema, detalhando os estímulos desencadeantes, os comportamentos envolvidos e as suas consequências.  

Sintetizando tudo que já dissemos, podemos frisar que o terapeuta comportamental focaliza-se no comportamento manifesto, salientando de acordo com Kaplan e Sadock (2003), a remoção de sintomas manifestos, sem considerar as experiências privadas ou conflitos internos do paciente. Percebemos que o objetivo terapêutico de quem segue essa abordagem é claro e concreto: a extinção de hábitos ou atitudes mal-adaptativas e sua substituição por padrões novos, apropriados e não provocadores de ansiedade.

Os métodos inerentes às terapias do comportamento fundamentam-se na crença fundamental de que as ansiedades e os comportamentos persistentes e mal-adaptativos foram condicionados ou aprendidos. Portanto, o tratamento efetivo consiste de variadas formas de descondicionamento ou desaprendizagem, isto é, o comportamento inadequado aprendido pode ser desaprendido.

 

 

 

 

 

MÓDULO II


 


2.3 INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES


A terapia comportamental pode ser indicada e útil para tratar praticamente todos os problemas de saúde e de comportamento de atuação do psiquiatra ou do psicoterapeuta, como:

- Fobias específicas;

- Agorafobia com ou sem pânico;

- Fobia social;

- Transtornos de ansiedade;

- Transtorno obsessivo-compulsivo;

- Disfunções sexuais: em especial ejaculação precoce e vaginismo;

- Dificuldade de relacionamento interpessoal;

 - Reabilitação de doentes crônicos;

 - Depressão;

 - Transtornos alimentares;

 - Problemas de comportamento na infância;

 - Problemas de comportamento na adolescência;

 - Abuso de dependência de álcool e drogas;

 - Autoconhecimento.

 

Cordioli (2008) cita que a terapia comportamental é também utilizada como coadjuvante no tratamento de:

 - Depressão maior, particularmente na fase inicial de pacientes gravemente deprimidos;

 - Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade;

 - Estresse pós-traumático;

 - Transtornos de impulsos: Tricotilomania, comprar compulsivo e jogo patológico;

 - Déficits de habilidades sociais: transtornos de personalidade, esquizofrenia, deficiências mental e autismo;

 - Deficiência de controle esfincteriano;

 - Obesidade;

 - Hipertensão;

 - Insônia e insônia primária;

 - Asma;

 - Dor crônica;

 - Cefaleia, etc.

 

Cordioli (2008) também cita algumas contraindicações na terapia comportamental:

→ Níveis de ansiedade muito elevados ou incapacidade de tolerar aumento dos níveis de ansiedade (transtorno da personalidade borderline, histriônica);

→ Problemas caracterológicos graves, incapacidade de estabelecer um vínculo com o terapeuta (personalidade esquizoide ou esquizotípica);

→ Incapacidade de estabelecer um relacionamento honesto com o terapeuta (personalidade antissocial);

→ Ausência de motivação

2.4 TÉCNICAS DA TERAPIA COMPORTAMENTAL


 De acordo com Knapp (2004), todos os experimentos comportamentais têm um elemento cognitivo e a modificação das distorções cognitivas se dá também por meio das técnicas comportamentais.

Padesky (1994 apud KNAPP, 2004) afirma que a forma mais eficaz de modificar principalmente pressupostos e regras subjacentes é por meio de experimentos comportamentais, assim o paciente experimenta na prática o que acontece quando ele se engaja em comportamentos, que permitem examinar a veracidade e/ou utilidades dessas crenças subjacentes.

 Leahy (1996 apud KNAPP, 2004) diz que o objetivo dessas técnicas ou intervenções comportamentais é aumentar o comportamento positivo enquanto diminui o negativo, sendo assim pode-se dizer que o engajamento em um comportamento que traz resultados positivos aumenta a autoeficácia do indivíduo e estimula o empenho em novos comportamentos mais adaptativos.

 


A seguir algumas técnicas.


 

→ Alvos comportamentais  

 Segundo Rangé (2004), nessa técnica o terapeuta ajuda o paciente a identificar possíveis comportamentos específicos que deseja modificar a curto, médio e longo prazo. Esse autor cita alguns exemplos para ficar mais claro:

 - O engajamento em exercícios físicos;

 - As tarefas de casa concluídas;

 - O número de páginas de leitura diária;

 - A diminuição da checagem obsessiva;

 - A lavagem das mãos.

No caso de haver grandes alvos comportamentais, de difícil execução de uma só vez, devem ser divididos em pequenos comportamentos de mudança, até que o comportamento como um todo se modifique.

→ Dessensibilização sistemática

 Essa técnica foi criada por Joseph Wolpe, e baseia-se segundo Kaplan e Sadock (2003), no princípio comportamental do contracondicionamento, o qual afirma que o indivíduo pode superar a ansiedade mal-adaptativa provocada por uma situação ou objeto aproximando as situações temidas gradualmente, em um estado psicofisiológico que iniba a ansiedade.

 Nessa técnica, o cliente é treinado a relaxar, é colocado em contato com uma hierarquia de situações geradoras de ansiedade e é solicitado a relaxar enquanto imagina cada uma delas, assim o paciente atinge um estado de completo relaxamento, quando é exposto ao estímulo que provoca a resposta de ansiedade.

 Nesse caso, a reação negativa de ansiedade é inibida pelo estado de relaxamento, num processo chamado de inibição recíproca.

 Em vez de utilizar as situações ou objetos reais que provocam medo, paciente e terapeuta preparam uma lista graduada ou uma hierarquia de cenas provocadoras de ansiedade associadas aos medos do paciente. Finalmente, o estado aprendido de relaxamento e as cenas provocadoras de ansiedade são sistematicamente pareados ao tratamento.


 

Percebemos que a dessensibilização sistemática consiste então de três etapas: treino de relaxamento, construção de hierarquia e dessensibilização do estímulo.

 

→ Exposição in vivo  

Semelhante à dessensibilização, exceto pelo fato de que o cliente realmente experimenta cada situação.  

→ Exposição com prevenção de respostas  

Confrontar uma situação ou estímulo temido.

Exemplo: o paciente obsessivo-compulsivo é instigado a refrear a lavagem de suas mãos após mergulhá-las em água suja.

Flooding ou Inundação  

É uma modalidade de exposição in vivo em que um indivíduo fóbico é exposto ao objeto ou situação mais temido por um período prolongado sem oportunidade de fugir.

→ Reforçamento seletivo  

Reforço de comportamento específico, muitas vezes, mediante o uso de fichas que podem ser trocadas por recompensas.

→ Modelagem  

Segundo Atkinson (2002), consiste em reforçar somente variações de respostas que se desviam na direção desejada pelo experimentador. Na técnica de modelagem “o terapeuta modela a resposta/comportamento que se deseja” (RANGÉ, 2004), ou seja, ele reforça apenas os comportamentos desejados.

→ Modelação (imitação)  

 É o processo pelo qual uma pessoa aprende comportamentos observando e imitindo os outros. É um método bastante eficaz de mudança de comportamento, pois uma vez que observar os outros é uma das principais formas humanas de aprender, assistir pessoas que estão apresentando comportamento adaptativo ensina melhores estratégias de enfrentamento às pessoas com respostas inadaptativas.

 A modelação é eficaz na superação de medos e ansiedades porque oferece uma oportunidade para observar outra pessoa passar pela situação geradora de ansiedade sem se ferir.

 Exemplo: O terapeuta emite comportamentos assertivos durante a sessão que podem ser copiados pelo cliente e reproduzidos.

→ Ensaio comportamental  

 Nessa técnica o paciente dramatiza o comportamento que planeja conduzir fora da terapia.

 Exemplo: O paciente pode demonstrar como ser assertivo mediante um diálogo com seu chefe.

→ Hierarquia de respostas/estímulos

 Nessa técnica, tem-se uma lista de situações ou respostas, das mais temidas até as menos temidas, para serem usadas em exposição.

 Exemplo: o paciente e o terapeuta fazem uma lista de situações ou comportamentos que o primeiro teme, com hierarquia de temor. O paciente fóbico de elevador coloca “pensar em elevador” como a menos temida e “subir de elevador o edifício mais alto da cidade” como a mais temida.

 → Autorrecompensa  

 De acordo com Knapp (2004), é usar autoelogio, gratificações e reforços concretos para incrementar comportamentos desejáveis.

 Exemplo: o paciente pode se recompensar com consequências positivas tangíveis (uma comida, um filme, um presente ou um comportamento prazeroso) ou com autoafirmações positivas (“estou orgulhoso de mim mesmo por tentar”).

 → Treinamento de Relaxamento  

 Relaxar diferentes grupos musculares em sequência, imaginar figuras relaxantes, praticar exercícios de respiração.  

 

→ Reforço  

 Para Skinner, segundo Myers (1999), recompensa é representado pela palavra “reforço”, que pode ser conceituada como qualquer evento que aumente a frequência de uma reação precedente. Assim, o reforço pode abranger uma série de ações, como um elogio ou uma salva de palmas. Existem dois tipos básicos de reforço, o positivo e o negativo.  

 - Reforço positivo: O reforço positivo é capaz de fortalecer uma reação quando oferece um estímulo logo após esta reação.

 Ele aumenta a probabilidade de um comportamento pela presença (positividade) de uma recompensa (estímulo).

 Ex. 1: comportamento de estudar bastante é reforçado pelo estímulo reforçador de se receber uma boa nota, de modo que a boa nota é um reforço positivo.

 Ex. 2: desligar o telefone durante uma conversa desagradável retirará do ambiente um estímulo aversivo, que é a conversa, de modo que desligar o telefone é um reforço negativo.

 

→ Punição

 A punição é um estímulo aversivo que reduz a probabilidade do comportamento. A punição pode ser positiva e negativa:  

 - Punição Positiva: Inseri-se no ambiente um estímulo aversivo:

   Ex: um puxão de orelha.  

 - Punição Negativa: Retirada de um estímulo reforçador do ambiente:

   Ex: proibição de assistir televisão.

→Terapia aversiva  

 De acordo com Kaplan e Sadock (2003), técnica prega que quando um estímulo nocivo (punição) é apresentado imediatamente após uma resposta comportamental específica, esta acaba sendo inibida ou extinta. Assim, existem muitos tipos de estímulos aversivos como:

 • Choques elétricos;

 • Substâncias que induzem vômito;

 • Punição corporal;

 • Reprovação social, etc.

 A terapia aversiva tem sido usada no tratamento de vários transtornos, dentre eles:

 - Abuso de álcool;

 - Parafilias;

 - E outros comportamentos com qualidades impulsivas e compulsivas.

 Muitos terapeutas a contestam, dizendo que ela é controvertida. Um exemplo é que a punição nem sempre leva à diminuição esperada na resposta e pode, às vezes, ser positivamente reforçadora.

2.5 CONCEITOS BÁSICOS


→ Condicionamento respondente  

 De acordo com Skinner (1987), diz respeito ao reflexo condicionado de Pavlov, que prepara o organismo para reagir a um ambiente ao qual apenas o indivíduo é exposto.

 → Estímulo não condicionado  

 De acordo com Atkinson (2002), é um estímulo que automaticamente provoca uma resposta, normalmente por intermédio de reflexo, sem condicionamento prévio.

→ Resposta não condicionada  

 Resposta originalmente dada a um estímulo não condicionado, usada como base para estabelecer uma resposta condicionada a um estímulo anteriormente neutro.    

 → Estímulo condicionado  

 Estímulo anteriormente neutro que passa a gerar uma resposta condicionada por meio de associação com um estímulo não condicionado.

→ Resposta condicionada  

 A resposta aprendida ou adquirida a um estímulo que originalmente não provoca resposta, ou seja, um estímulo condicionado.    

 → Comportamento operante  

 Nesse tipo de comportamento novas respostas podem ser fortalecidas – reforçadas – por eventos que as seguem imediatamente.    

 → Aprendizagem social  

 Processo de aprendizagem no qual um indivíduo muda seu comportamento em função de observar, ver ou ler a respeito do comportamento de outro indivíduo.

3      TERAPIA COGNITIVA

3.1 HISTÓRICO


 De acordo com Beck (1964), a Terapia Cognitiva foi desenvolvida por Aaron T. Beck, como uma psicoterapia breve, estruturada, orientada ao presente, para depressão, direcionada a resolução de problemas atuais e a modificar os pensamentos e comportamentos disfuncionais.

 Segundo Beck (2007), Aaron T. Beck a desenvolveram na Universidade da Pensilvânia no início da década de 60. Desde lá, Beck e outros vêm adaptando com sucesso essa terapia para um conjunto surpreendentemente diverso de populações e desordens psiquiátricas.

O modelo cognitivo propõe que o pensamento distorcido ou disfuncional, que sabemos que influencia o humor e o comportamento do paciente, seja comum a todos os distúrbios psicológicos. Portanto, se o paciente faz uma avaliação realista e modifica seu pensamento, ele produz uma melhora no humor e no seu comportamento.

Outras formas de Terapia Cognitivo-comportamental foram desenvolvidas por outros teóricos. A Terapia racional-emotiva de Albert Ellis, a modificação do comportamento de Donald Meichenbaum e a Terapia multimodal de Arnold Lazarus, e muitos outros contribuíram de forma importante para o desenvolvimento da Terapia Cognitiva – incluindo Michael Mahoney, Vittorio Guidano e Giovanne Liotti.

A integração entre as abordagens cognitiva e a comportamental aconteceu a partir da aceitação de ideias cognitivas influenciada pelos “três sistemas” de Lang, (Salkovskis et al. 1997) que são o comportamental, o cognitivo/afetivo e o fisiológico.

 Esse conceito enfatiza que os problemas psicológicos poderiam ser conceitualizados de maneira útil em sistemas de resposta sutilmente ligados. Isso foi um marco para a aceitação das noções cognitivas na abordagem comportamental.

 O tratamento na abordagem cognitivo-comportamental objetiva ajudar o paciente a reconhecer padrões de pensamento distorcido e comportamento disfuncional, utilizando-se a discussão sistemática e tarefas comportamentais previamente estruturadas para ajudar o paciente a avaliar e modificar tanto seus pensamentos deformados quanto seus comportamentos disfuncionais.

 

Três proposições fundamentais são identificadas como estando no cerne das terapias cognitivo-comportamentais

(KNAPP, 2004):

 1- A atividade cognitiva influencia o comportamento, isto é, a avaliação cognitiva dos fatos pode influenciar a resposta a esses fatos;

 2- A atividade cognitiva pode ser monitorada e alterada;

 3- O comportamento desejado pode ser influenciado mediante a mudança cognitiva.

 


3.2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA TERAPIA COGNITIVA


A terapia cognitiva tem como objetivo resolver problemas atuais e modificar pensamentos disfuncionais. Seu objetivo é reestruturar as cognições disfuncionais e dar flexibilidade cognitiva no momento de avaliar situações específicas.

 Visa também à resolução de problemas focais, objetivando, em última análise, dotar o paciente de estratégias cognitivas para perceber e responder ao real de forma funcional.

 O terapeuta cognitivo formula as ideias e crenças disfuncionais do paciente sobre si, sobre suas experiências e sobre seu futuro em hipóteses e, então, testa a validade dessas hipóteses de uma forma objetiva e sistemática.

 Segundo Beck & Alford (2000), a terapia cognitiva considera a cognição a chave para os transtornos psicológicos. “Cognição” é definida como aquela função que envolve deduções sobre as experiências e sobre a ocorrência e o controle de eventos futuros.

Na terapia cognitiva clínica, a cognição inclui o processo de identificar e prever relações complexas entre eventos, de modo a facilitar a adaptação a ambientes passíveis de mudanças.

Esta terapia propõe que os transtornos psicológicos resultam de uma maneira disfuncional de perceber os acontecimentos, influenciando com isso, o afeto e o comportamento. Então, uma modificação na cognição influenciará na mudança do afeto e consequentemente do comportamento.

 

Os sustentáculos conceituais da prática da Terapia Cognitiva são os seguintes (explicaremos esses conceitos mais detalhadamente nos próximos tópicos):

Esquemas e crenças centrais: Os esquemas são estruturas cognitivas dentro do pensamento, cujo conteúdo específico é composto pelas crenças centrais;

 

Pensamentos automáticos: “Pensamentos automáticos são um fluxo de pensamento mais manifesto” (BECK, 1964).

 

Estratégia compensatória: São comportamentos que visam a aliviar ou anular os pensamentos automáticos e emoções negativas;

 

Conceituação cognitiva: É uma hipótese sobre pensamentos, suposições, emoções e crenças do paciente.

 No decorrer desse tópico voltaremos não só à Terapia Cognitiva, mas adentraremos em conceitos que se referem à Terapia Cognitivo-comportamental, para que fique mais claro como se dá o trabalho das duas abordagens.

De acordo com Rangé (2004), a Terapia Cognitivo-comportamental é uma integração dos princípios e práticas das terapias, comportamental e cognitiva. É abordagem ativa, diretiva e estruturada usada no tratamento de uma variedade de problemas psiquiátricos, fundamentada nos modelos cognitivo e comportamental, caracterizada pela aplicação de uma variedade de procedimentos clínicos como introspecção, teste de realidade, insight e inúmeros procedimentos comportamentais que conduzem a aprendizagens para aperfeiçoar discriminações e corrigir concepções equivocadas, modificar estados emocionais e mudar comportamentos julgados inadequados.

 A abordagem cognitivo-comportamental enfatiza a expressão de conceitos em termos operacionais e a comprovação empírica do tratamento por intermédio de estudos experimentais.

 Esse tratamento está baseado no aqui e agora, e tem como objetivo principal ajudar os pacientes a promover mudanças desejadas em sua vida. Para tanto, é necessário que o paciente trabalhe junto com o terapeuta numa relação cooperativa em que ambos planejam as estratégias para enfrentar problemas claramente identificados, sendo uma terapia limitada temporalmente e com objetivos previamente estabelecidos (SALKOVSKIS et al. 1997).

 

 

 



PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS

CRENÇAS SUBJACENTES (PRESSUPOSTOS/ REGRAS)

CRENÇAS NUCLEARES ( ESQUEMAS
 




 

 

 

 

 

 

 

 

 


Objetivos da TCC:  

- Identificar e modificar a forma distorcida de pensar;

- Identificar e modificar as emoções que esses pensamentos provocam;

- Identificar e modificar os comportamentos que são tomados como consequência desses pensamentos e emoções;

- Utilizar formas alternativas, mais funcionais, de pensar e se comportar diante das situações;

- Reestruturar crenças nucleares;

- Solucionar problemas;

- Construir estratégias de enfrentamento;

- Construir habilidades necessárias ao enfrentamento;

- Prevenir recaídas.

 


3.3 INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES


De acordo com Young (2003), pacientes diagnosticados com transtorno de personalidade e pacientes crônicos, muitas vezes, não respondem ao tratamento com a terapia cognitiva de curto prazo. Isso pode ser explicado por três características que estes pacientes possuem:  

 • Rigidez;

 • Evitação;

 • Dificuldades interpessoais.

 

A rigidez está presente na maioria dos pacientes com transtorno de personalidade, não só rigidez como padrões invasivos, inflexíveis, círculos viciosos e muito duradouros, o que atrapalharia nesse tipo de terapia, pois ela exige certa flexibilidade por parte dos pacientes.

 Muitos pacientes com transtorno de personalidade bloqueiam ou evitam seus pensamentos e sentimentos por serem muito dolorosos. “Essa evitação pode ser explicada como resultado de um condicionamento aversivo, onde a ansiedade e a depressão foram condicionadas a lembranças e associações, levando à evitação, o que dificulta muito o tratamento cognitivo” (YOUNG, 2003, p. 13). Outra característica dos pacientes com transtorno de personalidade é o relacionamento interpessoal disfuncional que não permite um relacionamento colaborativo entre paciente e terapeuta como prega a terapia cognitiva.

 

De acordo com Cordioli (2008) a terapia cognitiva está bem-estabelecida nos seguintes transtornos:

• Depressão unipolar de intensidade leve ou moderada, não psicótica;

• Transtorno de ansiedade (associada à terapia comportamental e a drogas);

• Transtornos alimentares;

• Transtornos somatoformes (hipocondria e transtorno Dismórfico corporal).

O mesmo autor cita algumas indicações da terapia cognitiva como tratamento coadjuvante:

Abuso de substância e álcool;

Transtorno de personalidade;

Transtornos psicóticos (esquizofrenia e transtorno delirante);

Transtorno bipolar;

Transtorno de déficit de atenção com hiperatividade;

Dor crônica.

 

 Segundo Cordioli (2008) a terapia cognitiva, em princípio, é contraindicada para os seguintes transtornos:

 → Doença mental orgânica, que implica comprometimento cognitivo (demência);

 → Retardo mental;

 → Pouca capacidade para trabalhar introspectivamente (identificar pensamentos, emoções, crenças e expressá-los em palavras);

 → Psicose aguda;

 → Patologia grave do caráter borderline ou antissocial;

 → Ausência de motivação.

 


3.4 TÉCNICAS DA TERAPIA COGNITIVA


Rangé (2004), em seu texto “Por que sou terapeuta cognitivo-comportamental?”, cita as técnicas mais usadas na TCC e diz que usa primariamente, no trabalho cognitivo, o método socrático, não podendo ser de forma alguma persuasivo, transcorrendo fundamentalmente, em torno de perguntas que o terapeuta faz para que o paciente possa questionar os fundamentos de suas crenças e, na ausência destes, poder modificá-las.

Os questionamentos que motivam as reestruturações giram em torno fundamentalmente de evidências que sustentam as crenças e pensamentos automáticos e de alternativas possíveis de se interpretar a situação. O que vai acontecer é que a falta de evidências e a descoberta de outras interpretações abala a confiança na crença, tornando-a uma hipótese, entre outras, sujeita a uma verificação.

Automonitoramento ou autorregulação

 Segundo Atkinson (2002), como o cliente e o terapeuta raramente se encontram mais do que uma vez por semana, o cliente deve aprender a controlar e regular seu próprio comportamento, de modo que o progresso possa ser feito fora do horário da terapia.

 Além disso, quando as pessoas sentem que são responsáveis por sua própria melhora, elas têm mais chances de manter os ganhos que conquistaram.

 Essa técnica envolve monitorar, ou observar, nosso próprio comportamento e usar várias técnicas como autorreforço, autopunição, controle de condições de estímulo, desenvolvimento de respostas incompatíveis, para mudar o comportamento de inadaptação.

Deste modo, o indivíduo monitora seu comportamento mantendo um registro cuidadoso dos tipos de situações que provocam comportamento inadaptativo e os tipos de respostas que são incompatíveis com ele.

 Ex.1: Uma pessoa preocupada com seu abuso de álcool observaria os tipos de situações em que se sente mais tentada a beber e tentaria controlar estas situações ou imaginar uma resposta mais incompatível com o beber.  

 Ex.2.: Um homem que acha difícil não acompanhar os colegas de trabalho em um drinque na hora do almoço, poderia planejar almoçar no escritório, controlando assim seu comportamento de beber pelo controle do ambiente. Caso sinta-se tentado a relaxar com uma bebida ao chegar do trabalho, ele poderia utilizar em seu lugar uma partida de tênis ou uma corrida como modo de aliviar a tensão, pois essas duas atividades seriam incompatíveis com o beber.

 Programação de atividades  

 De acordo com Knapp (2004), uma vez monitoradas as atividades que mais dão prazer e/ou habilidades, a dupla terapêutica prescreve atividades diárias que tragam recompensas ao paciente.

 

Exemplo: Uma dona de casa pode ter muitas habilidades em fazer aquele bolo que seus filhos adoram, o que lhe traz prazer. Como está deprimida e antecipa somente sentimentos negativos e uma expectativa de futuro sombrio, planeja como experimento fazer o bolo preferido dos filhos e observar quais as suas recompensas por ter feito algo que, embora relutasse a princípio, acabou trazendo-lhe grande satisfação. Percebemos que a programação da atividade é útil em aumentar a autoeficácia do paciente e em encorajá-lo a buscar outras atividades que lhe deem prazer.

- Terapeuta: “Você me falou que, diferente do que havia imaginado, se surpreendeu quando percebeu que estava feliz com os seus filhos, que outras atividades a senhora poderia realizar que talvez lhe tragam satisfação?

 → Prescrição de tarefas graduais  

 Segundo Knapp (2004), neste tipo de técnica escolhem-se os comportamentos, os quais produzem prazer e/ou habilidades, ou seja, que trará algum tipo de recompensa e prescreve-se para o paciente.

 Todavia, tendo bastante cuidado para não iniciar atividades que são muito difíceis para o paciente, pois isso pode minar sua autoeficácia e até comportamentos. Inicia-se sempre da mais fácil para mais difícil.

 → Solução de problemas  

 Esta técnica refere-se a tornar disponível uma variedade de respostas efetivas para lidar com uma situação problemática, aumentando a possibilidade de o paciente selecionar a resposta alternativa mais efetiva disponível (D’ZURILLA e GOLDFRIED, 1971; DOBSON, 2001 apud KNAPP, 2004).

 Devem-se seguir os seguintes passos:

 - Identificar e especificar o problema;

 - Gerar soluções possíveis para lidar com o problema;

 - Avaliar as consequências de cada uma das diferentes soluções encontradas;

 - Escolher e colocar em prática a solução escolhida para ser testada;

 - Avaliar os resultados obtidos com a solução selecionada;

 - Se necessário, promover modificações e colocá-las em prática novamente.

 → Treinamento de habilidades sociais (assertividade)  

 Nessa técnica, o terapeuta busca o aprendizado da assertividade por meio da instrução de como fazer afirmações e solicitações legítimas. Segundo Knapp (2004), o paciente pratica comportamentos assertivos fora da sessão, numa escala de comportamentos assertivos dos mais fáceis até os mais difíceis de realizar, isto inclui aprender a escutar e interessar-se pelos outros, elogiar e gratificar.

→ Treinamento de comunicação  

 No treinamento de comunicação, o paciente treina o que quer dizer de forma clara e objetiva, sem agressividade e mostrando o que espera do outro.

 → Treinamento de escuta ativa  

 No treinamento da escuta ativa, o paciente aprende a escutar, perguntar, simpatizar, validar e refrasear (você está dizendo que...).

→ Psicoeducação

 A Psicoeducação visa a deixar o paciente informado sobre seu problema ou transtorno e mostrar como se vai trabalhar. A Psicoeducação acerca do transtorno melhora a motivação para a mudança e estimula a participação proativa do paciente na recuperação.

 Pode-se dizer que ela ajuda o paciente a retirar o aspecto distorcido que atribui a si mesmo por não ser capaz de resolver o problema, podendo ser feita por intermédio de folhetos explicativos, artigos de revistas, livros, páginas de internet e qualquer outro material que tenha informações verdadeiras (KNAPP, 2004).

 Registro de pensamentos automáticos distorcidos

 Nesse modelo, assim que o paciente perceber que seu humor está mudando – piorando –, ele deve se perguntar: O que está passando no meu pensamento?

 Dessa forma, ele identificará seu pensamento, e a partir dele irá perceber a emoção que vem junta e consequentemente o comportamento provocado.

 Essa técnica foi formulada por Aaron Beck e modificada por Judith Beck – nota-se que ela é bem parecida com a técnica de Ellis.

→ Questionamento Socrático e Descoberta Guiada  

Por intermédio de perguntas abertas, o terapeuta vai orientando o paciente de forma que ele entenda seus próprios problemas, explore possíveis soluções e desenvolva um plano para lidar com as dificuldades; seu objetivo é a avaliação independente e racional dos problemas e de suas soluções.

→ Experimentos comportamentais  

 Segundo Padesky (1994), a forma mais efetiva de examinar e desafiar o pressuposto, pensamentos e esquemas são os experimentos comportamentais, em que o paciente vai lidar com situações que não confirmem suas falsas crenças de si. Segundo Beck (2007), os experimentos comportamentais testam diretamente a validade dos pensamentos ou das suposições do paciente e são uma importante técnica avaliativa, utilizada sozinha ou acompanhada pelo questionamento socrático, podendo ser feitas dentro ou fora do consultório.

→ Técnicas de reatribuição  

 Nessa técnica, o terapeuta ajuda o paciente a flexibilizar seu julgamento por meio da identificação de outros fatores que contribuem para o resultado final ou pelo reconhecimento de diferentes critérios usados para avaliar a responsabilidade pessoal e a de terceiros. Ou seja, Cordioli (2008) mostra que essa técnica é usada quando o paciente apresenta um padrão de autoatribuição de responsabilidades irreais em relação a vários resultados negativos.

 Knapp (2004), afirma que essa técnica é usada com pacientes que frequentemente consideram-se culpados por determinadas situações, ou, ao contrário, colocam toda a culpa em outras pessoas. Seu objetivo é levar os pacientes a considerarem todos os possíveis fatores e indivíduos envolvidos em determinadas circunstâncias, e a ponderarem um nível mensurável de responsabilidade a cada um desses fatores/indivíduos.

 → Ressignificação  

 De acordo com Knapp (2004), é semelhante à reatribuição, pois seu objetivo seria ajudar o paciente a produzir uma resposta racional aos eventos, ou seja, uma versão mais lógica, realista e mais adaptativa do pensamento automático.

 

→ Seta descendente  

 Nessa técnica é feito um questionamento sucessivo sobre o significado de uma determinada cognição até alcançar seu significado mais central, podendo ser feito, segundo Cordioli (2008), mediante perguntas como: “O que isso significaria para você, e se o pior acontecer, e se isso for verdadeiro, então o que significa?”.

 → Descatastrofização  

 Essa técnica objetiva “fazer com que o indivíduo imagine a consequência mais temida e possa reavaliá-la por meio de diversas técnicas cognitivas” (CORDIOLI, 2008).

→ Exame de vantagens e desvantagens    

Cordioli (2008) afirma que o objetivo dessa técnica é ressaltar as desvantagens e enfraquecer as vantagens que mantêm uma crença. Por exemplo, com um paciente com problemas de drogas, enumeram-se as vantagens de se drogar, as vantagens de não se drogar, as desvantagens de se drogar e as desvantagens de não se drogar.

 Continuum Cognitivo  

 Segundo Cordioli (2008), essa técnica deve ser usada quando uma das distorções predominantes é o pensamento dicotômico. Assim, o terapeuta cria um continuum cognitivo, de 0 a 100%, para o que se está avaliando, em termos de tudo ou nada. Depois se pede que o paciente compare seu desempenho com o de outros indivíduos, posicionando-os no gráfico, facilitando assim que o paciente avalie-se de forma mais relativa.

 →Técnica do gráfico em forma de pizza  

 Usado para o paciente ver suas ideias em forma de gráfico. Digamos que ele poderia colocar no gráfico metas que se queira alcançar, fazendo assim dois gráficos, um com o real e outro com o que considera ideal. Cordioli (2008) diz que a visualização dos pensamentos em gráfico é útil para que o paciente discrimine qual sua parcela de responsabilidade em algum resultado ou o quanto deseja investir em alguma área de sua vida.

 Role-play   Esta técnica pode ser usada para uma ampla variedade de propósitos, ou seja, uma dramatização que pode ser usada na identificação de pensamentos automáticos, para desenvolvimento de uma resposta racional e para a modificação de crenças, sendo também usada para aprender habilidades sociais (BECK, 1997).  

 → Cartões de enfrentamento  

 Nessa técnica, se usam cartões pequenos, geralmente de tamanho 8x13cm, que o paciente o mantém por perto, em gavetas, na carteira, na bolsa, no bolso, fixados em espelhos, geladeira ou painel do carro; assim, o paciente deve seguir uma rotina de lê-los algumas vezes por dia num período regular (BECK, 1997).

 

Ele pode assumir algumas formas diferentes (BECK, 1997):

Escrever em um dos lados um pensamento automático ou uma crença, seguida de sua resposta adaptativa; do outro, escrever estratégias comportamentais para uma situação problemática específica, assim, motivando o paciente;

 

Escrever estratégias que foram discutidas na sessão a fim de lembrar o paciente;

 

Usado para motivar o paciente quando este estiver desmotivado.

 

→ Empirismo colaborativo  

 Aqui, o trabalho é conjunto entre terapeuta e paciente, que usam experimentos para confirmar e refutar as hipóteses levantadas para explicar o sofrimento psicológico do paciente e criar novos mecanismos, mais adaptáveis, para lidar com eles.

 → Biblioterapia  

 Podemos dizer que esta técnica consiste na leitura de variados materiais, possibilitando que o paciente obtenha mais informações fora da sessão e com isso, segundo Cordioli (2008), reestruture certas cognições.

 A Biblioterapia pode ser feita por meio da indicação de livros, páginas de internet (confiáveis), folhetos e outros tipos de literatura.

3.5 CONCEITOS BÁSICOS DA TERAPIA COGNITIVA


 De acordo com Dobson & Franche (2002), a terapia cognitiva foi desenvolvida por Aaron Beck quando realizava trabalhos com pessoas depressivas, seu modelo cognitivo de disfunção enfatiza o potencial dos indivíduos para perceber negativamente o ambiente e os acontecimentos que os rodeiam e, por meio destas percepções negativas, criar neles mesmos a perturbação emocional.


A Terapia Cognitiva identifica três níveis de pensamento, como já falamos anteriormente: os pensamentos automáticos, as crenças intermediárias e as crenças centrais.

 Os pensamentos automáticos são conteúdos espontâneos que fluem em nossa mente a partir de acontecimentos do nosso dia a dia; as crenças intermediárias correspondem ao segundo nível de pensamento e refletem ideias ou entendimentos mais profundos que os pensamentos automáticos e ocorrem sob a forma de suposições ou regras; e as crenças centrais, seriam o nível mais profundo da estrutura cognitiva, são compostas por ideias absolutistas, rígidas e globais que um indivíduo tem sobre si mesmo.

Beck (1997) faz distinção entre esquemas e crenças, pois estas são as ideias mais centrais da pessoa a respeito do self, enquanto esquemas seriam as estruturas cognitivas dentro dos pensamentos, cujo conteúdo específico refere-se às crenças centrais.

 Knapp (2004) também confirma essa distinção e acrescenta que na literatura os conceitos de crenças, mais especificamente as nucleares, com frequência são usados indistintamente, mas de acordo com o propósito clínico, podemos fazer a seguinte diferenciação:

 - Esquemas são estruturas cognitivas;

 - Crenças referem-se ao conteúdo dos esquemas.

 De acordo com alguns autores como Falcone (2001), Knapp (2004) e Beck (2000) são feitas algumas distinções a esses conceitos em seguida

 

·       PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS

 - Distorcidos, ocorrendo apesar das evidências encontradas;

 - Acurados, mas com a conclusão distorcida;

 - Acurados, mas totalmente disfuncionais.

 Quando os pensamentos automáticos se tornam conscientes, é possível se fazer uma avaliação da realidade e se existe ou não uma disfunção psicológica a ser trabalhada.

 Então, qual seria o trabalho de um terapeuta cognitivo? O terapeuta cognitivo está preocupado em identificar os pensamentos disfuncionais, ou seja, os pensamentos que trazem prejuízo ao funcionamento psíquico de um indivíduo, pois de certa forma distorcem a realidade e dificultam o alcançar metas.

 Geralmente esses pensamentos são breves e o paciente está mais ciente da emoção do que o pensamento em si, podendo vir de forma verbal ou visual ou em ambas as formas, bem como podem ser avaliados de acordo com sua utilidade e validade.

→ Crenças  

 As crenças podem ser:  

 • Intermediárias;

 • Centrais.  

 • Crenças intermediárias: Correspondem ao segundo nível de pensamento e refletem ideias ou entendimentos mais profundos que os pensamentos automáticos e ocorrem sob a forma de suposições ou regras.

 

Constituem uma forma que o indivíduo encontrou para reduzir o sofrimento provocado pelas crenças centrais.

 

Essas crenças pressupõem que:  

 Desde que determinadas regras, normas e atitudes sejam cumpridas, não haverá problemas, e o indivíduo se mantém relativamente estável e produtivo. No entanto, se, por alguma circunstância, esses pressupostos não estão sendo cumpridos, o indivíduo torna-se vulnerável ao transtorno emocional quando as crenças nucleares negativas são ativadas (KNAPP, 2004, p. 25).

 • Crenças centrais: Seriam o nível mais profundo da estrutura cognitiva e compostas por ideias absolutistas, rígidas e globais que um indivíduo tem sobre si mesmo, as pessoas e o mundo.

 São incondicionais, isto é, independentemente da situação que se apresente ao indivíduo, ele irá pensar de modo consoante com suas crenças. Segundo Knapp (2004), as crenças centrais vão se construindo e se formando desde experiências de aprendizado mais primitivas e são fortalecidas ao longo da vida, moldando a percepção e a interpretação dos eventos, modelando o jeito psicológico de ser.

 Caso não haja ações corretivas dessas crenças centrais disfuncionais, o indivíduo irá considerá-las como verdades absolutas e imutáveis. O objetivo último da terapia é a modificação dessas crenças disfuncionais, o que irá resultar em mudanças duradouras na vida do indivíduo, mas que fique claro que o terapeuta inicia o processo sempre modificando os pensamentos automáticos para depois chegar até as crenças.

 As crenças centrais disfuncionais podem ser colocadas em dois grandes grupos, expandidos agora para três, de acordo com Beck (2000):

• Crenças nucleares de desamparo:  

Crenças sobre ser impotente, frágil, vulnerável, carente, desamparado e necessitado.

 • Crenças centrais de desamor:  

 Crenças sobre ser indesejável, incapaz de ser gostado, incapaz de ser amado, sem atrativos, imperfeito, rejeitado, abandonado e sozinho.

• Crenças centrais de desvalor:  

Crenças sobre ser incapaz, incompetente, inadequado, ineficiente, falho, defeituoso, enganador, fracassado e sem valor.

O desenvolvimento de novas pressuposições e crenças centrais pode reduzir a angústia e facilitar a mudança do comportamento de forma que esteja de acordo com as novas crenças.

Essas pressuposições e as crenças, frequentemente, são adquiridas na infância quando a criança interage com outras pessoas significativas e encontra uma série de situações que confirmem essa ideia.

As crenças centrais negativas são usualmente globais, rígidas e supergeneralizadas. Quando ativada, o paciente facilmente é capaz de processar informações que a apoiam, mas falha em reconhecer e distorce informações que são contrárias a ela. As crenças levam a sofrimento psíquico e comportamentos desadaptativos além de dificultarem a concretização dos objetivos.

→ Esquemas

 De acordo com Beck (2000), esquemas seriam estruturas de cognição com significados, servindo como o principal caminho para o funcionamento ou adaptação psicológica.

 Os esquemas são considerados ingredientes de suma importância no modelo cognitivo, pois eles servem para moldar os dados em cognições, constituindo a base para extrair, diferenciar e codificar os estímulos que confrontam o indivíduo.

 

Beck (1997) mostra que os tipos de esquemas empregados determinam como o indivíduo estruturará experiências diferentes e que, quando eles são ativados em uma situação específica, determinam diretamente o modo como a pessoa responde.

 De acordo com Beck (2000), esquemas seriam estruturas de cognição com significados, servindo como o principal caminho para o funcionamento ou adaptação psicológica.    

 Entende-se que esse significado refere-se à interpretação da pessoa sobre um determinado contexto e da relação daquele contexto com ela. Os esquemas seriam estruturas e estariam compostos por crenças. Para o melhor entendimento de esquemas, como se dividem, não podemos deixar de ressaltar a Teoria dos Esquemas. Young (2003) conceitua esquema como uma estrutura cognitiva que filtra, codifica e avalia os estímulos a que o organismo é submetido – como veremos nos próximos tópicos.

→ Modelo Cognitivo

 Como já sabemos, a terapia cognitiva baseia-se no modelo cognitivo, que defende a hipótese de que as emoções e os comportamentos das pessoas são influenciados por sua percepção dos eventos.

 Não é uma situação por si só que determina o que as pessoas sentem, mas, antes, o modo como elas interpretam uma situação. O modelo cognitivo de interações (cognição, humor e comportamento) sugere uma variedade de intervenções, que vão desde as programadas para a modificação do afeto, para alcançar mudança comportamental, como também, intervenções focalizadas nas cognições.

Um fator muito importante a ser considerado na terapia cognitiva diz respeito à familiarização do paciente no modelo cognitivo, no qual o paciente será ensinado:

- A identificar os seus pensamentos automáticos que ocorrem em situações problemáticas;

- A reconhecer os efeitos que eles produzem na emoção e no comportamento;

- A responder de forma eficaz a esses pensamentos disfuncionais.

Então, o modo como as pessoas se sentem está associado ao modo como elas interpretam e pensam sobre as coisas e situações. A situação em si não determina diretamente como elas se sentem, mas o pensamento desse sujeito sobre essa situação é que vai determinar seu comportamento, assim sua resposta emocional é intermediada por sua percepção da situação.

 Tendo identificado seus pensamentos automáticos, você pode avaliar sua validade. Se o sujeito verifica que a interpretação dele é errônea e a corrige, você provavelmente descobre que o seu humor melhora.

 Em termos cognitivos, quando pensamentos disfuncionais são sujeitos à reflexão racional, nossas emoções em geral mudam. E é isso que a terapia busca: pensamentos racionais, reflexão racional, para que não caiamos nas armadinhas da nossa mente.

 

→ Conceituação cognitiva  

 Conceituação Cognitiva é a formulação do caso, embasada na concepção cognitiva dos transtornos emocionais do paciente. Por intermédio da conceptualização ou conceituação cognitiva serão percebidos os seguintes aspectos (KNAPP, 2004):  

 - Os problemas atuais e os fatores estressores precipitantes que contribuíram para seus problemas psicológicos ou interferiram em sua habilidade para resolvê-los;

 - As aprendizagens e experiências antigas que contribuíram para os problemas atuais,

 - Os pensamentos automáticos, as crenças intermediárias e as crenças centrais;

 - Os mecanismos cognitivos, afetivos e comportamentais que ele desenvolveu para enfrentar suas crenças disfuncionais;

 - Como ele percebe a si mesmo, os outros e o mundo.

 Quando temos pensamentos automáticos negativos, geralmente damos importância a dados que confirmam nossas conclusões. Uma forma muito importante de desfazer esses pensamentos é reunir evidências que apoiam e não apoiam os pensamentos, assim ajudaríamos a esclarecer nossos pensamentos e reduzir a intensidade dos estados de humor angustiantes.

De acordo com Greenberger (1999), quando as evidências não apoiam os pensamentos automáticos, devemos construir um ponto de vista alternativo da situação que seja mais coerente com as evidências. Percebemos como as evidências são importantes para desfazer esses pensamentos automáticos, que aparecem nas nossas mentes.

 Caso as evidências apoiem apenas parcialmente os pensamentos automáticos, devemos construir um pensamento compensatório que resuma as evidências que apoiam e contradizem o pensamento original.

3.6 TEORIA FOCADA EM ESQUEMAS DE YOUNG    


 Abordaremos aqui algumas teorias do desenvolvimento cognitivo, para que possamos entender como se dá a formação dos esquemas e crenças discutidos por Young.

 De acordo com Papalia (2000), a maioria dos pesquisadores do desenvolvimento cognitivo usa umas das quatro abordagens para estudos de questões referentes ao desenvolvimento cognitivo:

1-     Abordagem Behaviorista: como já detalhamos anteriormente, estuda a mecânica básica da aprendizagem, preocupando-se em como o comportamento muda em resposta à experiência.

2-     Abordagem Piagetiana: observa as mudanças na qualidade do funcionamento cognitivo, ou o que a pessoa é capaz de fazer; faz relação com a evolução das estruturas mentais e como as crianças se adaptam ao seu ambiente, sustentando que a cognição se desenvolve em etapas.

3-     Abordagem Psicométrica: Tenta medir as diferenças individuais em termos de quantidade de inteligência.

4-     Abordagem do Processamento de Informação: Concentra-se nas diferenças individuais quanto ao modo no qual as pessoas usam sua inteligência, focando os processos envolvidos na percepção e no manuseio de informação.

Como podemos perceber, cada abordagem tem sua importância e todas nos ajudam a compreender o comportamento inteligente.

Nesse tópico, focaremos nosso estudo em Piaget e Bartlett, pois segundo Beck & Freeman (1993), o conceito de esquemas tem uma história relativamente ligada a estes dois teóricos, que foram os primeiros a definir o que seria um esquema descrevendo-o como estruturas que integram e atribuem significados aos eventos, em seguida trabalharemos como se dá o processamento de informações.

Segundo Mussen (2001), Piaget acreditava que o desenvolvimento do conhecimento é um processo ativo dependente da interação entre a criança e o ambiente. A criança não possui um conjunto predefinido de habilidades mentais e nem é um recipiente passivo de estímulos do ambiente.

A partir da infância, o movimento cada vez mais dá lugar ao pensamento e o aprendizado continua a ser um processo interativo.

Papalia (2000) cita que Piaget acreditava que o núcleo do comportamento inteligente estaria numa capacidade inata de adaptar-se ao ambiente, pois é a partir daí que ele descreve o desenvolvimento cognitivo como uma série de estágios. Em cada estágio a criança desenvolve uma nova maneira de pensar e responder ao ambiente; esse desenvolvimento ocorreria por meio de três princípios que estão inter-relacionados: organização, adaptação e equilibração.

A organização cognitiva é a tendência de criar sistemas de conhecimento cada vez mais complexos. Desde que nascem, as pessoas organizam o que conhecem por meio de representações mentais da realidade que as ajudam a dar sentido a seu mundo. Dentro dessas representações mentais encontram-se as estruturas chamadas esquemas, que podem ser conceituados como padrões organizados de comportamento que uma pessoa usa para pensar e agir em uma situação.

À medida que as crianças adquirem mais informação, seus esquemas tornam-se cada vez mais complexos, progredindo as maneiras de realizar ações motoras até o pensamento crítico sobre percepções sensoriais, e depois até o pensamento abstrato.

 A adaptação é o modo como lidamos com as novas informações, que vai envolver a assimilação – que seria tomar uma informação e incorporá-la em estruturas cognitivas existentes –, e a acomodação – que seria mudar nossas ideias para incluir um novo conhecimento.  

Já a equilibração é uma busca constante de equilibrio, entre a criança e o mundo exterior e entre as próprias estruturas cognitivas da criança.

 Papalia (2000) afirma que, segundo Piaget, os esquemas têm origem no exercício dos reflexos, ou seja, o recém-nascido, ao exercitar seus reflexos hereditários começa a relacionar o contexto no qual o reflexo é aplicado com a situação alcançada por ele, dando origem aos esquemas.

 Essas informações nos mostram que o esquema piagetiano é uma estrutura cognitiva dinâmica que se modifica ao longo do tempo, agregando conhecimento. É por meio de suas interações, das experiências que a criança vivencia, que ela constrói ativamente os seus conhecimentos.

 A ação da criança sobre os objetos é que possibilita a formação da inteligência, em que a estrutura lógica é formada pelo desenvolvimento cognitivo, e neste sentido, a socialização, a linguagem, a curiosidade é expressão do desenvolvimento cognitivo.

 Não se esquecendo de citar Bartlett, Atkinson (2002) afirma que talvez ele tenha sido o primeiro psicólogo a estudar sistematicamente os efeitos dos esquemas sobre a memória. Ele sugeriu que distorções de memórias muito semelhantes àquelas que ocorrem quando encaixamos pessoas em estereótipos podem ocorrer quando tentamos encaixar narrativas em esquemas.

 O que Bartlett concluiu na sua pesquisa sobre os esquemas é que os dois aspectos da memória, preservar e construir, podem sempre estar presentes, embora sua ênfase relativa possa depender da situação exata.

 Fica bem claro como Piaget e Bartlett querem definir um esquema: uma representação mental de uma classe de pessoas, objetos, eventos e situações. Como sabemos, o desenvolvimento intelectual é um processo que começa desde o nascimento da criança (e, possivelmente, antes).

Papalia (2000) nos confirma isso quando diz que um bebê ao nascer apresenta comportamentos simples e também alguns reflexos. Ele necessita de toda a atenção e cuidados do adulto, sozinho ele não sobreviveria, pois o período que vai do nascimento à aquisição da linguagem é marcado por um extraordinário e complexo desenvolvimento da mente.  

A criança progressivamente aumenta o autocontrole do seu próprio corpo e sentimentos. Assim, ela conseguirá pouco a pouco lidar com as demandas da vida.

 A partir dessas concepções básicas citadas anteriormente, percebemos o quanto Piaget contribuiu para a descoberta dos processos de pensamentos e dos mecanismos de aprendizagem e como ele chegou à definição do que seria um esquema.

 

Para entendermos de forma clara o que seriam realmente os esquemas de Young já fizemos uma breve revisão sobre a Terapia Cognitiva anteriormente, que é o ponto-chave para entendermos a definição de esquemas.

 Para o entendimento da evolução e desmistificação de como são esses esquemas e como se dividem, não podemos deixar de ressaltar a Teoria dos Esquemas de Young (2003), que conceitua esquema como uma estrutura cognitiva que filtra, codifica e avalia os estímulos a que o organismo é submetido.

 Young é responsável por uma abordagem chamadaTerapia focada nos Esquemas”, que se baseou na Terapia Cognitiva de curto prazo, terapia esta que se refere à abordagem de terapia Cognitiva de 16 a 20 sessões, originalmente desenvolvida por Beck e colegas para tratamento da depressão. Young usou a teoria dos esquemas para tratar pessoas com transtorno de personalidade.

 Young (2003) propõe alguns constructos para tratamento de pacientes com transtorno de personalidade, que seriam muito difíceis de tratar por meio do modelo cognitivo, ele propõe uma expansão do modelo cognitivo proposto por Beck.  Seriam eles:  

 1→ Esquemas Iniciais Desadaptativos (EIAs);

 2→ Domínio de um esquema;

 3→ Processos de um Esquema:

 4→ Manutenção de um esquema;

 5→ Evitação dos esquemas;

 6→ Compensação dos esquemas.

 Agora, conceituaremos cada um, para que a Teoria dos Esquemas de Young fique mais clara.  

 → Esquemas Iniciais Desadaptativos (EIAs):

 Young (2003) diz que esses esquemas referem-se a temas extremamente estáveis e duradouros que se desenvolvem durante a infância, são elaborados ao longo da vida e são disfuncionais em um grau significativo. A grande maioria desses esquemas são crenças e sentimentos incondicionais sobre si mesmo em relação ao ambiente, sendo autoperpetuadores e, portanto, muito resistentes à mudança. Eles podem levar a um sofrimento psicológico, seja direta ou indiretamente, sua ativação é feita por meio de acontecimentos ambientais relevantes para um esquema específico, sendo mais ligados a altos níveis de afeto quando ativados do que a suposições subjacentes.

 Eles parecem ser resultado de um temperamento inato da criança interagindo com experiências disfuncionais com os pais, irmãos e conhecidos durante os primeiros anos de vida, ou seja, em sua maioria não são resultados de acontecimentos traumáticos isolados, a maioria é causada por padrões continuados de experiências nocivas cotidianas com outras pessoas que reforçam de alguma maneira o esquema.

Domínio de um esquema:

 Segundo Young (2003), são cinco necessidades desenvolvimentais primárias que a criança precisa negociar para se desenvolver de maneira sadia.

 Podemos dizer que questões como temperamento inato e a biologia desempenham um papel no desenvolvimento de alguns desses esquemas. Assim, esses dois fatores associados ou combinados com os estilos parentais e as influências sociais às quais a criança está exposta é que desenvolve as tarefas (conexão e aceitação, autonomia e desempenho, limites realistas, auto-orientação e autoexpressão, espontaneidade e prazer) relacionadas com os esquemas que citamos acima, ou seja, quando os pais e o ambiente social são ótimos, as crianças se desenvolvem de maneira sadia em todas as cinco áreas, caso esse ambiente não seja bom, a criança pode desenvolver Esquemas Iniciais Desadaptativos em um ou mais dos domínios de esquemas, que persistem por toda a vida e tornam-se princípios organizadores do funcionamento cognitivo, emocional, interpessoal e comportamental do paciente.

  → Caso não consiga, terá dificuldades para funcionar nos seguintes domínios de esquemas:

 • Desconexão e rejeição;

 • Autonomia e desempenhos prejudicados;

 • Limites prejudicados;

• Orientação para o outro;

 • Supervigilância e inibição.

 Os esquemas que fazem parte desses domínios serão citados detalhadamente no decorrer deste capítulo.  Agora, falaremos de Processos de um Esquema:  

 • Manutenção de um esquema;

 • Evitação dos esquemas;

 • Compensação dos esquemas.

 

 Manutenção de um esquema:

 Refere-se a processos pelos quais os esquemas iniciais adaptativos (EIAs) são reforçados. Essa manutenção, de acordo com Young (2003), acontece salientando ou exagerando informações que confirmam os esquemas e negando ou minimizando informação que contradizem o esquema. Muitos desses processos de manutenção dos esquemas são descritos por Beck como distorções cognitivas. O terapeuta geralmente encontra uma enorme resistência quando começa a contestar esses esquemas, pois o paciente tem certeza que eles são verdadeiros. Nesses processos, incluem-se distorções cognitivas explicadas em nível cognitivo e padrões de comportamento autoderrotistas, explicados em nível comportamental, que são os principais mecanismos de manutenção de esquemas e juntos servem para perpetuá-los, tornando-os cada vez mais inflexíveis.

 → Evitação dos esquemas: São três os tipos mais importantes de evitação dos esquemas – cognitivo, afetivo e comportamental – eles permitem que o paciente escape da dor associada ao seu EID.  

 Compensação dos esquemas: Refere-se a processos que supercompensam os EIA.

Vale ressaltar que em Young (2003) foram citados 18 Esquemas Iniciais Desadaptativos, estando agrupados nos cinco domínios de esquemas abaixo:

 → Desconexão e rejeição  

 Expectativa de que as necessidades de segurança, estabilidade, carinho, empatia, compartilhamento de sentimentos, aceitação e respeito não serão atendidos, previsivelmente. A família de origem é tipicamente desligada, rejeitadora, refreada, solitária, explosiva, imprevisível ou abusiva.

 Esquemas associados:

 • Abandono/instabilidade;

 • Desconfiança/abuso;

 • Privação emocional;

• Defectividade/vergonha;

 • Isolamento social/alienação.

 

Autonomia e desempenhos relacionados

 Expectativa sobre si mesmo e o ambiente que interferem na capacidade percebida de separar-se, sobreviver, funcionar independentemente ou ter um bom desempenho.

 A família de origem é tipicamente emaranhada, abala a confiança da criança em si mesma, é superprotetora ou não consegue reforçar a criança para ter um desempenho competente fora da família.

 Esquemas relacionados:  

 • Dependência/incompetência;

 • Vulnerabilidade/incompetência;

 • Emaranhamento/self subdesenvolvido;

 • Fracasso.

 

→ Limites prejudicados  

 Deficiência em limites internos, responsabilidade com os outros ou orientação para objetivos em longo prazo.

 A família de origem é tipicamente caracterizada pela permissividade, excesso de indulgência, falta de direção ou senso de superioridade em vez de confrontação, disciplina e limites apropriados em relação a assumir responsabilidades, cooperar de maneira recíproca e estabelecer metas.

Esquemas relacionados:    

 • Merecimento/grandiosidade;

 • Autocontrole/autodisciplina insuficientes;

 → Orientação para o outro  

 Um foco excessivo nos desejos, sentimentos e respostas dos outros, à custa das próprias necessidades a fim de obter amor e aprovação, manter o sentimento de conexão ou evitar retaliação. A família de origem é tipicamente baseada na aceitação condicional, em que as crianças precisam suprimir aspectos importantes de si mesmas a fim de obter amor, atenção e aprovação.

Esquemas relacionados:  

 

• Subjugação;

 • Autossacrifício;

 • Busca de aprovação/busca de reconhecimento.

→ Supervigilância e inibição  

Nesse esquema, há uma ênfase excessiva na supressão dos sentimentos, dos impulsos e das escolhas pessoais espontâneas ou na criação de regras e expectativas internalizadas rígidas sobre desempenho e comportamento ético à custa da felicidade, autossupressão, relaxamento íntimo ou saúde. A família de origem é tipicamente severa, exigente e, às vezes, punitiva.

 Esquemas relacionados:  

 • Negativismo/pessimismo;

 • Inibição emocional;

• Padrões inflexíveis/crítica exagerada;

 • Caráter punitivo.

 Na teoria da terapia cognitiva, a natureza e a função do processamento de informação, formação de esquemas (atribuição de significados), constituem a chave para entender o comportamento mal adaptativo e os processos terapêuticos adaptativos.

Neste sentido, percebe-se que um estado psicológico não é nem adaptativo, nem mal adaptativo em si, mas encontra-se em relação ao contexto do ambiente social e físico mais amplo no qual a pessoa está inserida.

 O significado que uma pessoa atribui a uma situação, ou a forma como um evento é estruturado, construído por uma pessoa, é que determina como aquela pessoa se sentirá e se comportará.

 Beck (2003) simplifica isso quando diz que as crenças que temos sobre nós mesmos, sobre o mundo e sobre o futuro determinam o modo como nos sentimos: o que e como as pessoas pensam afetam profundamente o seu bem-estar emocional. E é desse princípio que vem a ideia de que, examinando nossas crenças e, nos apropriando e modificando-as, afetamos diretamente o nosso bem-estar emocional.

Podemos entender isso melhor quando percebemos como se dá a formação de um esquema: nossas respostas emocionais e comportamentais, bem como nossa motivação, não são influenciadas diretamente por situações, mas sim pela forma como processamos essas situações, em outras palavras, pelas interpretações que fazemos dessas situações, por nossa representação dessas situações, ou pelo significado que atribuímos a elas.

As nossas interpretações, representações ou atribuições de significado, por sua vez, refletem-se no conteúdo de nossos pensamentos automáticos, contidos em vários fluxos paralelos de processamento cognitivo que ocorrem em nível pré-consciente.

O conteúdo de nossos pensamentos automáticos, pré-conscientes, reflete a ativação de estruturas básicas inconscientes, os esquemas e crenças, e o significado atribuído pelo sujeito ao real. Nossas interpretações, representações, ou atribuições de significado atuam como variável mediacional entre o real e as nossas respostas emocionais e comportamentais. Daí decorre que, para modificar emoções e comportamentos, intervimos sobre a forma do indivíduo processar informações, ou seja, interpretar, representar ou atribuir significado a eventos, em uma tentativa de promover mudanças em seu sistema de esquemas e crenças.

Como já foi dito, as crenças estão contidas dentro dos esquemas, ou seja, “as crenças são um registro da história de cada entidade, da confiança que temos em obter as coisas que desejamos ou em ter sucesso em nossas empreitadas” (LE BON, 2001, p. 58).

 Por intermédio da história de vida do sujeito e com base em experiências relevantes desde a infância, desenvolvemos um sistema de esquemas, que estão cheios de crenças, localizado em nível inconsciente ou, utilizando conceitos da Psicologia Cognitiva, em nossa memória implícita.

 Esquemas, nesse sentido, podem ser definidos como superestruturas cognitivas, que refletem regularidades passadas, conforme percebidas pelo sujeito. Ao processarmos eventos, os esquemas implicitamente organizam os elementos da percepção sensorial, ao mesmo tempo em que são atualizados por eles, em uma relação circular.

 Os esquemas ainda dirigem o foco de nossa atenção. Como já foi explicitado, incorporadas aos esquemas, são desenvolvidas crenças básicas e pressuposições intermediárias específicas para diferentes classes de eventos, as quais são ativadas em vista de eventos críticos eliciadores.

 A ativação dessas crenças reflete-se em nosso pré-consciente, nos conteúdos dos pensamentos automáticos, que representam nossa interpretação do evento, ou o significado atribuído a ele.

 Esses, por sua vez, influenciam a qualidade e intensidade de nossa emoção e a forma de nosso comportamento frente a essa determinada situação.

 Sintetizando como essas crenças atuam podemos dizer, que elas se desenvolvem na infância à medida que a criança interage com outras pessoas significativas e encontra uma série de situações que confirmem essa ideia, e essas crenças centrais negativas podem vir à tona apenas durante momentos de aflição psicológica.

 Segundo Beck (1997), quando uma crença central é ativada, o sujeito é facilmente capaz de processar informações que a apoiam, mas ele frequentemente falha em reconhecer e distorce as informações que são contrárias à crença central.

 Chegamos até aqui com o propósito de mostrar que a construção de significados é muito importante e que esses significados interferem na nossa vida, pois essas crenças que adquirimos tornam-se verdades absolutas e são apenas ideias que podem ser modificadas.

 Como diz Silva (2003), um sistema de crenças e valores é capaz de conferir continuidade e coerência a nossas vidas, em razão de nos ajudar a tomar decisões e a avaliar a importância das experiências pessoais. Temos a tendência de aceitar melhor aquilo que está de acordo com nossas crenças e, ao aceitar, nós o validamos como verdadeiro.

3.7 DIFERENÇA ENTRE COGNITIVISMO E O CONSTRUTIVISMO


 Algumas concepções alicerçam a teoria e a prática dos diferentes modelos cognitivos. Temos o cognitivismo tradicional (cognitivismo-objetivo) e o cognitivismo construtivista (construtivista).

 De acordo com Nabuco (2003), para os cognitivistas o conceito de realidade e de construção de significados pode ser entendido como fruto direto das representações extraídas da realidade externa, ou seja, no desenvolvimento da nossa cognição, exibimos uma inclinação natural para revelar internamente os significados da existência concreta externa.

 Os conceitos já estão existentes no mundo exterior. Evidencia-se a busca contínua daquilo que objetivamente existe no mundo. Ao nos defrontarmos com o mundo, abstrairemos os conceitos possíveis, e nosso pensamento, em sua atividade, buscará tais eventos. Segundo Beck (1964), não é a situação e o contexto que determinam o que as pessoas sentem, mas sim o modo como elas interpretam os fatos.

 

Dessa forma, percebe-se que conhecimento é uma representação imediata do mundo exterior, dessa realidade que é única.

 Já para o construtivismo, os conceitos de realidade e construção de significados encontram-se subordinados à influência das emoções. É por meio dos elementos proprioceptivos e das estruturas vivenciais (aquelas que interpretam os estímulos pela experiência) que ocorrerão esses processos. Assim, a realidade interna será vista como derivada do modo pelo qual cada indivíduo sente emocionalmente o mundo, mediante percepções corpóreas e tácitas produzidas pelo seu aparecimento.

 Percebemos que aqui, primeiro sente-se algo para depois pensar no seu conteúdo, a emoção sempre criará problemas para o pensamento resolver. No quesito emoção, os cognitivistas afirmam que as emoções são derivadas dos padrões de pensamento, pautadas nas crenças, direcionando a maneira como as pessoas interpretam a situação.

Para o construtivismo, as emoções não são nem racionais, nem irracionais, mas sim adaptativas por natureza. Não são as emoções que nos afligem, mas a dificuldade de entendê-las.

 Somos aquilo que sentimos que somos. A psicopatologia afirma, cognitivamente, que algumas doenças surgem de pensamentos negativos automáticos e quanto mais se desenvolverem os sintomas, mais intensos se tornarão os PNAs, maior será a validade da crença central disfuncional, mantendo o círculo vicioso em atividade. As crenças disfuncionais deslocam as estruturas mais adaptativas, compostas por crenças mais razoáveis e adaptativas, prevalecendo nos atos finais de significação.

 Nabuco (2003) diz que o construtivismo, as disfunções e os distúrbios emocionais surgem quando as pessoas não se sentem autorizadas a reconhecer, sentir ou até mesmo legitimar determinadas emoções. Aqui, os padrões desadaptativos ou dolorosos da experiência emocional refletem as tentativas individuais de adaptação e desenvolvimento.

 No tratamento, o cognitivismo foca a eliminação, o controle ou a substituição dos padrões negativos do pensamento. Propõe-se a identificação, seguida da alteração dos padrões irracionais por padrões mais lógicos e realistas. Para o construtivismo, a ênfase está na experiência e na expressão apropriada das emoções, assim como na exploração do seu desenvolvimento

 

MÓDULO IV

 

 

 

 

3.8 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS    


 Os princípios que aqui citaremos são de extrema importância para se entender e trabalhar com a terapia cognitiva, sendo citados em Beck (2003):  

 - Formulação em contínuo desenvolvimento do paciente e de seus problemas

 Percebe-se que os comportamentos problemáticos, ao mesmo tempo em que fluem do pensamento disfuncional, também reforçam os pensamentos do paciente. O terapeuta também identifica fatores precipitantes que influenciam as percepções do paciente.

 E podemos dizer que ele deve levantar hipóteses sobre eventos desenvolvimentais e padrões duradouros de interpretação desses eventos que podem ter predisposto o paciente ao transtorno ou problema a que ele está acometido.

Assim, o terapeuta baseia sua formulação nos dados que o paciente traz e continua a refinar a conceituação ao longo da terapia. Em alguns momentos o terapeuta partilha a conceituação com a paciente para ter certeza que está indo no caminho certo.

 O paciente aprende principalmente a identificar os pensamentos associados a seu sentimento, ou seja, que esses são condutores de seu comportamento e, assim, avaliar e formular respostas mais adaptativas ao seu pensamento, para se ter comportamentos funcionais.

 Aliança terapêutica segura  

 A terapia cognitiva requer uma aliança terapêutica segura, por que muitos pacientes têm dificuldade em confiar e trabalhar com seu terapeuta. Assim, este deve demonstrar todos os ingredientes básicos necessários em uma situação de aconselhamento, que são:  

 • Cordialidade;

 • Empatia;

 • Atenção;

 • Respeito genuíno;

 • Competência.

 Demonstre fazendo declarações empáticas, escutando com atenção e cuidado, resumindo cuidadosamente seus pensamentos e sentimentos e sendo realisticamente otimista.

 - Colaboração e participação ativa  


     A terapia cognitiva enfatiza colaboração e participação ativa. Dessa forma, o terapeuta deve encorajar o paciente a ver a terapia como um trabalho em equipe, em que juntos eles decidem coisas, como o que trabalhar em cada sessão, a frequência com que eles deveriam encontrar-se e o que deveriam fazer, entre as sessões, como tarefa de casa da terapia.
      A princípio, o terapeuta é mais ativo em sugerir uma direção, mas o terapeuta deve encorajar o paciente a tornar-se mais ativo nas sessões, como decidir sobre que tópicos falar, identificar as distorções em seu pensamento, resumir pontos importantes e projetar tarefas para casa.
 

 

- Terapia orientada em metas e focalizada em problemas

 A terapia cognitiva é orientada em meta e focalizada em problemas. Na sessão inicial, o terapeuta deve pedir para seu paciente, enumerar seus problemas e estabelecer metas específicas, ou seja, o paciente deve relatar quais são seus problemas, o que lhe angustia, e depois tentar buscar soluções para resolver estes problemas, que seriam as metas.

 

O terapeuta deve ajudar o paciente a avaliar e responder a seus pensamentos que interferem em suas metas e a avaliar a validade desses pensamentos no consultório por meio de um exame de evidências.

 Uma vez que o paciente reconhece e corrige a distorção em seu pensamento, ele é capaz de beneficiar-se com a resolução de problemas diretamente para melhorar seus relacionamentos. Portanto, o terapeuta presta atenção particular aos obstáculos que impedem o paciente de resolver problemas e atingir metas por si mesmo. Percebemos que o terapeuta precisa conceituar as dificuldades específicas do paciente e avaliar o nível apropriado de intervenção.

 - Educativa  

A terapia cognitiva é educativa, visa ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza prevenção da recaída.

 Na sessão inicial, o terapeuta deve educar o paciente sobre informações que dizem respeito a seu transtorno, sobre o processo da terapia cognitiva, como a terapia trabalha esse transtorno e sobre o modelo, como a terapia cognitiva conduzirá o problema. Dessa forma, o paciente aprenderá a estabelecer metas, identificar e avaliar pensamentos e crenças e planejar mudança comportamental, mas também aprenderá como fazer isso sozinho e depois continuar sem a ajuda do terapeuta.

 - Tem tempo limitado  

 A terapia cognitiva visa ter um tempo limitado. O terapeuta tem metas para serem trabalhadas com seus pacientes

• Prover alívio de sintomas;

 • Facilitar uma remissão do transtorno;

 • Ajudar a resolver seus problemas mais prementes.

Pacientes com depressão ou transtornos de ansiedade são tratados de quatro a 14 sessões, porém nem todos os pacientes fazem progresso suficiente em apenas alguns meses. Alguns pacientes requerem um ou dois anos de terapia (ou possivelmente mais) para modificar as crenças disfuncionais muito rígidas e os padrões de comportamento que contribuem para a sua angústia crônica.

 - Sessões estruturadas  

 As sessões de terapia cognitiva são estruturadas. O terapeuta cognitivo deve estruturar e estabelecer o que vai ser feito em cada sessão, assim ele verifica o humor do paciente, solicita uma breve revisão da semana, estabelece, de comum acordo entre ambos, uma agenda para a sessão, obtém feedback sobre a sessão anterior, revisa a tarefa de casa, discute os itens da agenda, estabelece nova tarefa para casa, resume com frequência e busca feedback no final de cada sessão.

 Essa estrutura que acabamos de citar deve permanecer constante ao longo da terapia.

- Paciente aprende a identificar e responder a pensamentos e crenças

A terapia cognitiva ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder a seus pensamentos e crenças disfuncionais.

 Um dos métodos que pode ser utilizado para fazer o que falamos acima é por intermédio do questionamento socrático leve, que ajuda a promover o sentimento do paciente, no qual o terapeuta está verdadeiramente interessado, sem desafiar ou persuadir o paciente a adotar o ponto de vista do terapeuta. Já em outros momentos pode utilizar descoberta orientada, na qual o terapeuta chega a crenças subjacentes que o paciente mantém sobre si mesmo, seu mundo e outras pessoas.

 Mediante todas essas técnicas de questionamento, ele também a orienta em avaliar a validade e a funcionalidade das suas crenças.

-  Uso de técnicas

 A terapia cognitiva utiliza uma variedade de técnicas para mudar pensamento, humor e comportamento. Embora estratégias cognitivas como questionamento socrático e descoberta orientada sejam centrais à terapia cognitiva, técnicas de outras abordagens são também usadas nesta terapia.

 Que fique claro que a terapia varia consideravelmente de acordo com o paciente individual, a natureza de suas dificuldades, suas metas, sua habilidade de formar um vínculo terapêutico forte, sua motivação para mudar, sua experiência prévia com terapia e suas preferências de tratamento. A ênfase no tratamento depende do transtorno(s) particular do paciente e assim de acordo com esse transtorno serão escolhidas as técnicas que mais se adéquam ao momento e ao contexto que o paciente traz.

 

Visão em túnel;

 Vitimização;

 - Questionalização;

 - Pensamento do tipo tudo ou nada/polarização ou pensamento dicotômico;

 - Raciocínio emocional;

 - Abstração seletiva;

 - Adivinhação;

 - Inferência arbitrária.

 

- Personalização

 É a tendência a se ver como causador de fatos ruins, sem o ser de fato. Acredita-se que os outros estão se comportando negativamente devido a você ou por sua culpa, sem considerar explicações mais plausíveis para o comportamento do outro. Knapp (2004) é assumir a culpa ou responsabilidade por acontecimentos negativos, falhando em ver que outras pessoas e fatores também estão envolvidos nos acontecimentos.

 Exemplo:

 Meu amigo foi rude comigo, devo ter feito algo de errado.

 Se algo de errado acontecer no meu aniversário, a culpa será só minha.

 

- Catastrofização

Knapp (2004) conceitua essa distorção como uma pessoa que pensa que o pior de uma situação irá acontecer sem levar em consideração a possibilidade de outros desfechos. Ele afirma que é acreditar que o que aconteceu ou irá acontecer será terrível e insuportável.  

 • Os eventos negativos que podem ocorrer são encarados como catástrofes intoleráveis, em vez de serem vistos em perspectiva.

 • Antecipar que as coisas, de qualquer maneira, vão dar errado, sem base para isso.

 • Prever o futuro, antecipando problemas que podem não vir a existir.

 • Estabelece expectativas negativas como se já fossem fatos.  

 Exemplo:       Eu sei que serei rejeitada.

                        Eu não suportarei a separação da minha mulher.

                        Se eu perder o controle, será o meu fim.

- Rotulação  

 Como o próprio nome já diz é a tendência a descrever erros ou medos como, características estáveis do comportamento ou da personalidade, como fossem rótulos pessoais.

 De acordo com Knapp (2004), coloca-se um rótulo global e fixo sobre si mesmo ou sobre os outros sem considerar que as evidências poderiam levar a uma conclusão menos desastrosa.  

 Exemplo:       Eu sou um fracassado (em vez de: falhei nisso!).

                        Ele não presta mesmo! (diante de um ato impensado do outro).

- Magnificação/minimização  

 É a tendência a diminuir a importância dos aspectos positivos em si mesmo, nos outros ou nas situações e ampliar ou engrandecer a importância dos aspectos negativos. O positivo é minimizado, enquanto o negativo é maximizado.  

 Exemplo: Obter boas notas não quer dizer que sou inteligente (ao passo que as notas baixas provam que é um fracasso).

 Eu tenho um ótimo emprego, mas todo mundo tem, e com tantas falhas qualquer dia irei perdê-lo.

 

- Leitura mental  

 De acordo com Knapp (2004), quando uma pessoa tem distorções desse tipo, ela presume, sem evidências, que sabe o que outros estão pensando, geralmente dela, desconsiderando outras hipóteses possíveis.  

 Exemplo:       Tenho certeza que o professor está pensando que eu não estudei.

                        Ele não gostou da minha casa.

- Supergeneralização ou hipergeneralização  

 É a tendência a ver um evento negativo como um padrão interminável de perigos ou sofrimentos. Tira-se uma conclusão negativa muito abrangente e radical que vai muito além da situação atual.  

 Exemplo:       Se eu senti medo aqui, vou sentir sempre de novo.

                        Tudo dá sempre errado para mim (após ter batido o carro).

                        Todo homem faz a mesma coisa, traem.  

 - Desqualificando ou desconsiderando o positivo  

 É a tendência a rejeitar experiências ou fatos positivos por insistir que eles não contam, por qualquer motivo.

 Exemplo:       Sou burra e fraca (mesmo depois de ter passado no vestibular e ter se formado).

                        Eu fiz bem aquele projeto, mas isso não significa que eu seja competente, eu apenas tive sorte.

- Declarações imperativas  

 É a tendência a dirigir a própria vida em termos de “deverias”, por avaliações de “certo ou errado”, em vez de dirigi-la por seus desejos.

Tem-se uma ideia exata estabelecida de como você ou os outros deveriam se comportar, superestimando quão ruim será se as expectativas não forem preenchidas. Knapp (2004) também cita demandas feitas a si mesmo, aos outros e ao mundo para evitar as consequências do não cumprimento dessas demandas.

 Exemplo:       Eu deveria estudar mais (em vez de: eu quero ou não quero estudar mais).

                        É terrível que eu tenha cometido este erro, eu deveria sempre dar o melhor de mim.

 - Visão em túnel ou seleção arbitrária  

 É a tendência em selecionar e ver apenas os aspectos negativos de uma situação.

 Exemplo:       O professor do meu filho não sabe fazer nada direito: ele é crítico, insensível e ensina mal.

                        Eu sou burro, tirei outra nota baixa.

 - Vitimização  

 É a tendência a considerar-se injustiçado ou não compreendido. A fonte da maioria dos problemas geralmente é em razão dos outros ou por algumas situações.

 Há recusa ou dificuldade de se responsabilizar pelos próprios sentimentos ou comportamentos.

 Exemplo:       Minha mãe não entende meus sentimentos.

                        Faço tudo pelos meus amigos, mas eles não me agradecem.

 - Questionalização  

 De acordo com Knapp (2004), é a tendência a focar o evento naquilo que poderia ter sido e não foi. Culpar-se pelas escolhas do passado e questionar-se por escolhas futuras.

 Exemplo:      

            Se eu tivesse aceitado o outro emprego, estaria melhor agora... e se o outro emprego não der certo?

            Se eu não tivesse viajado, isso não teria acontecido.  

 - Pensamento do tipo tudo ou nada/polarização ou pensamento dicotômico  

 É a tendência de interpretar todas as experiências em termos de categorias opostas e polarizadas. Pensamento do tipo tudo ou nada, branco ou preto, perfeição ou fracasso, sempre ou nunca. Perceber tudo em termos absolutos.    

 Exemplo:       Se eu não for um sucesso total, eu serei um fracasso.

                        Um sinal imprevisto no meu corpo significa perigo iminente.

 - Raciocínio emocional  

 É a tendência a tomar as próprias emoções como provas de uma verdade. Pensa-se que algo deve ser verdade porque sente que é.

 Nesse caso, a pessoa com a distorção deixa o sentimento lhe guiar, ou seja, guiam a interpretação da realidade.  

 Exemplo:       Se eu sinto pânico aqui, é porque essa situação é mesmo perigosa.

                        Eu sei que eu faço muitas coisas certas, mas eu ainda me sinto um fracasso.

 - Adivinhação  

 Nesse caso, pessoas com a distorção preveem o futuro, antecipam problemas que talvez não venham a existir.

 Exemplo: Eu não irei me sentir bem quando viajar. Sei que não irei gostar desse emprego.

 - Inferência arbitrária  

 É a tendência a chegar a uma conclusão (ou a uma regra) na ausência de evidências ou provas suficientes, ou por meio de um raciocínio falho.  

 Exemplo: Não sou atraente para as mulheres (após algumas tentativas infrutíferas).

3.10- ???

3.11 ESTRUTURAÇÃO DAS SESSÕES    


 É preciso citar como é estruturada a sessão de TCC. Segundo Rangé (2001), a estrutura é a seguinte:  

 • Revisão do humor, revisão da semana – checagem do humor para monitoramento do progresso terapêutico;

 • Ponte com a sessão anterior – feedback do paciente acerca do que foi aprendido na sessão anterior;

 • Revisão das tarefas;

 • Fazer a agenda dos tópicos importantes a serem discutidos na sessão e trabalhar os itens da agenda;

 • Estabelecimento de novas tarefas de casa;

 • Resumo da sessão e feedback – o paciente é solicitado a resumir os pontos principais que foram aprendidos e também revelar quais sentimentos experimentou na sessão.

- Revisão do humor/ Revisão da semana

De acordo com a maioria dos autores, a sessão inicial de terapia tem várias metas importantes. Knapp (2004) diz que é necessário, nessa sessão, revisar o humor. Isso pode ser feito por meio de uma nota de zero a 10 para o humor, em que zero indica nenhuma depressão ou ansiedade e 10 indica muita depressão e ansiedade.

Deve-se também revisar os acontecimentos bons e ruins que aconteceram no intervalo dessas sessões, para que se dê prioridade a algumas questões a serem trabalhadas.

Beck (1997, apud RANGÉ, 2001) elenca questões como estabelecer rapport, refinar a conceituação, socializar o paciente no processo e na estrutura da terapia cognitiva, educar o paciente sobre o modelo cognitivo e sobre o seu transtorno prover esperança e algum alívio de sintomas e também desenvolver uma sólida aliança terapêutica e encorajar o paciente a aliar-se ao terapeuta para alcançar metas terapêuticas são questões de suma importância a serem trabalhadas.

- Ponte com a última sessão ???

- Revisão das tarefas

 Segundo Knapp (2004), uma tarefa que não deu certo ou não alcançou o resultado esperado traz muitas informações, pois ao realizar a revisão da tarefa podemos confirmar se a direção e a marcha do trabalho terapêutico estão adequadas, ou se ainda é necessário incrementar as habilidades e autoeficácia do paciente, caso a tarefa não tenha seguido como planejado.

 É muito importante que o terapeuta sempre revise a tarefa de casa, pois quando o terapeuta não revisa a tarefa e não extrai dela todo o aprendizado possível, ou seja, quando o terapeuta mostra de forma mais clara o objetivo da tarefa e como ela pode ajudar o paciente, estará reforçando no paciente a ideia de que a tarefa não é importante.

 - Fazer agenda  

 Como já discutimos antes, esse tipo de terapia tem uma sessão estruturada; assim é feita a agenda, que nos mostrará como seguir no decorrer da sessão, quais problemas são mais e menos importantes, estabelecendo assim ordem de prioridades e evitando que se perca tempo com questões que não teriam importância naquela sessão.

 Ela deve ser feita no início das sessões em comum acordo com o paciente. Dessa forma, pode-se perguntar ao paciente no começo da sessão: O que o paciente gostaria de trabalhar na sessão de hoje?

- Resumos periódicos/Resumo final  

 Nesse tipo de terapia, o paciente deve fazer resumos para que ele fortaleça o que foi aprendido. São feitos os resumos periódicos ou capsulares, em que são realizados ao longo da sessão e o resumo final, sendo relembradas as principais descobertas.

 O terapeuta pode ajudar o paciente a fazer esses resumos com a seguinte pergunta: O que você está levando da sessão de hoje?   Segundo Knapp (2004), devem ser resumidos as descobertas e aprendizados que ocorreram, com conclusões e experimentos que irão confirmar e fortalecer os aprendizados.

 

- Feedback da sessão    

O feedback deve ser feito regularmente, para que o terapeuta perceba algum problema na relação terapêutica, buscando informar contrariedades e insatisfações do paciente com o terapeuta.

 Deve-se também buscar o feedback de como está o tratamento, o que o paciente está sentindo e pensando acerca do processo e do progresso terapêutico, pois, segundo Knapp (2004), essas informações do percurso terapêutico podem corrigir o rumo da terapia.

- Questionando pensamentos automáticos  

 Estes questionamentos estão de acordo com Beck (1997):    

 Questionando os pensamentos automáticos:  

 1. Quais são as evidências? Quais são as evidências que apoiam essa ideia? Quais são as evidências contra essa ideia?

 2. Existe uma explicação alternativa?

 3. Qual é o pior que poderia acontecer? Eu poderia superar isso? O que é o melhor que poderia acontecer? Qual o resultado mais realista?

 4. Qual é o efeito da minha crença no pensamento automático? Qual poderia ser o efeito de mudar meu pensamento?

 5. O que eu deveria fazer em relação a isso?

 6. O que eu diria (a um amigo) se ele ou ela estivesse na mesma situação?    

 

- Notas de terapia

Notas de terapia extraídas de Beck (1997):

 Nome do paciente:

 Data: Sessão nº:  

 Escores objetivos: Algum teste que pode ter sido feito com o paciente.  

 Roteiro do paciente:  

 Objetivos do terapeuta:  

 Pontos importantes da sessão:  

 Tarefa de casa:  

 Sessão seguinte ou sessão futura:

- Relatório de ligação de sessão

 Este relatório foi extraído de Beck (1997) – com a bibliografia foi adaptada com permissão de Thomas Ellis.  

 

Relatório de ligação de sessão   

1. Sobre o que nós falamos na sessão anterior, o que foi importante? O que você aprendeu? (1 a 3 frases).

 2. Houve algo que incomodou você na última sessão? Qualquer coisa que você esteja relutante em dizer?

 3. Como foi a sua semana? Como estava o seu humor, comparando a outras semanas? (1 a 3 frases)

 4. Alguma coisa aconteceu nessa semana que seja importante discutir? (1 a 3 frases)

5. Que problemas você deseja colocar no roteiro? (1 a 3 frases)

 6. Que tarefa de casa você fez/não fez? O que você aprendeu?

 

- Relatório de terapia  

 Este relatório foi extraído de Beck (1997), por Judith S Beck:

 1. O que você vivenciou hoje que é importante para você lembrar?

2. Quando você sentiu que podia confiar no seu terapeuta hoje?

 3. Houve qualquer coisa que incomodou você em relação à terapia hoje? Se houve, o que foi?

 4. Quanta tarefa de casa você fez para a terapia hoje? Quão propenso você está a fazer a nova tarefa de casa?

 5. O que você deseja certificar-se de abordar na próxima sessão?

 

 Como se dá a estrutura das sessões na terapia cognitiva segundo Beck?

R= Revisão do humor, Ponte com a sessão anterior; Revisão das tarefas; Fazer a agenda; Estabelecimento de novas tarefas de casa e Resumo da sessão e feedback.

 Uma sólida relação terapêutica é a condição necessária para uma TCC efetiva. Algumas questões ou atributos como empatia, interesse genuíno, calor humano, autenticidade, devem estar presentes em todo terapeuta cognitivo. E essa relação que se estabelecerá será vista como um esforço colaborativo entre terapeuta e paciente.


 

 

 - Função da Relação Terapêutica  

 Muitos autores concordam em dizer que a terapia tem como função básica promover mudanças comportamentais que visam diminuir o sofrimento do paciente e aumentar as contingências reforçadoras, e isso, pode acontecer de duas maneiras:

• Por intermédio do uso de alguns procedimentos, técnicas, instruções, etc.;

 • Mediante a relação estabelecida entre terapeuta e cliente, que como já vimos é muito importante

Segundo Skinner (1953), a terapia tem como função primordial reduzir os efeitos gerados por punição. Kohlenberg e Tsai (1987) e Rosenfarb (1992) completaram as suposições de Skinner, afirmando que um cliente também pode buscar ajuda porque suas relações interpessoais apresentam-se insatisfatórias e as fontes de reforço não são suficientes.

 Pode-se conceituar relação terapêutica como uma oportunidade para que o cliente emita comportamentos que lhe têm trazido problemas e a partir da interação com o terapeuta, aprender formas mais efetivas de respostas.

 Lettner (1998) aponta que o sucesso da terapia está diretamente ligado à qualidade da relação terapêutica. Negligências nessa relação podem levar ao fracasso do tratamento.

 Um resultado terapêutico satisfatório origina-se em parte, de características pessoais do terapeuta, de acordo com Lettner (1998) e Casullo (1999):

 - Postura empática;

 - Compreensão;

 - Aceitação desprovida de julgamentos;

 - Autenticidade;

 - Autoconfiança;

 - Flexibilidade na aplicação das técnicas;

 - Terapeutas avaliados como calorosos, amigáveis, comprometidos, tolerantes e interessados são aqueles que têm maior sucesso nos resultados do tratamento.

Pesquisas mostram alguns comportamentos considerados relevantes no tratamento:

• Altas taxas de comportamentos gestuais do terapeuta;

• Grande número de verbalizações do terapeuta e do cliente referentes a eventos privados;

• Elementos advindos da história de vida do terapeuta;

• Opção sexual entre terapeuta e cliente;

• Questões socioeconômicas;

• Postura diretiva por parte do terapeuta acarreta resistência;

• Terapeutas experientes são mais bem avaliados pelos clientes do que iniciantes.

 

 Citaremos agora algumas habilidades terapêuticas que merecem especial atenção durante um

processo terapêutico:  

 - Habilidades Empáticas;

- Habilidades Verbais;

 - Habilidades Não verbais.

Agora veremos algumas habilidades de observação, que devem ser consideradas durante a sessão terapêutica, pois trarão muitas respostas às perguntas do terapeuta.

 - Habilidades dos Sentidos  

 • VISÃO: Olhar Clínico – Observação;

 • AUDIÇÃO: Escuta-Ativa;

 • TATO: Cinesiologia (Hipercinesia e Hipotensão);

 • FALA: Consecução de fatos, Repetições, Erros, Parafraseamento, etc.

- Instrumentos de avaliação da relação terapêutica

 Há dois principais conjuntos de instrumentos de avaliação da relação terapêutica:  

 →  1º conjunto:  Vários tipos de questionários, escalas e listas de avaliação respondida, ora por clientes, ora por terapeutas, ora por ambos.  

 → 2º conjunto: Baseia-se na observação das sessões de terapia, incluindo observações de vídeos.

 A pesquisa clínica ocorre com frequência em ambiente experimentalmente não controlado e deve ser feita de modo a não interferir na interação terapeuta – cliente. O pesquisador é o terapeuta e a observação ocorre de forma menos neutra, já que o próprio terapeuta contribui continuamente para ela.

 Três tipos de perguntas de pesquisas podem ser formuladas com relação ao processo terapêutico:  

 → Um tipo de questão geral: este tipo de questão permite a elaboração de dados por manipulação experimental.

 → Dada certa consequência, de que operações e sob quais condições podem levar à determinada consequência?

 → Dada uma condição ou problema, que operação pode levar à determinada consequência?

 Assim, segundo Lettner (1998) e Casullo (1999), foram elaboradas algumas recomendações de pesquisas

necessárias de como:

 → Elucidar fatores comuns e únicos entre as várias escolas de terapia;

→ Esclarecer os diferentes tipos de alianças;

 → Determinar se o estilo de personalidade ou o nível do sofrimento afetam o papel que a aliança pode representar na mediação de mudanças positivas em terapia, entre outras.

As características que mais fortemente discriminam a avaliação comportamental da não comportamental e que as classificaram quanto aos seus objetivos, focos, metas, estratégias, inferências, suposições sobre causalidade e propriedades dos comportamentos-problemas são variáveis observáveis em oposição a variáveis ou eventos intrapsíquicos da avaliação não comportamental e, também, a busca de relações funcionais envolvendo variáveis de estímulos e de respostas, quando se referiam ao foco das avaliações.

 Outro fator importante é a escolha do instrumento, que também deve seguir critérios que sejam compatíveis com o referencial teórico da abordagem, não havendo uma abordagem comportamental ou cognitiva utilizando um instrumento cuja fundamentação teórica encontra-se respaldada na teoria tradicional de personalidade.

Alguns instrumentos como as entrevistas são as estratégias e os instrumentos utilizados com maior frequência na avaliação. Desse modo, pode-se supor que tais profissionais deveriam seguir o que preconizam os pressupostos da avaliação cognitivo-comportamental – características acentuadamente divergentes em relação à avaliação tradicional.

A ênfase estaria no estabelecimento de relações funcionais em vez de causais, nas quais o comportamento-problema seria entendido com base nos princípios da aprendizagem social e da análise experimental do comportamento, e não na teoria tradicional da personalidade.

CHECK LIST DE HABILIDADES TERAPÊUTICAS???

3.14 COMPONENTES RELEVANTES PARA SE CHEGAR AO PROBLEMA


 Existem cinco componentes relevantes para qualquer problema (GREENBERGER, 1999):

 - Aspectos ambientais ou situacionais;

 - Reações físicas;

 - Estados de humor;

 - Comportamentos;

 - Pensamento.

 Cada um dos cinco componentes, afeta e interage com os demais. Desse modo, pequenas mudanças em qualquer desses aspectos podem acarretar mudanças nos demais.

 Podemos perceber que é muito importante identificar esses componentes, pois esta identificação nos ajudaria a direcionar as áreas de mudança.

 Citaremos agora alguns questionamentos que nos ajudariam a identificar esses componentes, de acordo com (GREENBERGER, 1999) em seguida.

 → Mudanças ambientais ou situações de vida

 - Ultimamente, tenho experimentado qualquer mudança?

 - Quais foram os eventos mais estressantes para mim no último ano?

 - Nos últimos três anos?

- Cinco anos?

 - Na minha infância?

 - Estou passando por quaisquer dificuldades duradouras ou atuais (incluindo ser discriminado ou molestado por outros)?

→ Reações físicas  

 • Tenho quaisquer sintomas físicos que me incomodam, tais como mudanças em nível de energia, apetite e sono, bem como sintomas específicos, tais como flutuações no ritmo cardíaco, dores de estômago, sudorese, tontura, dificuldades respiratórias ou dor?

 → Humor  

 • Que palavras isoladas descrevem meus estados de humor (triste, nervoso, raivoso, culpado, envergonhado, etc.)?

 Comportamento  

 • Que coisas eu faço que gostaria de mudar ou melhorar?

 - No trabalho?

 - Em casa?

 - Com amigos?

 - Em mim mesmo?

 • Evito situações ou pessoas quando estar envolvido poderia ser vantajoso para mim?

 → Pensamentos  

 • Quando em estados de humor fortes, que pensamentos têm a respeito de sua própria pessoa?

 - Sobre outras pessoas?

 - Meu futuro?

 • Quais pensamentos interferem na realização de coisas que eu gostaria de fazer ou acho que deveria fazer?

 • Quais imagens ou lembranças me vêm à mente?

3.15 A TCC E A FAMÍLIA    


 De acordo com Datillio (2004), a Terapia Familiar nas abordagens cognitivo-comportamentais centra-se na análise detalhada dos conflitos cotidianos que podem levar à ruptura da relação, bem como do funcionamento e manutenção de problemáticas geradoras de interações disfuncionais. Essas problemáticas podem variar muito de família para família, abaixo alguns exemplos:  

- Deficits em habilidades de comunicação;

- Resolução de problemas;

 - Excessos de comportamentos negativos;

 - Deficits de comportamento positivo entre casais e membros familiares;

- Deficits e excessos na experiência e expressão de emoções

→ Avaliação inicial  

 Objetivos:

- Convocar maior número possível de familiares, envolver os que estão mais motivados a participar; trabalhar com estes no sentido de atrair os que estão ausentes no processo;

 - Extrair a queixa e a percepção de cada membro da família;

 - Investigar toda a história familiar (eventos positivos e negativos);

 - Explorar a demanda apresentada com as características de cada família e dinâmica dos relacionamentos, ou seja, tentar perceber o que acontece com o paciente em meio a sua família;

 - Trabalhar com recursos utilizados para lidar com a situação e os fatores que favorecem o seu uso;

 - Tentar entender o interesse do grupo em seu conjunto;

 - Coletar informações sobre as cognições, reações emocionais e comportamentais dos familiares e entre si, no sentido de formular hipóteses, as quais vão sendo testadas nas sessões subsequentes.

 Instrumentos utilizados:  

 - Entrevista individual e grupal com membros da família;

 - Questionários de descrição pessoal;

 - Inventários;

 - Observação comportamental das interações familiares.

-  Intervenções terapêuticas:  

- Trabalhar nas intervenções as principais questões apresentadas, pressões de vida e estressores que produzem dificuldades de adaptação, padrões construtivos e problemáticos de macronível em suas interações que parecem estar influenciando os problemas presentes;

 - Considerar as mudanças advindas com a terapia e como isso afetará a homeostase ou equilíbrio da família.

 Modelo terapêutico:

 • Educar a família e o paciente ao modelo Cognitivo-comportamental: estrutura e natureza colaborativa da abordagem, princípios e métodos envolvidos;

• Tarefas de Casa;

 • Sessão Terapêutica: agenda, regras básicas de comportamento dos familiares dentro e fora das sessões (revelar segredos para o terapeuta que não podem ser revelados aos demais, participam de todos nas sessões, comportamentos verbais e físicos agressivos são inaceitáveis).

Intervenções terapêuticas:  

 Modificando distorções cognitivas e extremadas

Identificar pensamentos automáticos: observar padrões de pensamentos associados a reações emocionais e comportamentais negativas dos membros consigo mesmo.

Identificar distorções cognitivas: leitura de pensamentos, hipergeneralização, maximização e minimização, personalização e pensamento dicotômico.

Reestruturar pensamentos automáticos: identificar distorções em seu modo de pensar e analisar alternativas e verificar as alterações das reações emocionais e comportamentais de si e de outros membros (evidências? alternativas? informações adicionais?).

Verificando e modificando regras, pressupostos e crenças nucleares (seta descendente – “e se acontece o que acarretaria?”).

 Intervindo com experiências comportamentais:

 • Testar as previsões de que determinadas ações acarretarão certas respostas dos outros membros;

 • Uso de role-play no sentido de despertar reações disfuncionais em interações familiares no setting terapêutico – interação  in vivo;

 • Troca de papéis no sentido do outro compreender melhor a situação vivenciada pelo membro;

 • Cuidado com técnica de imagens!

 Modificando padrões comportamentais:

 • Treinamento em comunicação (escuta e expressão);

 • Treinamento em resolução de problemas;

 • Acordos para mudança de comportamento;

 • Intervenção para deficits e excessos de reações emocionais.

Algumas informações são utilizadas em conflitos familiares em função de transtornos de condutas dos filhos, TDAH, Esquizofrenia, Transtorno Bipolar, Drogadição, Alzheimer como a psicoeducação sobre a etiologia, sintomas e fatores de risco, atuais tratamentos eficazes, treinamento de capacidade de comunicação e resolução de problemas, manejo de recaídas e crises.

3.16 MITOS EQUIVOCADOS SOBRE TERAPIA COGNITIVA


 Knapp (2004) é um dos autores que cita com exatidão alguns mitos que são confundidos com a teoria da terapia cognitiva. Citaremos as 14 concepções equivocadas que este autor frisou em seu livro:  

 - Muitas pessoas pensam ou falam que a Terapia Cognitiva (TC) é baseada no poder do pensamento positivo.

 Pode-se dizer que não seria bem no pensamento positivo, mas sim no poder do pensamento realista, pois pensamentos otimistas demais podem ser tão prejudiciais e mal adaptativos quanto uma visão extremamente negativa.

 O seu objetivo não é fazer com que o paciente tenha só pensamentos positivos, pois isso seria um equívoco, mas o correto seria corrigir os pensamentos distorcidos ou disfuncionais, promovendo formas mais adaptativas de lidar com os problemas reais.

 - A TC de psicopatologia propõe que os pensamentos negativos distorcidos causam a psicopatologia.  

 Essa proposição seria incorreta, pois existem outros fatores que influenciam também a psicopatologia. Sabemos que, embora os pensamentos distorcidos façam parte do ciclo vicioso da psicopatologia, eles não são o único fator importante. Temos outras questões que influenciam fortemente a psicopatologia, as quais seriam os desequilíbrios bioquímicos, os eventos de vida e as relações interpessoais, que são elementos que interagem conjuntamente, formando a psicopatologia.

 - Muitos dizem que a TC é simples e apenas utiliza o senso comum.  

 Seria isso mesmo? O senso comum pode ser utilizado na terapia cognitiva, mas, na maior parte do tempo, terapeuta e paciente têm muito trabalho em desvendar as interações cognitivo-afetivo-comportamentais do paciente, que por sinal são muito complexas.

- A TC convence as pessoas a sair dos seus problemas.  

 Esse tipo de terapia não trabalha convencendo ou argumentando o paciente do que ele tem que fazer. Aqui, o terapeuta guia o paciente para que ele próprio faça descobertas ao observar criticamente suas distorções, e assim trabalha as resistências e estimula o desenvolvimento de habilidades necessárias para futuramente analisar por si mesmo seus problemas.

- A TC ignora as emoções.  

 Sabemos que nesse modelo as cognições são o alvo principal, mas se trabalha sim as emoções. Knapp (2004) diz que por vezes, a forma mais adequada de examinar os pensamentos é pelas emoções.

- A meta da TC é eliminar as emoções.  

Sua meta não é eliminar as emoções e sim ajustar a emoção à situação e ajudar o paciente a ser capaz de se adaptar com a emoção e regular as reações emocionais exageradas.

- A TC é a aplicação de uma variedade de técnicas.  

A terapia cognitiva desenvolveu uma ampla variedade de técnicas específicas e também as emprestou livremente de outras terapias. Entretanto, é fundamental ressaltar que cada caso é um caso, e o terapeuta não deve se focar apenas em técnicas, pois isso não será de forma alguma eficaz.

 - A TC ignora o passado e se interessa apenas pelo presente.  

 Quando necessário, é investigado sim o passado, mesmo porque somente é possível chegar a muitos detalhes quando há essa volta ao passado. Só que nesse método é possível resolver os problemas focalizando primariamente o presente. Segundo Dattilio (1992), o foco não é tanto o que foi, mas o que é e o que mantém ou reforça o comportamento disfuncional.

 - A TC é superficial.  

A Terapia Cognitiva pode trabalhar superficialmente ou mais profundamente, isso vai depender do objetivo do indivíduo e dos problemas a serem tratados, sendo o paciente a tomar a decisão final sobre o grau de mudança que quer atingir.

- A relação terapêutica não é importante na Terapia Cognitiva.  

 Concepção muito errada sobre esse modelo, a relação é muito importante, sem ela o método colaborativo não anda.  

 - A TC tem um limite de 15 a 25 sessões ou menos.

 - Fazer TC significa não usar medicação.  

 Em muitas situações o paciente só poderá fazer um tratamento cognitivo quando estiver medicado, em especial nas depressões graves, no transtorno bipolar, em psicoses e mesmo nos transtornos de ansiedade mais debilitantes, explica Knapp (2004). Assim, podemos dizer que ela é compatível com os medicamentos e pode ser um complemento à psicofarmacoterapia, e vice-versa.

 - A TC é apropriada apenas para pessoas articuladas, com boa capacidade intelectual.

Seria mais fácil trabalhar com pacientes com boa capacidade de raciocínio, com sólida formação educacional, alguns conhecimentos psicológicos e motivação para o tratamento, mas também não quer dizer que qualquer pessoa de qualquer nível intelectual ou classe social possa ser trabalhada, tem-se apenas que adaptar de forma mais simples àquela pessoa.

 Segundo Beck (1995), pesquisas já demonstraram que esse modelo é efetivo para pacientes com diferentes níveis de escolaridade, renda e cultura. Ela precisa apenas ser adaptada às necessidades das pessoas.  

 - A TC não é eficaz em pacientes com transtornos mentais graves.  

 Ela pode sim ser usada de forma eficaz para pacientes com transtornos mentais graves, mesmo hospitalizados.

Se o paciente desejar, pode retornar ocasionalmente para sessões de reforço. E, em qualquer momento, pode voltar ao tratamento para mais um conjunto de sessões, a fim de abordar novas questões e aprofundar seu entendimento cognitivo comportamental (KNAPP, 2004, p. 35).

           

 

 

1

ANEXOS

A.

RESOLUCÃO CFP N° 002/95 DE 20 de fevereiro de 1995

Dispõe sobre prestaçã

o de serviços psicológicos por telefone.

O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas atribuições

legais e regimentais,

CONSIDERANDO análise efetivada pela Câmara de Orientação e

Fiscalização sobre anúncios publicados em jornais relativos a serviços

tais como

Tele

a

juda, Tele

a

conselhamento e similares;

CONSIDERANDO que a matéria tem sido objeto de consultas a este

Conselho Federal;

CONSIDERANDO finalmente que é atribuição do Conselho Federal de

Psicologia orientar, disciplinar e fiscalizar o exercíci

o da profissão de psicólogo;

RESOLVE:

Art. 1º

Incluir a alínea "o" no Art. 02 do Código de Ética Profissional do

Psicólogo, Resolução CFP 002/87 de 15 de agosto de 1987 com a seguinte

redação:

Art. 2º

Ao Psicólogo é vedado:

1º) Prestar serviços ou mesm

o vincular seu título de Psicólogo a serviços de

atendimento psicológico via telefônica".

Art. 2º

Caberá aos Conselhos Regionais fiscalizar, junto à categoria, a

observância do disposto na presente resolução.

Art. 3º

Esta Resolução entra em vigor na data d

e sua publicação, revogando

as disposições em contrário.

Brasília (DF), 20 de fevereiro 1995

.

2

B.

Resolução CFP Nº 003/2000 de 25 de Setembro de 2000

Regulamenta o atendimento psicoterapêutico mediado por computador.

Esta resolução foi alterada e revogada

. Veja a Resolução CFP Nº 012/2005

de 18 de agosto de 2000.

C.

Resolução CFP N.º 010/2000 de 20 de dezembro de 2000

Especifica e qualifica a Psicoterapia como prática do Psicólogo.

O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas atribuições

legais e regim

entais, que lhe são conferidas pela Lei nº 5.766, de 20 de dezembro

de 1971 e;

CONSIDERANDO a natureza pública do Conselho Federal de Psicologia, da

qual decorre tanto a necessidade de aprimorar os serviços técnicos dos

psicoterapeutas, quanto a defesa da

população usuária desses serviços e do

cidadão e;

CONSIDERANDO o disposto no art. 2º, alíneas “e” e “n” do Código de Ética

Profissional do Psicólogo, que veda ao psicólogo utilizar

-

se do relacionamento

terapêutico para induzir a pessoa atendida à convicção

religiosa, política, moral ou

filosófica, bem como estabelecer com a mesma relacionamento que possa interferir

negativamente nos objetivos do atendimento ou qualquer outro que viole princípios

técnicos, éticos ou científicos.

RESOLVE:

Art. 1º

A Psicoter

apia é prática do psicólogo por se constituir, técnica e

conceitualmente, um processo científico de compreensão, análise e intervenção que

se realiza através da aplicação sistematizada e controlada de métodos e técnicas

psicológicas reconhecidos pela ciênc

ia, pela prática e pela ética profissional,

promovendo a saúde mental e propiciando condições para o enfrentamento de

conflitos e/ou transtornos psíquicos de indivíduos ou grupos.

3

Art. 2º

Para efeito da realização da psicoterapia, o psicólogo deverá

observ

ar os seguintes princípios e procedimentos que qualificam a sua prática:

I.

Buscar um constante aprimoramento, dando continuidade à sua formação por

meio de centros especializados que se pautem pelo respeito ao campo teórico, técnico e

ético da psicologia com

o ciência e profissão;

II.

Pautar

-

se em avaliação diagnóstica fundamentada, devendo, ainda, manter

registro referente ao atendimento realizado: indicando o meio utilizado para diagnóstico, ou

motivo inicial, atualização, registro de interrupção e alta;

III.

Escla

recer à pessoa atendida o método e as técnicas utilizadas, mantendo

-

a

informada sobre as condições do atendimento, assim como seus limites e suas

possibilidades;

IV.

Fornecer, sempre que solicitado pela pessoa atendida ou seu responsável,

informações sobre o

desenvolvimento da psicoterapia, conforme o Código de Ética

Profissional do Psicólogo;

V.

Garantir a privacidade das informações da pessoa atendida, o sigilo e a

qualidade dos atendimentos;

VI.

Estabelecer contrato com a pessoa atendida ou seu responsável;

VII.

Dis

por, para consulta da pessoa atendida, de um exemplar do Código de Ética

Profissional do Psicólogo, no local do atendimento.

Art. 3º

Os casos omissos serão resolvidos pelo Plenário do CFP.

Art. 4°

Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

A

rt. 5°

Revogam

-

se as disposições em contrário.

Brasília (DF), 20 de dezembro de 2000.

ANA MERCÊS BAHIA BOCK

Conselheira

-

Presidente

4

D.

RESOLUÇÃO CFP Nº 010/2003 de 14 de Junho de 2003

Altera a Resolução CFP N° 003/2000. Esta resolução foi revogada. Par

a

acessar a nova resolução veja

Resolução CFP Nº 012/2005

de 18 de agosto de 2005.

E.

RESOLUÇÃO CFP Nº 012/2005

DE 18 DE AGOSTO DE 2005

Regulamenta o

atendimento psicoterapêutico e outros serviços psicológicos

mediados por computador e revoga a Resolução CFP N° 003/2000.

O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas atribuições

legais, estatutárias e regimentais,

CONSIDERANDO que, de acordo com o

Código de Ética Profissional do

Psicólogo é dever do psicólogo prestar serviços psicológicos de qualidade, em

condições de trabalho dignas e apropriadas à natureza desses serviços, utilizando

princípios, conhecimento e técnicas reconhecidamente fundamentad

os na ciência

psicológica, na ética e na legislação profissional;

CONSIDERANDO que, de acordo com o Código de Ética Profissional do

Psicólogo, é dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por

meio da confidencialidade, a intimid

ade das pessoas, grupos ou organizações, a que

tenha acesso no exercício profissional;

CONSIDERANDO o disposto no Código de Ética Profissional do Psicólogo

sobre a realização de estudos e pesquisas no âmbito da Psicologia;

CONSIDERANDO o princípio fundamen

tal do Código de Ética Profissional

do Psicólogo que determina que o psicólogo atuará com responsabilidade, por meio

do contínuo aprimoramento profissional, contribuindo para o desenvolvimento da

Psicologia como campo científico de conhecimento e de prátic

a;

CONSIDERANDO as Resoluções do CFP n°. 10/97 e 11/97 que dispõem,

respectivamente, sobre critérios para divulgação, publicidade e exercício profissional

do psicólogo, associados a práticas que não estejam de acordo com os critérios

5

científicos estabeleci

dos no campo da Psicologia e sobre a realização de pesquisas

com métodos e técnicas não reconhecidas pela Psicologia;

CONSIDERANDO que os efeitos do atendimento psicoterapêutico mediado

pelo computador ainda não são suficientemente conhecidos nem comprovad

os

cientificamente e podem trazer riscos aos usuários;

CONSIDERANDO o encaminhamento do V CNP

-

Congresso Nacional da

Psicologia

-

de que o Sistema Conselhos de Psicologia deve continuar e aprimorar a

validação de

sites

que possam prestar serviços psicol

ógicos pela internet, de acordo

com a legislação vigente, ainda que em nível de pesquisa;

CONSIDERANDO a importância de atestar para a sociedade os serviços

psicológicos que possuam respaldo técnico e ético;

CONSIDERANDO a decisão deste Plenário em 13 de a

gosto de 2005;

RESOLVE:

CAPÍTULO I

-

DO ATENDIMENTO PSICOTERAPÊUTICO

Art. 1

o

O atendimento psicoterapêutico mediado pelo computador, por ser

uma prática ainda não reconhecida pela Psicologia, pode ser utilizado em caráter

experimental, desde que sejam

garantidas as seguintes condições:

I.

Faça parte de projeto de pesquisa conforme critérios dispostos na

Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde ou

legislação que venha a substituí

-

la, e resoluções específicas do Conselho Federa

l

de Psicologia para pesquisas com seres humanos em Psicologia;

II.

Respeite o Código de Ética Profissional do Psicólogo;

III.

O psicólogo que esteja desenvolvendo pesquisa em atendimento

psicoterapêutico mediado pelo computador tenha protocolo de pesquisa aprovado

por Comitê de Ética em pesquisa reconhecido pelo Conselho Nacional de Saúde,

conforme resolução CNS 196/96 ou legislação que venha a substituí

-

la;

6

IV.

O psicólogo pesquisador não receba, a qualquer título, honorários da

população pesquisada, sendo também veda

da qualquer forma de remuneração do

usuário pesquisado;

V.

O usuário atendido na pesquisa dê seu consentimento e declare

expressamente, em formulário em que conste o texto integral desta Resolução, ter

conhecimento do caráter experimental do atendimento psico

terapêutico mediado

pelo computador, e dos riscos relativos à privacidade das comunicações inerentes

ao meio utilizado;

VI.

Esteja garantido que o usuário possa a qualquer momento desistir de

participar da pesquisa, retirando a autorização, impedindo que seus

dados até então

recolhidos sejam utilizados na pesquisa;

VII.

Quando da publicação de resultados de pesquisa, seja mantido o sigilo

sobre a identidade do usuário e evitados indícios que possam identificá

-

lo;

VIII.

O psicólogo pesquisador se compromete a seguir as rec

omendações

técnicas e aquelas relativas à segurança e criptografia reconhecidas

internacionalmente;

IX.

O psicólogo pesquisador deverá informar imediatamente a todos os

usuários envolvidos na pesquisa, toda e qualquer violação de segurança que

comprometa a con

fidencialidade dos dados.

Art. 2º

O reconhecimento da validade dos resultados das pesquisas em

atendimento psicoterapêutico mediado pelo computador depende da ampla

divulgação dos resultados e reconhecimento da comunidade científica e não apenas

da concl

usão de pesquisas isoladas.

Art. 3º

Os psicólogos, ao se manifestarem sobre o atendimento

psicoterapêutico mediado pelo computador, em pronunciamentos públicos de

qualquer tipo, nos meios de comunicação de massa ou na Internet, devem explicitar

a natureza

experimental desse tipo de prática, e que como tal, não pode haver

cobrança de honorários.

Art. 4º

As disposições constantes na presente Resolução são válidas para

todas as formas de atendimento psicoterapêutico mediado por computador realizado

por psicó

logo, independente de sua nomenclatura, como psicoterapia pela Internet,

ou quaisquer termos que designem abordagem psicoterapêutica pela Internet, tais

10

Art. 10º

Para realização do credenciamento de

sites

de que tratam os artigos

anteriores a Comissão Nacional de Credenciamento de

Sites

terá um prazo máximo

de 30 dias para encaminhar sua avaliação ao CR

P.

I.

Da data de recebimento do parecer da referida Comissão, o Plenário do

Conselho Regional de Psicologia terá o prazo máximo de 60 dias para efetuar o

julgamento.

II.

Da decisão do CRP, as partes terão um prazo de 30 dias a contar da

data da ciência da decis

ão para interpor recurso ao Conselho Federal de Psicologia.

Art. 11º

Ficam revogadas as disposições em contrário, em especial a

Resolução CFP n.° 003/2000.

Art. 12º

Esta Resolução entra em vigor na dada de sua publicação.

Brasília (DF), 18 de agosto

de 2005.

ANA MERCÊS BAHIA BOCK

Conselheiro Presidente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MINHAS OBSERVAÇÕES

Transtorno de personalidade histriônica


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Transtorno de personalidade histriônica
Pessoas com personalidade histriônica geralmente gostam de ser dramáticas
Classificação e recursos externos
F60.4
301.5

Transtorno de personalidade histriônica (TPH) é definido pela Associação Americana de Psiquiatria como um transtorno de personalidade caracterizado por um padrão de emocionalidade excessiva e necessidade de chamar atenção para si mesmo, incluindo a procura de aprovação e comportamento inapropriadamente sedutor, normalmente a partir do início da idade adulta. Tais indivíduos são vívidos, dramáticos, animados, flertadores e alternam seus estados entre entusiásticos e pessimistas.

Podem ser também inapropriadamente provocativos sexualmente, expressarem emoções de uma forma impressionável e facilmente influenciados por outros. Entre as principais características relacionadas estão egocentrismo, desorganização egóica, auto-indulgência, anseio contínuo por admiração, e comportamento persistente e manipulativo para suprir suas próprias necessidades.

Índice



Prevalência




Atos de exibicionismo são indicativos de personalidade histriônica.

Existem poucos dados de estudos de prevalência desse transtorno, os que existem indicam uma prevalência na população de cerca de 2-3%. Já em contextos ambulatoriais e de internação em saúde mental, ao utilizar-se de avaliações mais estruturadas, as taxas foram identificadas como cerca de 10 a 15% dos casos.1

Ainda que algumas pesquisas sugiram que a proporção seja próxima entre os sexos, este diagnóstico tem sido muito mais frequente em mulheres. Enquanto os homens tenderiam a exibir masculinidade e habilidades físicas, as mulheres tenderiam a exaltar sua feminilidade e sensualidade.1

Esquemas de diagnósticos diferenciais compreendem que homens com sintomas similares tendam a ser diagnosticados com transtorno de personalidade narcisista.2 Visto que a sintomatologia do quadro coincide com uma expressão exagerada do estereótipo do sexo feminino, tem sido considerado o negativo do transtorno de personalidade antissocial, frequentemente associado a uma expressão exagerada de masculinidade.

Características


Pessoas com este transtorno em geral são capazes de conviverem normalmente e às vezes alcançarem sucesso profissional e baixo índice de sucesso social. Indivíduos com transtorno de personalidade histriônica geralmente possuem bons dotes sociais, mas tendem a usá-los para manipular os outros para tornaram-se o centro das atenções.3 Mais além, acabam por afetar os relacionamentos sociais, profissionais ou românticos da pessoa, assim como sua habilidade em lidar com perdas ou fracassos.

Esses indivíduos começam bem relacionamentos, porém, tendem a hesitar quando profundidade e durabilidade são necessários, alternando entre extremos de idealização e desvalorização. São pessoas caracterizadas pela infidelidade contumaz e inconsequente em relações amorosas. Com o fim de relações românticas podem buscar tratamento para depressão, embora isto não seja de forma alguma uma característica exclusiva a este transtorno. Inicialmente o TPH pode ser confundido com a mitomania.

Frequentemente não conseguem visualizar sua própria situação pessoal de forma realista e tendem, ao invés disso, a dramatizar e exagerar suas dificuldades. Podem passar por frequentes mudanças de motivação no trabalho, pois entediam-se facilmente e têm problemas em lidar com a frustração. Por costumarem ansiar por novidades e excitação, podem colocar-se em situações de risco. Todos esses fatores podem aumentar o perigo de desenvolvimento de depressão.

Entre os sintomas principais estão:3

  • Comportamento exibicionista;
  • Busca constante por apoio ou aprovação;
  • Dramatização excessiva com demonstrações exageradas de emoção, tais como abraçar alguém que acabou de conhecer ou chorar incontrolavelmente durante um filme ou música triste;4
  • Sensibilidade excessiva frente a críticas ou desaprovações;
  • Orgulho da própria personalidade, relutância em mudar e qualquer tentativa de mudança é vista como ameaça;
  • Aparência ou comportamento inapropriadamente sedutor5 ;
  • Sintomas somatoformes, e utilização destes sintomas como meio de chamar atenção;
  • Necessidade de ser o centro das atenções;
  • Baixa tolerância à frustração ou à demora por gratificação;
  • Angústia provocada pela alternância de crença nas próprias mentiras insustentáveis (mitomania);
  • Rápida variação de estados emocionais, que podem parecer superficiais ou exagerados a outrem;
  • Tendência em acreditar que relacionamentos são mais íntimos do que na realidade o são;
  • Decisões precipitadas.

Causas


A causa deste transtorno é desconhecida, mas eventos da infância como mortes ou doenças de familiares próximos, que resultam em ansiedade constante, divórcio ou problemas de relacionamento dos pais e principalmente genética podem estar envolvidos. Poucas pesquisas foram realizadas para determinar as fontes biológicas, se é que existem, deste transtorno. Teorias psicanalíticas incriminam atitudes autoritárias ou distantes por um (principalmente a mãe) ou ambos os pais, ou os pais desses pais, ou amor baseado em expectativas que a criança jamais poderia alcançar.6

Diagnóstico




Artistas podem exibir traços de personalidade histriônica, mas estes apenas constituem um transtorno quando são inflexíveis, socialmente inapropriados e persistentes mesmo quando inadequados e causam prejuízo e sofrimento significativo a si mesmo ou a outros.1

O comportamento, aparência e histórico da pessoa, juntamente com uma avaliação psicológica, são normalmente suficientes para estabelecer o diagnóstico. Não há um teste específico para confirmá-lo; pelo critério ser subjetivo, algumas pessoas podem ser diagnosticadas erroneamente como sendo portadoras do transtorno, enquanto outras com o transtorno podem ser diagnosticadas como não portadoras. Para que seja eliminado o falso positivo, o diagnóstico é baseado no conjunto de características sintomáticas do indivíduo. O tratamento costuma ser consequência da depressão associada à dissolução de relacionamentos românticos. A medicação tem pouco efeito neste transtorno de personalidade, mas pode ajudar em sintomas como a depressão. A psicoterapia também pode auxiliar no tratamento.7

DSM-IV-TR 301.50


O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (4ª edição, DSM IV-TR), geralmente utilizado para diagnosticar transtornos mentais, define o transtorno de personalidade histriônica como:8

Um padrão predominante de emocionalidade em excesso e procura por atenção, a partir do começo da idade adulta e presente em uma variedade de contextos, como indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:

  1. Sente-se desconfortável em situações no qual ele ou ela não é o centro das atenções;
  2. Interação com outrem é frequentemente caracterizada por comportamento inapropriadamente sedutor ou provocativo;
  3. Demonstra mudanças rápidas e superficiais de emoções e avaliações sobre outrem, principalmente seus críticos;
  4. Busca de parceiros simultâneos;
  5. Utiliza consistentemente a aparência física e vestimenta (elegante ou ousada), para chamar atenção para si;
  6. Tem um estilo de discurso excessivamente impressionável e deficiente em detalhes;
  7. Demonstra dramatização, teatralidade, e expressão exagerada de emoções;
  8. É sugestionável, isto é, facilmente influenciável por outrem ou circunstâncias;
  9. Considera os relacionamentos mais íntimos do que realmente o são;
  10. Desprezo por diagnósticos e teimosia em julgar-se pessoa sã;
  11. Dificuldade de concentração e na leitura de textos longos, tendendo à supeficialidade intelectual.

É exigido pelo DSM IV-TR que o diagnóstico de quaisquer transtornos de personalidade específicos também satisfaça uma relação de critérios de transtornos de personalidade em geral.

CID-10


A CID-10 da Organização Mundial da Saúde lista o transtorno de personalidade histriônica sob o código F60.4, sendo caracterizado por pelo menos três dos seguintes:9

  1. Dramatização, teatralidade, e expressão exagerada de emoções;
  2. Sugestionabilidade, facilmente influenciável por outrem ou ambientes;
  3. Afetividade superficial e instável;
  4. Busca contínua por excitação e atividades onde o paciente é o centro das atenções;
  5. Sedução inapropriada em aparência ou comportamento;
  6. Busca de parceiros simultâneos;
  7. Desprezo por diagnósticos, críticas e sugestões que não coincidam com seu comportamento;
  8. Preocupação excessiva com aparência física, vestimenta e acesssórios.
  9. Em casos extremos, pode insinuar-se para depois ser receptiva ao assédio do sexo oposto, mesmo que de pessoas com pouca ou nenhuma intimidade;
  10. Inconformismo com o fim de relacionamentos, seguido de TOC -Transtorno Obsessivo Compulsivo com prevalência à obsessão pelo Déjà-vu na busca de reeditar relacionamentos que já não existem mais.

É exigido pela CID-10 que o diagnóstico de quaisquer transtornos de personalidade específicos também satisfaça uma relação de critérios de transtornos de personalidade em geral.

 


 


Perturbação de Personalidade Esquizóide


A Perturbação da Personalidade Esquizóide expressa-se, essencialmente, por três características:

  1. falha de interesse nas relações sociais,
  2. tendência ao isolamento e
  3. frieza emocional.

Apesar da semelhança semântica e de alguns sintomas semelhantes (como o embotamento emocional e o isolamento), esta perturbação não é o mesmo que a Esquizofrenia (a Esquizofrenia caracteriza-se, sobretudo, por uma fragmentação da estrutura básica dos processos de pensamento, acompanhada pela dificuldade em estabelecer a distinção entre experiências internas e externas, como é o caso dos sintomas psicóticos de delírio ou alucinação).

O termo “esquizóide” foi criado por Eugen Bleuer, no início do século XX, para definir uma tendência da pessoa para dirigir a sua atenção para o mundo interior, fechando-se ao exterior.

A característica central que define esta perturbação da personalidade é o padrão evasivo de distanciamento de relacionamentos sociais e uma diminuta expressão emocional em termos interpessoais. Este padrão começa no início da idade adulta e apresenta-se em diversos contextos.

Os indivíduos com esta perturbação parecem não ter um desejo de intimidade, preferindo passar o tempo sozinhos em detrimento de estar com outras pessoas (mesmo no contexto familiar). As actividades escolhidas são predominantemente solitárias. Mesmo quando se tratam de momentos com outras pessoas, a interacção é diminuta.

Deste modo, identifica-se uma preferência por tarefas mecânicas ou abstractas, assim como uma satisfação reduzida em experiências sensoriais.

A pessoa com Perturbação da Personalidade Esquizóide parece, igualmente, indiferente às críticas ou elogios. Pode parecer lento e letárgico, com um discurso monocórdico, tendo tendencialmente um humor negativo.

Esta perturbação da personalidade pode aparecer pela primeira vez na infância ou adolescência sob a forma de solidão, fraco relacionamento com os pares e baixo rendimento escolar, podendo criar situações em que estas crianças e adolescentes sejam vistas como diferentes e como alvos de bullying.

A Perturbação da Personalidade Esquizóide é diagnosticada com uma frequência levemente superior em sujeitos do sexo masculino. Pode, ainda, ter uma prevalência maior entre os parentes de indivíduos com Esquizofrenia ou Perturbação da Personalidade Esquizotípica.


Sugestões terapêuticas


Como a psicoterapia tem uma forte natureza interpessoal, as pessoas com perturbação da personalidade esquizóide terão algumas dificuldades em se “encaixar” na colaboração e relação terapêutica.

A psicoterapia trará sentimentos ambíguos, havendo o receio por parte do cliente que a mesma o faça descobrir mais falhas na sua personalidade e aumentar o seu sentido de ser desadequado.

Será, igualmente, difícil definir objectivos terapêuticos de mudança e colaboração.

Com validação por parte do terapeuta, será importante o foco da atenção na idiossincrasia do problema, isto é, naquilo que preocupa o cliente num determinado tema. Será relevante clarificá-lo, evitando o desfasamento com as expectativas do terapeuta.

Será difícil para o terapeuta, por exemplo, aceitar objectivos terapêuticos que não incluam integração social e que não vão de encontro com estas crenças.

Por exemplo, quanto à temática de “não ter amigos”, o terapeuta poderá considerar que seria importante para o cliente ter um amigo ou dois, quando para este o importante, neste tema, poderia ser que a família não estivesse sempre a dizer-lhe que deveria ter amigos.

Trabalhar com clientes cujas crenças e percepções contrastam significativamente com o terapeuta poderá trazer dificuldades. O cliente poderá ter crenças como: “as pessoas são cruéis”; “as pessoas são frias”; “as pessoas apenas deverão falar se houver alguma coisa para falar”.

Do ponto de vista terapêutico, as sugestões definem-se no sentido do estabelecimento de uma relação de confiança fortalecida, de forma centrada no cliente.

Com a intervenção psicoterapêutica pretende-se ir “derretendo a máscara de gelo”, num movimento de mudança e segurança, com gradual expressão de necessidades e emoções.


 

 

Transtorno de personalidade antissocial
Classificação e recursos externos
F60.2
301.7
Sinônimos: Personalidade psicopática, Personalidade sociopática

Pessoas com transtorno de personalidade antissocial freqüentemente possuem histórico de abuso de substâncias, especialmente álcool.1

Já está comprovado que indivíduos diagnosticados como psicopatas têm maiores chances de reincidir em crimes e portanto deveriam ser melhor vigiados.2

Pessoas com transtorno psicopático, durante o período da infância, podem ter sofrido com negligência e autoritarismo por parte de seus cuidadores, sentem-se profundamente isolados e tendem à introversão.3

Maltratar animais é um importante indicativo de psicopatia.4

Já foi comprovado que a serotonina tem um papel importante no controle da agressividade, impulsividade e comportamento anti-social tanto em humanos quanto em outros animais.5

Apesar de manipuladores, psicopatas têm mais dificuldade em identificar expressões faciais.6 e verbais 7 que pessoas sem esse transtorno.


Em 1904, Emil Kraepelin (foto) analisou cientificamente pela primeira vez tipos de personalidades semelhantes ao do transtorno de personalidade antissocial e que serviram de embasamento para a criação desse diagnóstico.8

Apesar de cometerem mais crimes, serem mais violentos e terem maior índice de reincidência, psicopatas ainda recebem liberdade condicional com 2.5 mais frequência que outros presos.9

O Transtorno de Personalidade Antissocial, vulgarmente chamado de Psicopatia ou Sociopatia, é um transtorno de personalidade descrito no DSM-IV-TR, caracterizado pelo comportamento impulsivo do indivíduo afetado, desprezo por normas sociais, e indiferença aos direitos e sentimentos dos outros. Na Classificação Internacional de Doenças, este transtorno é chamado de Transtorno de Personalidade Dissocial (Código: F60.2).10 Na população em geral, as taxas dos transtornos de personalidade podem variar de 0,5% a 3%, subindo para 45-66% entre presidiários.11

Índice



Características[editar]


A psicopatia é caracterizada, principalmente, pela ausência de empatia com outros seres humanos (quando não pertencente a família), resultando em descaso com o bem-estar do outro e sérios prejuízos aos que convivem com eles. Esse desvio de caráter costuma ir se estruturando desde a infância. Por isso, na maioria das vezes, alguns dos seus sintomas podem ser observados nesta fase e/ou na adolescência, por meio de comportamentos agressivos que, durante estes períodos, são denominados de transtornos de conduta. Não demonstram empatia, são interesseiros, egoístas e manipuladores. Conforme se tornam adultos, o transtorno tende a se cronificar e causar cada vez mais prejuízos na vida do próprio indivíduo e especialmente de quem convive com ele.12

Na psicanálise tal comportamento é característico das estruturas ligadas às modalidade de perversão, que diferem das neuroses e das psicoses. Indivíduos com este diagnóstico são usualmente chamados de sociopatas e psicopatas segundo definição do próprio CID 10 Revisão:

Transtorno de personalidade caracterizado por um desprezo das obrigações sociais e falta de empatia para com os outros. Há um desvio considerável entre o comportamento e as normas sociais estabelecidas. O comportamento não é facilmente modificado pelas experiências adversas, inclusive pelas punições. Existe uma baixa tolerância à frustração e um baixo limiar de descarga da agressividade, inclusive da violência. Existe uma tendência a culpar os outros ou a fornecer racionalizações plausíveis para explicar um comportamento que leva o sujeito a entrar em conflito com a sociedade.10

Egocentrismo patológico, incapacidade para lealdade ou manutenção de sentimentos de amor ou afeição, sedução apurada, vida sexual impessoal ou pobremente integrada, prática comum de calúnias, omissões ou distorções de fatos e constante incapacidade de seguir algum plano de vida também fazem parte de suas características.13

Diagnóstico[editar]


Critérios diagnósticos pelo DSM-IV-TR (Código: 301.7)14 :

A. Um padrão pervasivo de desrespeito e violação aos direitos dos outros, que ocorre desde a adolescência, como indicado por pelo menos TRÊS dos seguintes nove critérios:

  1. Fracasso em conformar-se às normas sociais com relação a comportamentos éticos e legais, indicado pela execução repetida de atos que constituem motivo de reprovação social ou detenção (crimes);
  2. Impulsividade predominante ou incapacidade em seguir planos traçados para o futuro;
  3. Irritabilidade e agressividade, indicadas por histórico constante de lutas corporais ou agressões verbais violentas;
  4. Desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia;
  5. Irresponsabilidade consistente, indicada por um repetido fracasso em manter um comportamento laboral consistente ou honrar obrigações financeiras;
  6. Ausência de remorso, indicada por indiferença ou racionalização por ter manipulado, ferido, maltratado ou roubado outra pessoa;
  7. Tendência para enganar, indicada por mentir compulsivamente, distorcer fatos ou ludibriar os outros para obter credibilidade, vantagens pessoais ou prazer;
  8. Em alguns casos, incapacidade de conviver com animais domésticos ou ter apreço pelos sentimentos dos mesmos em geral;
  9. Dissociabilidade familiar, marcada pelo desrespeito ou desapreço.

B. Existem evidências de Transtorno de Conduta com início antes dos 15 anos de idade.

C. A ocorrência do comportamento antissocial não se dá exclusivamente durante o curso de Esquizofrenia ou Episódio Maníaco.

No caso de timidez patológica os diagnósticos usados na psiquiatria contemporânea podem ser, entre outros, de transtorno de personalidade esquiva, fobia social ou transtornos de ansiedade.

As características dos sociopatas englobam, principalmente, o desprezo pelas obrigações sociais, leis e a falta de consideração com os sentimentos dos outros. Eles possuem um egocentrismo exageradamente patológico, emoções superficiais, teatrais e falsas, pobre ou nenhum controle da impulsividade, baixa tolerância para frustração e derrotas, baixo limiar para descarga de agressão física, irresponsabilidade, falta de empatia com outros seres humanos e animais, ausência de sentimentos de remorso e de culpa em relação ao seu comportamento.

São pessoas sedutoras, cínicas e manipuladoras. Geralmente são incapazes de manter uma relação conjugal leal ou duradoura. É comum o histórico de diversos relacionamentos de curta duração.

Quando percebem que suas atitudes estão sob avaliação, reprovação ou questionamento, são capazes de adotar mudanças radicais em seu estilo de vida para afastar as suspeitas sobre si, como por exemplo, casar-se repentinamente, frequentar igrejas ou presentear conhecidos. 1

Eles mentem exageradamente, sem constrangimento ou vergonha. Na narrativa dos fatos, utilizam contextos fundamentados em acontecimentos verdadeiros, porém manipulados de acordo com seus interesses, e assim se tornam extremamente convincentes. Roubam, abusam, trapaceiam, manipulam dolosamente seus familiares, parentes e amigos. Causam inúmeros transtornos a quem está ao seu redor e podem colocar em risco a vida de outras pessoas sem sentir pena de quem foi manipulado. Seduzem seus parceiros a fim de convencê-los a fazer algo em seu lugar, evitando prejuízo a si mesmos. Podem maltratar animais sem piedade, mesmo que não obrigatoriamente. Esse conjunto de características faz com que os sociopatas dificilmente consigam aprender com a punição e modifiquem suas atitudes.

São capazes de fingir com maestria comportamentos tidos como exemplo de ética social e capazes de fingir crenças ou hábitos para se infiltrarem em grupos sociais ou religiosos a fim de ocultar sua verdadeira personalidade. Pessoas sociopatas não sentem remorso pelo o que fazem. Jamais sentem culpa.

Quando detectam que outras pessoas começam a notar seus desvios de personalidade são extremamente hábeis em fingir comportamentos exemplares, alterando e adaptando seus desvios de conduta para que não sejam descobertos. Ao notarem que sua personalidade foi descoberta é comum que saiam de cena, mudem de residência e procurem estabelecer novos vínculos sociais com pessoas que desconheçam seu comportamento patológico, mantendo pouco ou nenhum vínculo com seu passado.

 

Teste de psicopatia de Hare (PCL-R)[editar]


Para diagnosticar uma pessoa com psicopatia, Robert Hare desenvolveu um famoso teste psicológico, válido somente quando aplicado por um psicólogo ou psiquiatra. Seus critérios diagnósticos abrangem os recursos afetivos, interpessoais e comportamentais. Cada item é avaliado em uma nota de zero (ausente ou leve), um (moderada) ou dois (grave). A soma total determina o grau de psicopatia de uma pessoa.15

Fator 1

Narcisismo agressivo

  1. Sedutora / Charme superficial
  2. Grandioso senso de auto-estima
  3. Mentira patológica
  4. Esperteza / Manipulação
  5. Falta de remorso ou culpa
  6. Superficialidade emocional
  7. Insensibilidade / Falta de empatia
  8. Falha em aceitar a responsabilidade por ações próprias
  9. Agressão a animais

Fator 2

Estilo de vida socialmente desviantes

  1. Necessidade por estimulação / tendência ao tédio e depressão
  2. Estilo de vida parasitário tentando ser sustentado e mantido por seus manipulados.
  3. Falta de metas de longo prazo possíveis ou realistas (incapacidade de enxergar as consequências das ações no futuro)
  4. Impulsividade
  5. Irresponsabilidade

Fator 3

Estilo de comportamentos irresponsáveis

  1. Controle comportamental pobre*
  2. Versatilidade criminal*
  3. Delinquência juvenil*
  4. Problemas comportamentais precoces*
  5. Revogação da liberdade condicional*

Traços não correlacionadas com ambos fatores

  1. Várias relações conjugais de curta duração
  2. Promiscuidade

Uma nota elevada no Fator 2 está associado com reação agressiva, ansiedade, elevado risco de suicídio, criminalidade e violência por impulsividade. Uma nota elevada no Fator 1 por outro lado indica uma melhor habilidade em conviver socialmente, baixa ansiedade, baixa empatia, baixa tolerância a frustrações e baixa ideação suicida, além de estar associado a sucesso e bem estar.

Indivíduos com Fator 1 positivo já foi considerado como adaptativo em um ambiente altamente competitivo, por obter resultados tanto para o indivíduo quanto paras as corporações16 , porém muitas vezes eles causam dano a longo prazo, tanto para seus colegas de trabalho quanto para a organização como um todo, devido ao seu comportamento manipulativo, enganoso, abusivo e, muitas vezes fraudulento.17 Além disso, essas pessoas geralmente causam extremo sofrimento a seus parceiros amorosos, a seus filhos, familiares e animais domésticos.18

Causas[editar]


Fatores ambientais e psicológicos como condições econômicas precárias, família desestruturada e histórico de violência podem superar fatores genéticos na formação dos psicopatas atuais. Existe grande número de psicopatas entre as populações carcerárias. Estes indivíduos vivenciaram, geralmente, situações de desamparo, desprezo e desafeto por suas famílias. Vivências repletas de maus tratos, humilhações, abusos e mais uma série de fatores que, somados, podem levar o indivíduo a uma dessensibilização, emocionalmente superficial e a repetir a violência sofrida em suas relações sociais.13

Vários estudos mostram a associação entre lesões pré-frontais e comportamentos impulsivos, agressividade e inadequação social. Um indivíduo saudável apresentando comportamentos dentro dos padrões normais após sofrer um acidente em que o córtex é atingido, pode passar a apresentar comportamentos antissociais, ou seja, uma sociopatia adquirida. Estes dados confirmam o fato de que possa existir um componente cerebral envolvido no comportamento dos psicopatas.19

A diminuição da massa cinzenta na área pré-frontal, analisada por neuroimagem, demonstra que uma diminuição do volume do hipocampo posterior e um aumento da matéria branca do corpo caloso contribuem para o aparecimento de comportamentos mais agressivos.20

Comorbidades[editar]


Portadores de transtornos de personalidade são mais susceptíveis a apresentarem outros transtornos psiquiátricos. Estima-se que 80% das pessoas com transtornos de personalidade sofram de outros problemas de saúde mental, como hiperatividade, síndrome do pânico, depressão maior, transtornos de ansiedade e abuso de drogas.21

Existe também uma correlação entre o transtorno de personalidade antissocial com outros transtornos de personalidade de desvios sociais, como transtorno de personalidade histriônica, o transtorno de personalidade narcisista e o transtorno de personalidade limítrofe.22

Tratamento[editar]


As formas mais comuns de medicamentos utilizados em pacientes de transtornos de personalidade são os neurolépticos, antidepressivos, lítio, benzodiazepínicos, anticonvulsivantes e psicoestimulantes. Porém tratamentos medicamentosos revelaram ser ineficazes no tratamento de psicopatia, apesar de poucos estudos terem sido realizados adequadamente 23 . Mesmo com poucos testes, sais de lítio são usados frequentemente no tratamento de pacientes psicopatas, pois podem levar a uma redução nos comportamentos impulsivos, explosivos e na instabilidade emocional. Seus principais efeitos colaterais são sedação, tremores e problemas motores.24

Há indicativos de que a terapia cognitivo-comportamental possa ser um método eficaz no tratamento de transtornos de personalidade antissocial.25 A American Psychiatric Association considera a terapia analítico-comportamental como o tratamento de regulacão afetiva mais eficaz e empiricamente suportado para transtornos de personalidade.26

Psicoterapias com pacientes com personalidade violenta em liberdade condicional reduziram os índices de reincidência para 20 e 33% comparado com 40 a 52% dos grupos controles. Os autores concluem que a personalidade dos pacientes não mudou, porém eles aprenderam a controlar melhor seus impulsos e pensarem mais nas consequências de seus atos.27 28 29 30

http://pt.wikipedia.org/wiki/Transtorno_de_personalidade_antissocial

 

 

 

 
 
 
 
TCC - Terapia Cognitivo Comportamental
Entenda como a sua percepção da realidade afeta suas emoções

O que é TCC?
por Thaís Petroff
 
 
 
TCC ou Terapia Cognitivo Comportamental é uma linha de atendimento psicoterapêutico. Foi desenvolvida por Aaron Beck, na Universidade da Pensilvânia no início da década de 60. Sua filha, Judith Beck , assim como outros psicólogos e psiquiatras vêm aprimorando e adaptando essa terapia para diferentes distúrbios psicológicos.
A TCC é uma terapia breve baseada no pressuposto de que as emoções e os comportamentos são influenciados pelos pensamentos.
O que isso quer dizer na prática?
Que diferentemente do senso comum, na visão dessa abordagem, não é a situação em si que determina como a pessoa sente-se e age, mas sim a percepção que ela tem dos eventos, assim como sua interpretação dos mesmos. Com base nisso, uma mesma situação pode ser vista de maneira diferente por diferentes pessoas, fazendo com que elas sintam-se e comportem-se de maneiras diversas. Ou ainda, um mesmo indivíduo pode reagir de maneira diferente a uma mesma situação em momentos diferentes.

O que determina isso, como já foi dito, é a interpretação que o sujeito faz da situação. A interpretação são imagens e/ou pensamentos, que surgem frente a um determinado estímulo e que são provenientes de crenças que as pessoas têm sobre elas mesmas, sobre os outros e sobre o mundo. Portanto, caso uma pessoa tenha crenças negativas ou disfuncionais sobre si, sobre os outros ou sobre o mundo, enxergará os eventos sob essa óptica, a qual influenciará seu humor e seu comportamento.
O terapeuta cognitivo comportamental busca várias maneiras de produzir a mudança cognitiva: ou seja, a modificação no modo de pensar e no sistema de crenças do paciente – visando promover alteração emocional e comportamental duradoura.
Terapia breve
Primeiramente, a TCC foi desenvolvida para ser uma terapia breve, no intuito de amenizar e tratar o distúrbio da maneira mais ágil possível, evitando o prolongamento do sofrimento do paciente. Para isso o psicoterapeuta tem como metas: promover o alívio dos sintomas, ser um facilitador na remissão do transtorno, auxiliar o paciente a lidar com seus problemas mais prementes e ensinar-lhe habilidades para que esse seja menos propenso a recaídas.
A psicoterapia é orientada por metas e direcionada a resolver problemas atuais. Terapeuta e paciente criam metas conjuntamente, orientando-se por elas, além de elaborarem uma lista dos problemas a serem resolvidos. Nesse âmbito, o trabalho em parceria é indispensável, fazendo com que o paciente mantenha colaboração e participação ativa durante todo o processo.
Paciente torna-se seu próprio terapeuta

Outro ponto fundamental é o caráter educativo contido nesse trabalho. O psicoterapeuta preocupa-se em ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta, instruindo-o a conhecer e praticar os fundamentos e técnicas do modelo cognitivo comportamental. É enfatizada a prevenção de recaídas.
O processo tem foco no presente, não ignorando o passado, mas entendendo que a pessoa se constrói também através de suas experiências de vida. No entanto, determinante é como ela é hoje: o que pensa, sente e como se comporta no momento atual.
Este processo promove autoconhecimento, aprendizado de novas habilidades, bem como o desenvolvimento das que já existem. Permite também obter maior controle sobre os pensamentos, emoções e comportamentos.
*Terapia breve pode ser alguns poucos atendimentos ou durar até um ano ou dois. O mais comum é uma média de 8 a 20 sessões, exceto em sintomas graves, crônicos ou distúrbio de personalidade.
 
http://www2.uol.com.br/vyaestelar/terapia_cognitivo_comportamental01.htm

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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