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quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Construção de um instrumento de intervenção pedagógica considerando um caso de problemas comportamentais e aprendizagem de um aluno surdo na escola- HISTÓRIA

Introdução

As políticas públicas de inclusão que estão sendo implementadas no Brasil, tem como ponto principal o atendimento aos destinatários, que no caso dos alunos surdos exigem profissionais habilitados e instrumentalizados para atuarem como intérpretes nas escolas públicas. A proposta da inclusão de alunos surdos em escolas regulares tem exigido uma nova concepção de escola; uma escola bilíngue, que ofereça a língua de sinais como segunda língua.
O atendimento especializado deve ser realizado com a presença de dois profissionais, o professor de língua portuguesa e o intérprete de libras. O Decreto 5626 de dezembro de 2005 regulamentou a Lei 10436/02, também denominada Lei de Libras nos cursos superiores, a formação de professores para o ensino de Libras, a formação de tradutores e intérpretes de Libras, a atuação do Serviço Único de Saúde - SUS, a capacitação de servidores públicos para o uso da Libras ou sua interpretação e a dotação orçamentária para garantir ações previstas neste decreto, estabelecendo mudanças estruturais no campo educacional e visando  garantias de países e acesso das pessoas surdas nas escolas regulares.
   Uma importante ação do governo estipulado no decreto é a criação do curso de Letras/Libras, visando à formação inicial dos profissionais; entre eles professores e intérpretes de Libras e a criação de um exame nacional para certificação de proficiência através do Polibrasil. O Brasil é o pioneiro na realização de exame em língua de sinais.
Indiscutivelmente um grande avanço na política de inclusão de alunos surdos, mas ainda temos muito que avançar no sentido de criar condições para implementação de uma legislação específica para formar este profissional que atualmente é hibrido e necessita de investimento de formação adequada ao seu campo de atuação profissional.
Alinhado a essa demanda histórica pela qual a educação do país está vivendo, o momento de direitos e diversidades nos espaços de educação formal e com isto a ampliação no atendimento especializado e demais recursos de acessibilidade, se faz necessário repensar práticas circulantes nos espaços escolares de educação bilíngue.
Dentro desse contexto, onde as duas línguas são oferecidas, alguns desafios tem surgido, entre eles está à formação do profissional que atuará como interprete e tradutor de libras. Pesquisas têm apontado à fragilidade da formação desse profissional. Sendo ele elemento de ligação entre o professor e o aluno, é imprescindível que sua interpretação seja fidedigna da explicação dada pelo professor regente da turma. A qualidade da sua intepretação será determinante na aprendizagem do aluno.
Outro desafio é que atualmente o Brasil tem poucos profissionais formados e com proficiência em Libras, por isso tem chegado às escolas profissionais que apesar de dominar a língua de sinais, apresentam muita dificuldade em transmitir com clareza o conteúdo que o professor está ensinando. Considerando esta realidade, na qual as escolas tem surdos matriculados, seria impossível atender as exigências que determinam o acesso e principalmente a permanência desses alunos surdos nas escolas sem a presença de intérpretes de sinais. Assim sendo, é necessário investir na formação e especialização do intérprete de língua de sinais na educação.
 Outro problema que pode acontecer na intermediação entre tradutor e professor é referente à ética. O tradutor interage com o professor e o aluno nos espaços coletivos da escola. Ele é responsável pela comunicação entre ambos; sendo assim, sua conduta tem que ser extremamente ética, afinal ele transita nos dois lados.

 Mudança de comportamento do aluno
Cada indivíduo reage ou é influenciado pelo meio em que vive que pode interferir de maneira positiva ou negativa em seu comportamento. Por isto, antes de qualquer intervenção ao comportamento do aluno, o primeiro passo é observar o meio em que ele vive. Segundo Skinner dentro da sua teoria chamada técnica de reforço, que nos é permitido configurar condutas, ou seja, em comportamentos extremamente complexos, pode-se alcançar passos sucessivos nesta configuração, sendo modificados progressivamente com o processo de reforço na busca do comportamento desejado. Existem dois pontos que são de extrema importância e que influenciam diretamente no comportamento da criança: os estímulos e as respostas.
            Notamos dentro dessas Teorias Psicológicas que revelam os fatores externos e influenciam o comportamento, abrindo horizontes  para aprendizagem, como mudanças de atitudes mediante um processo de condicionamento dentro de uma proposta de intervenção a um comportamento inadequado do aluno. Observamos aquilo que Skinner  chama de reforçadores que significa resposta aos estímulos provocados pelo meio em que vive, dessa forma, a melhor resposta de intervenção é procurar entender a resposta se negativa ou positiva mediante a estratégia usada. A exemplo disso, um aluno com problema auditivo em uma sala de aula requer do professor que sejam estabelecidos métodos que levem este aluno a formas adequadas de aprendizagem e que promova transformações em seu comportamento.
Quando se fala em estímulos e respostas diz-se que a mudança de atitude desse aluno vai depender dos estímulos recebidos do seu professor. Programas com foco na diversidade voltados para sensibilização, preconceitos, estigmas, estereótipos ou discriminações e questões voltadas para as relações de amizade e de estudo entre os alunos e em parceria com as famílias são estímulos de extrema importância no auxílio dessas mudanças comportamentais. Skinner destaca que como educador dentro de cada uma dessas teorias há elementos facilitadores para o ensino que podem servir de apoio ao professor em seu cotidiano, não algo que seja repetitivo e sim que possam examinar e organizar estratégias que os estimulem a escolher dentro da sua realidade as tarefas mais adequadas.
Enfim, notamos que dentro dessas teorias psicológicas os fatores externos  influenciam o comportamento, abrindo horizontes para aprendizagem como mudança de atitude mediante um processo de condicionamento.

Diferenças metodológicas quanto ao ensino da língua portuguesa
para ouvintes e pessoas surdas

            Ser professor de alunos surdos significa considerar suas singularidades de apreensão e construção de sentidos quando comparados aos alunos ouvintes.
            É muito discutido em sala de aula e deve ser um lugar que permita que o aluno estabeleça relações com aquilo que é vivido fora dela e, deste modo, interessa centralizar socialmente os conteúdos a serem trabalhados, apoiando-os, quando possível em filmes, em textos de literatura, em manchetes de jornais, em programa de televisão de modo a tornar a aprendizagem mais significativa.
            Se estas estratégias auxiliam os alunos ouvintes a uma melhor compreensão dos temas trabalhados para surdos, elas são ainda mais imprescindíveis, uma vez que eles, em geral, tiveram poucos interlocutores em suas línguas e, consequentemente, poucas oportunidades de trocas e de debates além de não terem acesso completo aos conteúdos de filmes, programas de televisão e outras mídias que privilegiam a oralidade ( nem sempre constam com a legenda ), ou possuem textos complexos de difícil acesso aos alunos surdos com dificuldades no letramento da língua portuguesa. Neste modo, é frequente que estes alunos cheguem no espaço escolar com conhecimento de mundo reduzido quando comparados com aqueles apresentados pelos alunos que ouvem, já estes podem construir conceitos a partir das informações trazidas pela mídia, por exemplo.
            Além disso, na perspectiva da educação inclusiva de alunos surdos, o professor precisará ser parceiro do intérprete de Libras para que se ampliem as possibilidades de construção de conhecimento desses alunos. Para favorecer a aprendizagem do aluno surdo não basta apenas apresentar os conteúdos em Libras, é preciso explicar os conteúdos de sala de aula utilizando de toda potência maior que esta linguagem tem, alguns autores defendem a semiótica imagética, eles acham que é um novo campo que ajuda a explorar a viabilidade a partir do qual se pode ser investigados aspectos da cultura surda, da constituição da imagem maior que está presente nos surdos e acham que podem ser aproveitados como recursos didáticos, lembrando que não se trata de gesto ou mímicas, mas de um trabalho com significados na língua de sinais, e assim explorando as características visuais dessa língua. O uso dos braços, dos corpos, os traços visuais, expressões corporais e faciais, mãos e dedos...      
 
Organização das aulas
            Ensinar língua escrita para quem desconhece a oralidade é um desafio para todos os professores com aluno surdo em sua turma. As principais dificuldades não decorrem da surdez em si, mas da falta de conhecimento da língua portuguesa falada. Hoje, boa parte desses alunos comunicam-se através da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), uma linguagem visual que tem sua estrutura própria. Lembrando que, mesmo que estes alunos não alcancem os mesmos resultados obtidos pelos ouvintes, os deficientes auditivos precisam participar de todas as aulas.
            Solicitar que a criança sente-se próxima ao professor e nunca de frente a janela, pois é necessária uma boa iluminação para uma leitura orofacial; é importante saber qual ouvido a criança escuta melhor, utilizar a linguagem de sinais, gestos, mímicas, desenhos para auxiliar o entendimento do que está sendo trabalhado utilizando recursos diferenciados como cores diferentes e letras móveis para designar elementos distintos de uma frase. Envolvê-lo em todas as atividades, solicitando pequenas tarefas como escrever no quadro e transmitir recados. Emitir frases completas lentamente, usar sempre a escrita no quadro, materiais com transparência, indicando as palavras-chave, uso de materiais adaptados como treinador de falas, tablado e softwares educativos. O rosto do professor deve receber luz ao falar, por isto, deve se posicionar na sala adequadamente e falar sem movimentar em excesso o corpo e a cabeça. Organizar espaços alternativos na sala como cantinho da leitura, de jogos ou artes, danças e outros. Sintetizar a aula para fixar o que foi trabalhado oralmente, trabalhar com listas de palavras e deixa-las em mural visível. Se mesmo assim o aluno não conseguir escrever um texto, estimule-o a contribuir para as atividades escrevendo listas ou frases sobre o texto abordado. Para ajudar o aluno a se expressar melhor pela escrita, os trabalhos coletivos ou em pequenos grupos também vão ajuda-lo. O importante é o aluno contar sempre com apoio visual da escrita, e o acompanhamento de um aluno que possa incentivar e orientá-lo a buscar materiais visuais. O professor deve registrar todas as atividades e atuar em conjunto com o Atendimento Educacional Especializado (AEE) em prol deste aluno.




Conclusão
            Uma classe inclusiva é aquela que promove o desenvolvimento do seu aluno e não apenas oferece a oportunidade de convivência social. Assim, muitas escolas apresentam ideias errôneas de que para incluir basta matricular o aluno com necessidades educativas especiais e ao mesmo tempo pontua a necessidade de revisão em relação a conceitos e buscas de novas experiências, lembrando a importância da escola ser um espaço de aprendizagem significativa.
            A prática da inclusão leva a criança, adolescentes e jovens a aprender a conviver com a diversidade, adquirindo experiências que conferem suporte ao enfrentamento, pois preconceito e diferença são muito presentes em nossas escolas. É importante que todos reflitam sobre esta questão e construam novas atitudes para com o outro. É necessário que se trabalhe em função do aproveitamento escolar de alunos incluídos, a fim de que a escola não fracasse, superando estigma, o preconceito e toda forma de discriminação. A inclusão se traduz pela capacidade da escola em responder eficazmente as diferenças de aprendizagem de seus alunos considerando o desenvolvimento deles como prioritário. A educação no Brasil enfrenta o desafio de desenvolver nas práticas cotidianas a transformação para ser capaz de garantir o acesso e permanência de alunos com deficiência de aprendizagem. O aluno é um ser social e não pode estar em desvantagem em relação a seus pares. É preciso refletir sobre as práticas que acontecem em nossas escolas, compreendendo limites e possibilidades desses alunos, para que sejam aceitos pela comunidade escolar e sua família.
           


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- Bock AMB, Furtado O, Teixeira MLT. Psicologias: uma introdução ao estudo de
Psicologia. 13ª ed. São Paulo (SP): Saraiva; 1999.
- FERNANDES, S.F. Educação Bilíngue para surdos: identidades, diferenças, contradições e mistérios. 2003. 202f. Tese (Doutorado em Letras) – Universidade Federal do Paraná,
- Curitiba HAIDT, Regina Célia Cazaux. Curso de Didática Geral. São Paulo: Ática, 2006.
- QUADROS, R. M. de. O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e
língua portuguesa. Brasília: MEC/SEE, 2004.
- VEDOATO, Sandra. C. M. Desafio Profissional de Psicologia da Educação e Teorias da Aprendizagem; Redes Sociais e Comunicação; Língua Brasileira de Sinais;
Responsabilidade e Meio Ambiente e Didática. [Online]. Valinhos, 2016, p. 01-06. Disponível em: <
www.anhanguera.edu.br/cead>. Acesso em: junho. 2016.
- Portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee-da.pdf>-pessoas com surdez. Acesso em: outubro 2016.



HISTÓRIA - LICENCIATURA

 Dayse de Góes
Reginaldo Silva de Lyra
Fabiana de Brittes Araujo
Elisabete Ferreira de Morais
Margarete Ferreira de Morais

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