Categoria: Transtornos Psíquicos
Resumo: Pesquisas revelam que cerca de 20% da população mundial tem um ou
mais episódios da depressão grave durante a vida, e cresce cada vez mais,
estima-se que a depressão ocupará o segundo lugar entre as causas de doenças e
incapacidade no mundo no ano de 2020. As mulheres são as principais afetadas
pela doença, e a OMS avalia que a depressão ocupa o quarto lugar entre as dez
principais caudas de morbidade mundial. Essa doença é vista como um verdadeiro
distúrbio mental, altamente debilitante, a ponto de ser considerado por muitos
como o “mal do século”. O presente estudo tem como objetivo estudar o
transtorno, bem como suas causas, sintomas, e assim propor uma intervenção a
fim de minimizar o impacto da mesma no indivíduo.
Palavras-chave: transtornos de humor, depressão.
1 Introdução
A
depressão é um grande transtorno moderno no que diz a respeito à saúde mental,
é segundo Nedley (In Revista Vida e Saúde, 2009, p. 10) causada por um
distresse mental (Distresse: é o estresse prejudicial ou desagradável e estresse:
é um estado de ansiedade, medo, preocupação ou agitação com resultados
psicológicos negativos e doloridos). Uma definição segundo Cembrowick e Kingham
(2003) foi dada por Sir Audrey Lewis nos anos 50, ele diz que as pessoas
deprimidas ficam tristes e doentes com sua tristeza.
É
o mal que encabeça as consultas psiquiátricas e psicologia clinica. E cresce
cada vez mais: estima-se que a depressão ocupará o segundo lugar entre as
causas de doenças e incapacidade no mundo no ano de 2020, ficando atrás apenas das
doenças cardiovasculares (RIO, apud MELGOSA 2009).
A
depressão afeta todas as faixas etárias, segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS) calcula-se que há mais de cem milhões de pessoas deprimidas no mundo.
Conforme
Cembrowick e Kingham (IBIDEM, p. 26 e 27) existem alguns tipos de depressão,
tais como:
- Primaria e secundária: primária significa que a doença se desenvolveu por si só, secundária é quando a depressão é causada por outra doença.
- Depressão neurótica e depressão psicótica: a neurótica significa que não importa o quanto está doente a pessoa está sempre em contato com a realidade, já a psicótica a pessoa perde o contato com a realidade, ou suas crenças podem variar da normalidade do indivíduo.
- Depressão endógena e exógena: essa terminologia é pouco usada, mas endógena refere-se à depressão que vem de dentro, sem uma causa óbvia, já a exógena quando a doença aparece em função de um evento estressante, como morte de um ente.
- Transtorno afetivo unipolar e bipolar: depressão unipolar significa uma doença depressiva que aconteceu em uma pessoa que experimenta tanto o humor normal como o deprimido. Bipolar por outro lado a pessoa experimenta em diferentes momentos humor normal, deprimido e alto ou alvoroçado.
A Classificação
Internacional das Doenças, da Organização Mundial da Saúde, em sua décima
revisão, a CID-10, classifica a depressão da seguinte forma:
F32: Episódios
Depressivos: O número e a gravidade dos sintomas permitem determinar três
graus de um episódio depressivo: leve, moderado ou grave. Os
episódios leves e moderados podem ser classificados de acordo com a presença ou
ausência de sintomas somáticos. Os episódios depressivos graves são
subdivididos de acordo com a presença ou ausência de sintomas psicóticos.
F33: Transtorno
Depressivo Recorrente: Transtorno
caracterizado pela ocorrência repetida de episódios depressivos na ausência de
todo antecedente de episódios independentes de exaltação de humor e de aumento
de energia (manias), comporta breves episódios caracterizados por um ligeiro
aumento de humor e da atividade (hipomania), sucedendo imediatamente a um
episódio depressivo. Essa classificação tem as mesmas subdivisões descritas
para o episódio depressivo.
1.1 Sintomas:
Os sintomas da depressão são vários,
sendo eles:
- Estado de imensa tristeza: Surge o choro e sentimento de desespero, às vezes sem motivo.
- Ausência de alegria em qualquer atividade. Sem motivações para nada.
- Perda ou ganho de apetite e peso: Não apetite nem mesmo diante de comidas deliciosas. Em alguns casos, o paciente possui excesso de apetite ou aumento de apetite quase todos os dias.
- Alterações do sono: A insônia é mais frequente, embora às vezes na depressão há um excesso de sono.
- Lentidão ou agitação nos movimentos: Caminha ou fala de maneira vagarosa ou manifesta sensação de inquietação.
- Fadiga ou perda de energia: sensação de fraqueza física, com semblante abatido.
- Sentimentos negativos para consigo mesmo. Falta de autoconfiança.
- Sentimento de culpa: Senso de culpa por coisas sem importância e sensação de fracasso.
- Limitações na capacidade mental: lentidão no pensamento, diminuição da atenção e concentração.
- Ideias e intenções de suicídio: Pensamento da morte como fuga, podendo planejar, tentar ou até mesmo cometer o suicídio.
1.2 Causas:
Segundo
Melgosa (2009) ainda não se sabe ao certo como a depressão é causada, no
entanto há muitos componentes como a vulnerabilidade genética, (Se uma pessoa
tem depressão, as chances de um parente próximo de ter aumentam em 20%. Nos
casos de gêmeos idênticos essa estatística aumenta para 70%); eventos do
cotidiano quando ocorrem situações estressantes, como assaltos ou de perda de
ente querido; doenças físicas, tais como esclerose múltipla, derrame, hepatite,
apnéia do sono, hipertensão, doenças terminais também são determinantes. Assim
como algumas drogas como a cortisona, anfetaminas, pílulas anticoncepcionais,
quimioterapia, álcool, maconha etc. Estas uma vez instaladas há mecanismos
bioquímicos, psicológicos e sociológicos que infamam ou perpetuam a doença.
1.3 O Que Ocorre?
Há
algumas pessoas que detestam a solidão, sensação de abandono e infelicidade;
dependendo do estado de espírito, pode produzir melancolia e medo. Sentimento
de impotência perante as situações e sentimento de perda são as causas mais
frequentes e marcantes da depressão. Tudo isso depende da escala de valores que
atribuímos às coisas. Se perdermos algo que consideramos essencial ou
importante, podemos manifestar ou não a depressão.
No
entanto, ainda existem algumas pessoas que consideram a depressão “frescura”, mas a
verdade é que esses comportamentos de desânimo, fadiga, não é falta de atitude,
mas sim um mau funcionamento metal. Segundo CEMBROWICK e KINGHAM (2003), as
alterações no sistema límbico (hipotálamo, hipocampo, amídala, tálamo, giro do
cíngulo e os núcleos basais) tem-se mostrado importante, neurocientistas
afirmam que se a função do sistema límbico está aumentada resulta em uma
inapropriada exaltação de humor ou manias, se sua função está diminuída resulta
na depressão, e se ainda suas funções estiverem defeituosas pode resultar numa
psicose.
O
humor e seus transtornos estão relacionados às funções cerebrais, assim uma
pessoa estressada mostra alterações em sua química corporal e cerebral. O
hipotálamo e a glândula hipófise controlam a resposta corporal ao estresse,
seja aumentando ou diminuindo seus débitos de hormônios cerebrais. O aumento de
um dos hormônios, mas especificamente o CRF – fator liberador de
corticotrofina, causa uma liberação do hormônio liberador de corticotrofina.
Essa
substancia em si estimula a produção de uma substancia que estimula a produção
de esteróides e cortisol pela glândula hipófise, esse aumento dos esteróides
afeta os neurotransmissores (monoaminas, noradrenalina e serotonina) que após
algum tempo causa algumas reações depressivas como falta de apetite, sono,
entre outros.
1.4 Prevenção:
- Busque suficiente apoio social: Geralmente há pouca frequência da depressão em círculos em que há fortes laços de relacionamento conjugal, familiar, trabalho ou amizades.
- Mantenha uma vida ativa: Ocupe-se de tarefas que causem satisfação e que sejam produtivas e edificantes. Pratique esportes ou exercício físico aeróbico.
- Pense corretamente: Evite analise negativa das situações.
- Olhe para o passado com prudência: o passado pode ser fonte de depressão e também de bem-estar emocional, alegre-se com os tempos e acontecimentos felizes.
1.5 Como Curar a Depressão?
A
maioria das doenças depressivas vai melhorar com o tempo, com ou sem
tratamento, no entanto algumas formas de tratamento têm o papel muito
importante por ajudar a reduzir o desagrado da doença e acelerar a recuperação,
tais como: a Farmacologia e a psicoterapia.(CEMBROWICK e KINGHAM, 2003)
Na
maioria dos casos é indicado tratamento farmacológico inicial prescrito por um
médico ou psiquiatra, simultâneo de um plano de intervenção psicológica, bem
como alguns hábitos cotidianos, como a alimentação, que prepara a pessoa a sair
da depressão e evitar seu retorno.
1.5.1 Produtos Psicofármacos: os Antidepressivos
Os
medicamentos antidepressivos são uma eficiente forma de alivio da dor psíquica
e tendência ao suicídio, atuando sobre a química cerebral para equilibrar a
atividade dos neurotransmissores no cérebro, aliviando os sintomas da depressão
e fortalecendo os efeitos da psicoterapia.
A
eficácia dos antidepressivos foi comprovada por milhares de ensaios controlados
com placebos. No entanto, às vezes é preciso submeter o paciente a muitos tipos
de medicamentos até encontrar o mais indicado para os resultados, sendo que os
medicamentos antidepressivos podem produzir efeitos secundários de variada
intensidade como: problemas na sexualidade, alterações cardiovasculares,
sonolência ou insônia, visão turva, nervosismo, prisão de ventre, aumento ou
perda de peso e secura na boca, porém hoje em dia os medicamentos mais novos
têm sido trabalhados a fim de amenizar os efeitos colaterais.
Os
principais tipos de antidepressivos conforme Cembrowick e Kingham (2003, p. 99
e 100)
- Antidepressivos
tricíclicos (TCAs): são usados também em transtornos fóbicos e
obssessivocompulsivo.
São eles: amitriptilina, amoxapina, doxepina, nortriptilina etc. - Inibidores
seletivos da recaptação da serotonina (SSRIs): podem causar náuseas e
aumentar os sintomas de ansiedade.
São eles: citalopram, sertralina, paroxetina fluoxetina etc. - Inibidores
da monoaminoxidase (IMAOs): são os primeiros que foram desenvolvidos e
ainda são muito eficazes.
São eles: fenelzina, moclobemida, tranilcipromina.
E
ainda existem os inibidores seletivos da recaptação da noradrenalina (NARIs),
os antidepressivos seletivos da noradrenalina e serotonina (NASSAs) e os
antagonistas da 5-hidroxitriptamina (5-HT).
1.5.2 Remédios Naturais:
Os
psicofármacos não substituem a necessidade de seguir uma dieta saudável e de
abster de qualquer tipo de droga, por agredirem ainda mais o sistema nervoso,
bem como a prática de exercícios físicos que tem se mostrado eficaz.
Em
geral as pessoas deprimidas tendem a consumir os doces e gorduras saturadas, e
estes podem agravar ainda mais o quadro depressivo. Por isso torna-se de suma
importância durante o processo de tratamento utilizar-se de alguns alimentos
que são benéficos para o processo de restauração.
Conforme
Ferrer (2009) os alimentos apropriados para depressão são: Aveia, Gérmem de
trigo, Grão-de-bico, Amêndoa nozes, Castanha de caju, Vitaminas B1, B6 e C que
atuam diretamente no sistema nervoso estabilizando-o e outros. Os
alimentos que devem ser reduzidos ou eliminados são: Bolos, Chocolates, Açúcar
branco, Bebidas estimulantes (café, chá preto, bebidas alcoólicas e outros).
Há
estudos que mostram o efeito positivo de alguns remédios fitoterápicos como o
hibérnico, erva de são – João e tília.
1.5.3 Psicoterapia:
Os
medicamentos antidepressivos aliviam os sintomas da depressão, no entanto não
curam a doença. As eliminações dos agentes que causam o estresse e a mudança de
atitude e conduta através da ajuda psicoterápica podem contribuir para a cura
até o ponto de os medicamentos não serem mais necessários.
Psicoterapia
é o tratamento através da fala, existem varias abordagens que trabalham de
formas diferentes, mas a que, conforme estudos, trás mais resultados é a
cognitivo comportamental, por enfocar um ou dois sintomas, assim os resultados
são mais facilmente avaliados (CEMBROWICK E KINGHAM, 2003, p. 116). Na
psicoterapia em geral, a taxa de recuperação após o tratamento é de 65%. A boa
terapia deve sem duvidas acelerar o processo de cura.
Conclusão
A
depressão é uma doença que afeta toda a vida do individuo, tanto psicologicamente
quanto fisicamente, emocionalmente e socialmente. E para o bem, hoje já existem
muitas formas eficazes de tratamento, como os fármacos e a terapia, que são
essenciais no processo de cura, e é claro um estilo de vida saudável, que tanto
pode evitar como ser um agente positivo durante o processo de cura.
Fonte: https://psicologado.com/psicopatologia/transtornos-psiquicos/depressao-o-mal-do-seculo © Psicologado.com
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