26/01/2016
Entre as motivações para a saída dele, está a nomeação de um
coordenador de Saúde Mental que já foi diretor de manicômio e a epidemia de
Zika vírus.
Da Redação
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMCEirPLPpUnHQc0B-z45cej5ubhfovqoNaTwUS_2ltTQLzJrNdvUpRGFEp_NEhbyFu2oQYHJk2_2DDukQcs9MOLmtkSFKMDQWe9q0vkrVLPHnrT02pnGx6-mJOOvziCBWcUv2s2Tpm-k/s320/MINISTRO+DA+SA%25C3%259ADE.jpg)
Um abaixo-assinado on-line
reúne assinaturas para pedir à presidenta Dilma Rousseff que substitua Marcelo
Castro.
Nas últimas semanas, a
resistência dos movimentos pela reforma psiquiátrica à nomeação de Valencius
Wurch como coordenador da Política de Saúde Mental – que já foi diretor de
manicômio – e a epidemia do Zika vírus no Brasil fizeram crescer as críticas ao
trabalho de Castro no ministério. “Passados poucos meses no comando da Saúde, o
ministro demonstra claramente sua incapacidade técnica e política para exercer
o cargo”, diz a nota da Rede.
Na avaliação dos médicos
populares, “o SUS enfrenta problemas já crônicos de financiamento e gestão –
agravados pela crise econômica que o país atravessa nos últimos anos”, e agora
encara um ministro que “representa o atraso na política pública de saúde, tão
arduamente conquistada pelo povo brasileiro na Constituição de 1988”.
Segue a nota da íntegra:
Nota pública
Pela destituição do Ministro da Saúde Marcelo Castro!
Nós, profissionais de saúde,
cidadãos e cidadãs abaixo-assinados, viemos por meio desta carta solicitar a
imediata destituição do ministro da Saúde, o senhor Marcelo Castro. Desde que
assumiu o comando de uma das pastas de maior importância da área social, muitos
já sabiam de sua baixa capacidade técnica para ocupar o cargo e que o
ministério foi utilizado como moeda de troca nas negociações entre governo e
parlamento. Este fato não passou despercebido e várias entidades e movimentos
da área da saúde denunciaram as possíveis consequências deste ato.
Passados poucos meses no
comando da Saúde, o ministro demonstra claramente sua incapacidade técnica e
política para exercer o cargo. Um dos maiores erros foi com a nomeação do
coordenador da Política de Saúde Mental, Valencius Wurch. O médico é conhecido
na comunidade médica como defensor das instituições totais nos cuidados
psiquiátricos – os antigos manicômios – e representa um retrocesso de décadas
nas políticas públicas na área de saúde mental. A indicação dele foi criticada
por centenas de acadêmicos, movimentos sociais e milhares de trabalhadores e
usuários de saúde no país, resultando numa imensa caravana à Brasília, ocupação
do Ministério da Saúde e vários atos públicos nos estados pedindo seu
afastamento. Sabe-se que Valencius foi indicação própria do ministro da Saúde,
que tem fortes relações com o campo mais atrasado da comunidade científica da
área de saúde mental.
Recentemente, com a epidemia
do Zika vírus o senhor Marcelo Castro vem colecionando fatos a cada dia que nos
deixam estarrecidos. Primeiro com sua – agora célebre – frase de que iria
“torcer para que as mulheres se infectem com o Zika antes de engravidar” e
depois com a sua declaração de que o Brasil está perdendo a batalha contra o
vírus, demonstrando sua total falta de comando e conhecimento para liderar a
Saúde de nosso País. Não é possível que diante de uma das mais graves epidemias
que acomete o Povo Brasileiro seja esta a resposta do representante do governo.
O SUS enfrenta problemas já
crônicos de financiamento e gestão – agravados pela crise econômica que o país
atravessa nos últimos anos –, crescente precarização dos serviços públicos,
privatização, escândalos envolvendo as organizações sociais em vários estados
que tem ocasionado demissões em massa de trabalhadores de saúde, falta de
medicamentos e tantos outros problemas que não caberiam nesta nota, para ter
que lidar com o fato de ter um Ministro que representa o atraso na política
pública de saúde, tão arduamente conquistada pelo povo brasileiro na
Constituição de 1988.
Este é o resultado de
envolver as políticas sociais em trocas fisiológicas em nome da
governabilidade. Vários movimentos alertaram à Presidenta Dilma Rousseff sobre
isto, mas a escolha foi de rifar a saúde, entregar para quem não tem
compromisso com a Saúde do Povo Brasileiro.
Diante disso, exigimos que a
Presidenta Dilma Rousseff destitua do cargo o atual Ministro da Saúde e nomeie
um quadro com capacidade técnica e política para lidar com uma das maiores
crises que passamos na saúde dos brasileiros e das brasileiras em várias
décadas, que seja comprometido/a com o Sistema Público integral, equânime e
universal e que deixe as práticas atrasadas e autoritárias de saúde mental num
lugar de onde elas não devem sair jamais: nos livros de história, apenas para
nos lembrar do que nunca mais repetir!
Crédito da foto: José Cruz/Agência Brasil
http://saude-popular.org/?p=2498
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