Fundamentos
da Terapia Ocupacional
Inicialmente percebemos uma exposição em
Hagedorn cap 2, p. 2 ( Fundamentos Teóricos da Terapia Ocupacional: Influencias
Externas ) que fala sobre a credibilidade da visão científica da teoria.
Berenice em sua análise, p. 20, diz que
“as teorias e as práticas terapêuticas ocupacionais
foram absorvendo as filosofias e as ideologias das diferentes épocas e se transformando”,
dessa forma, temos diferentes modelos
teórico-práticos de terapia ocupacional.
A Hagedorn fala sobre as influencias
externas e como elas são geradas através do ambiente da prática; a exemplo
disso temos: os fatores físicos, sociais, culturais, filosóficos, políticos e
econômicos, p. 4. Quando Berenice nas páginas 24 a 27 fala sobre Atividade
Humana X Recursos Terapêuticos, muito em particular ao tratar o item 3 (ATIVIDADE =
EXERCÍCIO ), ela cita que nova corrente científica denominada reducionismo faz
mudanças no decorrer dos anos 40 e 50. Esta influência na saúde criou um modelo
médico centrado nos princípios da bioquímica e da biofísica e com a perspectiva
psicanalítica da psiquiatria. ‘A visão do homem era, literalmente, aquela que
poderia ser vista através do microscópio, ou pelo escrutínio de mecanismos
internos que tinham lugar no divã do analista’ (KIELHOFNER e BURKE, 1977, p.
16). Com isto, a terapia ocupacional, foi acusada de não confrontar-se com as
patologias:
... o modelo da ocupação que aplicava seus princípios ao comportamento
desordenado apenas com base no senso comum não era científico (WILLIARD e SPACKMAN,
1973, p. 152).
Os terapeutas ocupacionais
tiveram que resolver esta questão de sobrevivência da profissão. Em resposta ao
desafio reducionista, foi substituído o treinamento de hábitos pela aplicação
de exercícios. Dessa forma, o valor da terapia ocupacional está na obtenção do
exercício pela atividade. O modelo do homem e adaptando ao meio social, possuidor
de uma natureza ocupacional em sua essência, foi substituído por um modelo
mecânico e progressivo linear. Como a atividade passou a ser igual a exercício,
voltado às partes lesadas do organismo humano, os terapeutas passaram a tratar
patologias, mãos, ombros, articulações, músculos, memória, atenção.
A compreensão do uso da
atividade com o propósito do exercício específico pressupõe que alguns procedimentos
gerais devam ser seguidos, para que se consiga obter sucesso no tratamento. O
primeiro procedimento, básico para configurar cientificamente o uso da
atividade, é a sua análise.
Hagedorn fala sobre o humanismo
filosófico e logo faz uma aproximação da ética profissional, p. 8, mas Berenice se aprofunda na questão do
humanismo retratando as ciências sociais que transformam um ser real em objeto
dilacerando-o em partes, p. 22. Por conta da ciência Berenice critica a perda
do homem completo que foi observado de forma reducionista e deixado de lado na
sua forma holística e faz uma abordagem com o social quando na página 75 diz:
Temos então, que a ideologia do modelo reducionista, se expressa
no plano da ação social. Desta forma, encara os homens como objetos que podem
ser manipulados para adquirir os padrões sociais aceitáveis.
Com esta volta ao social ela
apresenta sua preocupação com a Terapia Ocupacional como agente de
transformação social de acordo com a abordagem materialista histórica constante
na página 8. Hagedorn na página 11 fala sobre o determinismo associado ao
monismo reducionista para fazer-nos entender que as nossas decisões e escolhas
são pré-determinadas pela casualidade, por outro lado, o determinismo
compatível com o dualismo diz respeito à crença que surgi de ideias religiosas
ou filosóficas. Neste particular
Berenice se contrapõe ao determinismo biológico que age como diferenciador das
funções sociais desempenhadas pelos homens, por isto, a terapia ocupacional se propõe
a produzir efeitos de promoção do homem.
Hagedorn coloca o modelo
biopsicossocial como superior ao biomédico e reforça que a incapacidade está
diretamente ligada ao ambiente físico, social, cultural e econômico
caracterizando o modelo social de incapacidade. Na página 16 ela fala sobre a
remoção de barreiras socioeconômicas, estruturais e ambientais que outrora
aumentavam a incapacidade, com isto, o paciente passivo se redefine como
consumidor exigente e seletivo. Apesar
da sua visão crítica ela reconhece que as alterações do modelo biomédico
para o social foram notáveis nos últimos 30 anos, ainda que a Terapia
Ocupacional tenha uma visão mais holística e individualizada. Mas quando
Berenice, p. 64, fala sobre mudança aborda como pano de fundo a sociedade e
verifica duas formas de ação de saúde : a reformista e a revolucionária. A
reformista são puras reformas ou
simplesmente adaptações, mas na revolucionária traz consigo a proposta de
transformação absoluta da estrutura básica das relações sociais. Sendo
assim, sintetiza considerando que o
reformismo não favorecerá a relação saúde/mudança social e a mudança
revolucionária é uma forma de camuflar a preservação do sistema.
Berenice na página 75 faz a
seguinte afirmação:
Tomando a afirmação de Merhy, pode-se constatar que a Saúde sempre
foi política. Como bem disse Moacir Gadotti, "(...) o que precisamos é ter
clareza do projeto político que ela defende, politizando-a." Em síntese,
podemos dizer que a saúde é política porque em sendo a saúde uma instituição
social, suas ações difundem, articuladamente, as ideias políticas e transmitem
os modelos sociais.
Hagedorn, quanto a política,
p. 18, faz menção ao nível da sociedade, as condições políticas e econômicas
como impactantes no fornecimento de cuidado social e à saúde. Neste particular,
como uma contraposição a Berenice diz o seguinte:
A influência destes fatores contextuais é importante e requer
consideração. Os terapeutas têm relutado a isto: a TO tende a ser totalmente
apolítica.
Reginaldo Silva de Lyra
Acadêmico de Terapia Ocupacional
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